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O Catecismo, a partir dos n¨²meros 1345 presenta uma explica??o mais detalhada dos aspectos pr¨®prios dessa liturgia dos prim¨®rdios, do s¨¦culo II. O Catecismo, a partir dos n¨²meros 1345 presenta uma explica??o mais detalhada dos aspectos pr¨®prios dessa liturgia dos prim¨®rdios, do s¨¦culo II. 

A import?ncia da an¨¢fora desde os primeiros s¨¦culos

Na etimologia de an¨¢fora (do grego ?¦Í¦Á¦Õ¦Ï¦Ñ?) h¨¢ o duplo significado de an¨²ncio, dar not¨ªcia a uma personalidade e a de uma oferta elevada em benef¨ªcio da comunidade. Assim, a an¨¢fora ¨¦ a a??o da oferta eucar¨ªstica; a f¨®rmula usada na a??o eucar¨ªstica; a mat¨¦ria oferecida na Eucaristia; o v¨¦u lit¨²rgico que cobre as esp¨¦cies eucar¨ªsticas. Destes quatro significados, o mais comumente usado na linguagem lit¨²rgica ¨¦ o segundo, que designa a prece sacerdotal eucar¨ªstica.

Jackson Erpen ¨C Cidade do Vaticano

No nosso espaço Memória Histórica ¨C 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos falar hoje sobre ¡°a importância da anáfora desde os primeiros séculos.¡±

Dando sequência aos nossos programas sobre a Celebração Eucarística nos primeiros séculos do cristianismo e o desenvolvimento da Liturgia, padre Gerson Schmidt nos trás hoje uma reflexão sobre as ¡°anáforas¡±.

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Se buscarmos o significado de ¡°anáfora¡± em uma obra que trata de liturgia ou de patrística, veremos que o termo designa a grande Oração Eucarística. Nas fórmulas eucarísticas da Igreja Sírio-ocidental, por exemplo,  é chamada de anáfora aquela parte que vai da oferta da paz até a Comunhão (cerca de 70 anáforas). Já a Igreja etíope, de particular e eclética tradição, designa toda a liturgia eucarística com anáfora. Em outras Igrejas, a anáfora vai desde a oferta da paz até a doxologia final da própria Oração Eucarística".

Etimologicamente, "anafora" deriva do verbo grego "ana-phero", que significa elevar, enviar para o alto, oferecer. O prefixo "ana-" enfatiza fortemente que a oração é enviada para cima ou elevada a Deus. "Anáfora", portanto, é praticamente sinônimo de prosfora, e serve para designar a oferta da Oração Eucarística.

A Oração Eucarística começa com a declaração de que é bom dar graças a Deus, e termina com a doxologia final que proclama a glória do Pai, formulada segundo a fé trinitária: Per ipsum et cum ipso et in ipso est tibi Deo Patri omnipotenti in unitate Spiritus sancti omnis honor et gloria per omnia saecula saeculorum; os fiéis repondem Amen . Este é um critério descritivo, que serve para identificar a Oração Eucarística e é, a grosso modo, válido para as várias famílias litúrgicas, não obstante as diferenças profundas existentes entre elas.

Mas quem nos trás mais detalhes, é padre Gerson Schmidt:

¡°Queremos nesse espaço reforçar a importância das anáforas, ou seja, as variadas preces eucarísticas que temos hoje disponível na Liturgia, que é uma riqueza muito grande. Vimos aqui, na apologia escrita feita por São Justino, a mais antiga que temos, que desde a Igreja primitiva, a Prece ou oração Eucarística fazia parte da Eucaristia celebrada pelos primeiros cristãos. O Catecismo, a partir dos números 1345 presenta uma explicação mais detalhada dos aspectos próprios dessa liturgia dos primórdios, do século II.

 

Diz assim o texto de São Justino: ¡±Quando as orações terminaram, saudamo-nos uns aos outros com um ósculo. Em seguida, leva-se àquele que preside aos irmãos pão e um cálice de água e de vinho misturados. Ele (o sacerdote) os toma (as ofertas de pão e vinho) e faz subir louvor e glória ao Pai do universo, no nome do Filho e do Espírito Santo e rende graças (em grego: eucharístia, que significa 'ação de graças¡¯) longamente pelo fato de termos sido julgados dignos destes dons¡±[1].

Mas também, no século IV em diante, há um esforço enorme de catequizar sobre o mistério da eucaristia, como vemos nas figuras dos santos padres do Ocidente, Santo Ambrósio e Santo Agostinho e o padres do Oriente, como São João Crisóstomo. É um tempo fecundo da formação da belíssimas anáforas do próprio Canon Romano. O enriquecimento do culto, outrossim, contribuiu à formação de ritos diversos tanto no Oriente como no ocidente. Mas este desenvolvimento foi efetuado sempre de maneira orgânica, sem ruptura com a tradição e sem uma intervenção dirigista das autoridades eclesiásticas.

A Liturgia Oriental aqui traz a liturgia romano um contributo muito grande, a riqueza das variadas e expressivas anáforas ¨C as mais belas e abundantes preces eucarísticas que hoje também temos disponíveis na Liturgia Romana.  A Igreja oriental houve, na caminhada histórica, a produção de mais de 70 anáforas disponíveis aos sacerdotes na presidência da Eucaristia.

A pluralidade das Orações Eucarísticas representa uma novidade na história do Rito Romano e nela se pode constatar uma aproximação à prática litúrgica das Igreja ortodoxas. Contudo, o fato de que a Oração Eucarística II, a mais breve e talvez a mais pobre, se tenha tornado padrão para os domingos, substituindo quase totalmente o Cânon Romano, não corresponde ao princípio do desenvolvimento orgânico da liturgia[2].

Na prática, vemos que os sacerdotes optam pela Oração Eucarística II por ser a mais curta, haja vista a quantidade de missas que se tem pela frente no fim de semana, também porque as respostas dessa prece eucarística são mais conhecidas pelo povo, o que acaba empobrecendo a riqueza e variedade que temos das anáforas e preces eucarísticas do Missal, devidamente aprovadas pela Santa Sé.

O Catecismo da Igreja Católica, no número 1352, nos fala sobre a anáfora e diz assim: ¡°Com a Oração Eucarística, oração de ação de graças e de consagração, chegamos ao coração e ao ápice da celebração. No prefácio, a Igreja rende graças ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo, por todas as suas obras, pela criação, a redenção, a santificação. Toda a comunidade junta-se então a este louvor incessante que a Igreja celeste, os anjos e todos os santos cantam ao Deus três vezes santo¡±.

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[1] Catecismo da Igreja Católica, 1345.

[2] Helmut Hoping, A Constituição Sacrosanctum Concilium. In: As constituições do Vaticano II, Ontem e Hoje, org. Geraldo B. Hackmann e Miguel de Salis Amaral, Edições CNBB, 2015, p. 133. 

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14 agosto 2019, 08:09