Santa S¨¦ na Onu: ¨¦ preciso romper ciclo de viol¨ºncia no Oriente M¨¦dio
Cidade do Vaticano
Se a solução dos ¡°dois Estados¡± deve tornar-se ¡°uma realidade¡±, o ciclo de violência deve ser ¡°interrompido¡± e ambas as partes, israelenses e palestinos, devem abster-se de ¡°ações unilaterais¡± que possam minar tal objetivo.
Foi o que ressaltou o observador permanente da Santa Sé na Onu, Dom Bernardito Auza, em seu pronunciamento esta segunda-feira (29/04) na sede das Nações Unidas, em Nova York, no debate do Conselho de Segurança dedicado à situação no Oriente Médio e à questão palestina.
Quadro sombrio no Oriente Médio
Recordando que o coordenador especial da Onu para o processo de paz no Oriente Médio, Nickolay Mladenov, frequentemente traça um quadro ¡°sombrio¡± da situação na região, ¡°em que as tensões se agravam e onde a violência intercomunitária tem o potencial de inflamar-se a qualquer momento¡±, o representante da Santa Sé traçou um quadro da realidade de Gaza, com uma situação humanitária ¡°desastrosa¡± que ¡°alimenta o desespero entre a população palestina, por vezes manipulada por grupos extremistas que recorrem à violência¡±, evidenciou Dom Auza, destacando, ao mesmo tempo, que aumentam os temores ¡°para a segurança israelense¡±.
¡°De ambas as partes, um número demasiado de civis inocentes pagou o preço do uso da violência e da força¡±, denunciou o observador permanente da Santa Sé.
Unidade essencial
A formação de um novo governo palestino, observou o arcebispo filipino, oferece um raio de esperança¡± em meio às ¡°sombras de desespero¡± que em demasiado tempo caracterizaram o conflito israelo-palestino: a unidade é ¡°essencial¡± para uma Palestina politicamente estável e economicamente sustentável, prosseguiu o prelado.
A esse propósito, a Santa Sé elogia a ¡°esforço incansável dos países vizinhos que organizaram colóquios entre as ¡°várias facções palestinas¡±, facilitando-lhes o diálogo. Esses esforços permanecem importantes para respeitar os ¡°direitos inalienáveis¡± e para realizar as ¡°legítimas aspirações¡± do povo palestino, bem como para alcançar objetivos duradouros de ¡°paz e segurança para Israel¡±, acrescentou Dom Auza.
Não poupar esforços
Naturalmente, observou o núncio apostólico, ¡°os verdadeiros desafios permanecem¡±: a ¡°progressiva fragmentação da terra palestina¡± com o passar do tempo tornará a solução dos dois Estados ¡°mais difícil de se realizar¡±. Mas a dificuldade não significa impossibilidade, evidenciou o representante da Santa Sé.
Cabe às próprias partes, aos atores regionais e ao restante da comunidade internacional realizar ¡°todo esforço¡± e utilizar toda sua persuasão política e diplomática para fazer de modo que tal dificuldade não se torne uma impossibilidade.
Dignidade das crianças nos campos de acolhimento
A Santa Sé agradece àqueles países que aumentaram suas doações à Unrwa, Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina, que tem registrado um ¡°crescimento¡± da procura de seus serviços: esse apoio internacional permite à agência garantir que a população refugiada, ¡°em particular as crianças dos campos de acolhimento¡±, possa viver ¡°com dignidade¡±.
Apelo por Jerusalém
Além disso, Dom Auza ressaltou que as ações voltadas a ¡°mudar a identidade de Jerusalém e seu status quo¡± não dizem respeito somente às já fragilizadas populações que nela habitam, mas têm efeitos ¡°potencialmente danosos¡± sobre a paz e estabilidade na região.
Em seguida, recordou o apelo em favor da Cidade Santa, assinado em Rabat pelo Papa Francisco e pelo rei do Marrocos Muhammad VI, para reiterar a importância de preservar a Cidade Santa de Jerusalém ¡°como patrimônio comum da humanidade, e sobretudo para os fiéis das três religiões monoteístas, como lugar de encontro e símbolo de coexistência pacífica, em que se cultivam o respeito recíproco e o diálogo¡±.
Ademais, observou o núncio, o Pontífice e o soberano manifestaram a esperança de que ¡°sejam garantidos a plena liberdade de acesso aos fiéis das três religiões monoteístas e o direito a cada uma de exercer o próprio culto, de modo que em Jerusalém / Al Qods Acharif se eleve, por parte de seus fiéis, a oração a Deus, Criador de todos, por um futuro de paz e de fraternidade sobre a terra¡±.
Urbi et Orbi
As palavras conclusivas do arcebispo foram dedicadas à Urbi et Orbi do dia de Páscoa, em que o Papa fez votos de que ¡°a luz pascal ilumine todos os governantes e os povos do Oriente Médio, a começar pelos Israelenses e Palestinos, e os impulsione a aliviar tantos sofrimentos e a buscar um futuro de paz e de estabilidade¡±.
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