Dom Auza na ONU: sete passos para a promo??o da liberdade religiosa
Andressa Collet ¨C Cidade do Vaticano
O observador permanente da Santa Sé na ONU, em Nova Iorque, dom Bernardito Auza, participou de evento nesta segunda-feira (24) que analisou medidas práticas para o combate ao terrorismo e a outros atos de violência baseados na religião e na crença, com o intuito de promover a cultura da tolerância e da inclusão. Além da Santa Sé, o encontro contou com a colaboração do Escritório das Nações Unidas contra o Terrorismo e das Missões Permanentes do Paquistão e da Turquia.
No discurso, Auza começou citando o ¡°horror dos recentes ataques¡± contra os judeus em Pittsburgh, Poway e Paris; contra os muçulmanos em Christchurch, Queens, Quebec e Londres; contra os cristãos no Sri Lanka, no Sahel e em algumas regiões da Nigéria, do Iraque e da Síria; além de muitos outros casos documentados contra outras crenças religiosas.
¡°O fato de muitos desses atos de violência terem sido perpetrados contra os crentes, quando se reúnem para orar em suas casas de culto, os torna particularmente criminosos: refúgios de paz e serenidade rapidamente se tornam câmaras de execução, enquanto crianças indefesas, homens e mulheres perdem suas vidas simplesmente por se reunirem para praticar sua religião¡±, afirmou Auza.
Sete itens pela promoção à liberdade religiosa
Exortando a responsabilidade da comunidade internacional e dos Estados para proteger a população contra ataques desse tipo, Auza listou sete itens que considera importante:
1. Promover o direito à liberdade de religião, consciência e crença, visto que relatórios internacionais têm confirmado um aumento das violações dos Estados através da legislação: restrição à prática religiosa e à construção de casas de culto e de escolas, além de ¡°atrocidades em massa, assassinatos e estupros cometidos pelo ódio às crenças e religiões das vítimas¡±.
2. Garantir a igualdade de todos os cidadãos perante a lei, independentemente da identidade religiosa ou étnica, ¡°para manter coexistência harmoniosa e frutífera entre indivíduos e comunidades¡±.
3. Uma separação positiva e respeitosa entre religião e Estado, e que seja de colaboração para que não sejam ¡°confundidas¡±.
4. Apelar a líderes políticos, sociais e religiosos ¡°para condenar o uso da religião para incitar o ódio e a violência ou para justificar atos de opressão, exílio, assassinato ou terrorismo¡±. Esse é um dos passos para que, segundo Auza, ¡°as religiões não sejam culpadas pela loucura homicida, mas a culpa permaneça com aqueles que interpretam erroneamente ou manipulam a crença religiosa para cometer o mal, supostamente em nome de Deus, para fins políticos ou ideológicos¡±.
5. Não deixar nenhuma vítima de violência antirreligiosa para trás, inclusive os cristãos. Auza então comentou que, em muitas declarações, tanto de funcionários da ONU, como de líderes mundiais e da imprensa, os ataques contra os cristãos permanecem desconhecidos.
6. Promover um compromisso real com o diálogo intercultural e inter-religioso, apoiado pelos Estados, inclusive aqueles seculares. ¡°A religião não é um problema, mas parte da solução¡±, disse Auza ao parafrasear o Papa Francisco.
7. O sétimo e último ponto descrito pelo observador da Santa Sé é sobre a necessidade de uma educação efetiva: ¡°é essencial que o ensino nas escolas, nos púlpitos e pela internet não fomente a intransigência e a radicalização extremista, mas treine os estudantes ao diálogo, à reverência pela dignidade dos outros, à reconciliação, à justiça e ao respeito pelo estado de direito¡±. Auza acrescentou o quão importante é que a formação ¡°da cabeça e do coração não seja exagerada¡±.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp