Dia das Comunicações 2019. Ruffini: formar rede de modo responsável
Luisa Urbani/Mariangela Jaguraba – Cidade do Vaticano
«“Somos membros uns dos outros” (Ef 4, 25): das comunidades de redes sociais à comunidade humana». Este é o tema escolhido pelo Papa Francisco para o 53º Mundial das Comunicações Sociais sobre o qual foi realizado um encontro diocesano, nesta terça-feira (04/06), a fim de “refletir sobre a importância de viver e criar relações no contexto comunicativo atual”, conforme sublinhou em sua palestra o diretor do Departamento de Comunicações Sociais da Diocese de Roma, pe. Walter Insero. O sacerdote é um dos organizadores do evento patrocinado pelo Dicastério para a Comunicação da Santa Sé, pelo Departamento nacional para as comunicações sociais da Conferência Episcopal Italiana (CEI) e pela Semana da Comunicação.
De comunidades para comunidades
A iniciativa, segundo pe. Walter Insero, nasceu para interrogar-se “sobre como passar do estar em rede ao formar rede, de comunidades a comunidades”, porque a comunicação “deve ser finalizada à cultura do encontro”, disse ele.
Um conceito reiterado pelo prefeito do Dicastério para a Comunicação da Santa Sé, Paolo Ruffini, que sublinhou que a mensagem do Papa Francisco “destaca a importância de redescobrir a unidade entre as pessoas e não o desmembramento”.
A rede como recurso
A internet é um recurso do nosso tempo. É “uma ocasião para promover o encontro com os outros”, destaca a mensagem do Papa.
Perigos internet: das fake news aos “eremitas sociais”
Ao sublinhar a importância da internet, considerada fonte de conhecimento e relações há um tempo impensáveis, o jornalista Aldo Cazzullo, lembrando sempre o texto do Pontífice, recordou os pontos críticos do atual contexto comunicativo porque a rede é também “um dos lugares mais expostos à criação de notícias falsas” e o desenvolvimento de fenômenos como o bullying”. “Um problema que sempre existiu, mas que com a chegada da internet saiu do ambiente escolar e tornou-se viral”, transformando-se em cyberbullying. Dentre os riscos consta também o auto-isolamento pois a rede, como já foi dito, pode se tornar “uma teia capaz de capturar”. Um fenômeno que afeta especialmente os adolescentes que correm o risco de se tornar, como escreveu Francisco em sua mensagem, “eremitas sociais”, afastando-se da sociedade.
Evidenciar os riscos não significa estar contra
Refletir sobre os riscos da internet não significa, como disse Paolo Ruffini, estar contra a tecnologia, mas “redescobrir o sentido verdadeiro desses meios” a fim de entender as suas potencialidades positivas, pois a Igreja “tem também desejo de futuro e não de seguir o passado”.
Responsabilidade comum
A rede é uma realidade variada que apresenta várias questões de caráter ético, social, jurídico, político, econômico e interpela todos nós. A mensagem do Papa Francisco, disse ainda Ruffini, “é dirigida a todos e chama a sociedade a ser responsável no uso dos meios de comunicação”, a estar consciente de que tais instrumentos podem servir “para construir algo melhor”, porque a rede não é imutável, “cabe a nós construí-la diversamente”. Um dos desafios atuais, segundo Ruffini, é o de “pensar que neste mundo as coisas podem mudar e o processo pode começar de nós”.
Da internet à realidade
Portanto, cabe à sociedade favorecer o uso positivo da rede. “A internet não é uma ameaça, mas uma grande oportunidade se for usada com o objetivo de favorecer o encontro em carne e osso”, frisou em seu discurso pe. Marco Frisina, compositor e diretor do Coro da diocese de Roma.
“Se a rede for usada como prolongamento ou como espera de tal encontro, permanece um recurso para a comunhão”, lê-se na mensagem do Papa, que não prende as pessoas, mas as liberta, abrindo caminho para o diálogo.
Prêmio Comunicação e Cultura das Paulinas
No final do encontro, o Prêmio Comunicação e Cultura das Paulinas foi entregue a pe. Marco Frisina. Um reconhecimento que a cada ano, junto com o Dia Mundial, as Edições Paulinas atribuem a associações culturais, operadores de mídia, diretores, jornalistas e àqueles que se destacaram por terem dado a melhor expressão concreta, através de um trabalho ou uma atividade, à mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais.
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