Ação pelo clima
Silvonei José - Cidade do Vaticano
Estamos vivendo a semana mundial de ação em prol do clima. Esta semana mundial, que teve início nesta sexta-feira, dia 20, e se encerra na próxima sexta, dia 27, é marcada por manifestações ao redor do mundo, que começaram na Índia, Indonésia, Estados Unidos, Austrália e Tailândia e continuarão envolvendo 150 países em todo o mundo. A iniciativa nasceu em parte com o objetivo de demonstrar a vontade de forte ação por parte dos líderes mundiais, na véspera da cúpula das Nações Unidas na próxima segunda-feira, focada precisamente na criação de soluções práticas para a situação climática. O encontro contará com a presença de chefes de Estado e de governo, mas também de empresários, administradores e ONGs, a quem o secretário geral da ONU, Antonio Guterres, pediu para chegar a Nova York com planos concretos para 2020 e propostas efetivas de redução de gases de efeito estufa, de acordo com os acordos de Paris de 2015.
A emergência climática já não é considerada uma possibilidade pelos peritos, mas sim uma cadeia de acontecimentos já em curso, que exige medidas práticas para detê-la. A principal prioridade é reduzir as emissões de gases que produzem o efeito estufa em 45% nos próximos dez anos, visando a redução total até 2050, como já foi salientado em 2015 em Paris.
A redução desse gases passa por um ponto principal, isto é, a redução drástica da utilização de todos os combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão. Para tal, é necessário investir fortemente nas energias renováveis, cujos custos tecnológicos e eficiência, segundo os especialistas, estão melhorando rapidamente.
Um estudo inglês revelou que, em 2016, os parques eólicos no Reino Unido geraram mais eletricidade do que carvão, demonstrando que podem satisfazer uma boa parte das necessidades energéticas. Outro estudo da Agência Internacional de Energia calculou que o carvão poderia ser substituído pela energia eólica e solar até 2040.
Tivemos nesta sexta-feira a “Sexta-feira pelo futuro” (Fridays for Future), que nasceu na Suécia com o nome de Skolstrejk för klimatet (mais ou menos "greve escolar pelo clima"): é o movimento que mais promoveu a batalha pelo clima e pelo meio ambiente no último ano e meio.
As origens do movimento remontam a 2015, quando um grupo de estudantes independentes convidou alunos de todo o mundo para faltar à escola e manifestar-se na conferência sobre o clima em Paris. O movimento teve então uma grande participação e notoriedade graças aos protestos realizados em 2018 na Suécia pela ativista Greta Thunberg, então 15 anos, focada no pedido ao governo de Estocolmo para respeitar a redução de emissões conforme previsto nos acordos de Paris.
Inspirados na pequena Thunberg, estudantes de muitos países organizaram numerosas greves e manifestações que tiveram um forte impacto em nível político, especialmente no velho continente, onde nas últimas eleições europeias, a coligação dos Verdes apresentou o maior crescimento.
Enfrentar o tema com o apoio de todas as grandes nações é também uma questão de justiça social, porque estes problemas afligem especialmente as regiões mais pobres do mundo, onde a falta de recursos e a desertificação são já uma realidade.
Entretanto, neste período estamos também vivendo o “Tempo da Criação” uma iniciativa ecumênica anual de oração e ação pela criação, que teve início no dia 1º de setembro, Dia Mundial de Oração pelo cuidado da Criação, e se conclui no próximo dia 4 de outubro, festa de São Francisco. Milhares de pessoas envolvidas na celebração e proteção do meio ambiente.
Mais de um mês para abraçar ecumenicamente e trabalhar para proteger a Criação, ameaçada pelo próprio homem.
Mais uma vez vivemos o "O tempo da Criação", durante o qual os cristãos do mundo inteiro se unem em oração e ação para cuidar da casa comum. O tema para 2019 é: "A rede da vida". A perda de espécies, de fato, está acelerando: um relatório recente das Nações Unidas estima que o estilo de vida atual ameaça extinguir um milhão de espécies.
Uma advertência ainda mais significativa em vista da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-amazônica, de 6 a 27 de outubro, sobre o tema: "Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral".
A questão ecológica revela que o mundo é um só, que os problemas são globais e comuns. Para enfrentar os perigos é, portanto, necessária uma mobilização multilateral, uma convergência, uma colaboração, uma cooperação. "É inconcebível – escreveu o patriarca de Constantinopla Bartolomeu -, que a humanidade esteja consciente da gravidade do problema e que continue a comportar-se como se não o conhecesse.
Só agindo em conjunto poderemos avançar. Todos estes problemas partilham uma solução importante: devemos empreender a "conversão ecológica" requerida por São João Paulo II e que o Papa Francisco expandiu na Laudato Si.
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