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Irmã Eugenia Bonetti Irmã Eugenia Bonetti 

Irmã Eugenia: as meditações para restituir dignidade às mulheres escravas

Na Sala de Imprensa da Santa Sé, o encontro com Irmã Eugenia Bonetti que escreveu as meditações para a Via-Sacra da Sexta-feira Santa na Coliseu de Roma. Uma reflexão sobre as mulheres escravas, um chamado à responsabilidade para acabar com o drama de muitas jovens mulheres

Benedetta Capelli - Cidade do Vaticano

Nos olhos claros de Irmã Eugenia Bonetti se entrevê uma paz; a mesma que muitas mulheres pegas nas ruas encontraram graça a ela que as libertou, reconhecendo-as como muitas Verônicas de hoje. No encontro com os jornalistas na Sala de Imprensa da Santa Sé, esta quarta-feira (17/04), a missionária da Consolata contou sua história refletida nas meditações deste ano para a Via-Sacra no Coliseu de Roma na Sexta-feira Santa.

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Todos somos responsáveis

Chamada a essa tarefa pelo presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, cardeal Gianfranco Ravasi, Irmã Eugenia respondeu sim prontamente, “mesmo porque um não – explicou sorrindo – não era contemplado”.

Contou que seu sonho é que no Coliseu, lugar de sofrimentos no passado, hoje se colham as dores de muitas mulheres “sem rosto, sem nome, sem esperança, tratadas unicamente como descartáveis”.

Para Irmã Eugenia todos somos chamados à responsabilidade porque há “lucros enormes nas costas dos pobres, todos ganham, menos eles”, afirmou. “Não é lícito destruir a vida dessas pessoas.”

A missão de Irmã Eugenia nas ruas

Falando sobre si, Irmã Eugenia recordou seus 24 anos no Quênia (costa leste da África) “em meio aos jovens que desejam um futuro”; seu retorno à Itália para um centro de escuta para imigrantes.

“Eu não queria estar ali, meu lugar era na África.” Mas foi o encontro com Maria, uma jovem prostituta, que mudou sua vida. “Minha conversão passa pelo soluço dessa mulher que tinha vindo pedir ajuda, mas eu não tinha tempo para ouvi-la porque a missa estava para começar. Acompanhou-me à igreja, todos me olhavam porque era estranho ver uma freira junto com uma jovem de rua.”

“Enquanto eu rezava ouvi seu pranto, ela tinha saído da missa perdoada, e isso mexeu tanto comigo que à noite não conseguia dormir. O Senhor tinha me indicado o caminho a seguir.” A partir daí seu compromisso a salvar estas mulheres que, muitas delas, chamam-na e a reconhecem como “mãe”.

Mercy e suas companheiras

Em sua fala, Irmã Eugenia conta histórias dolorosas como a de três jovens queimadas por alguns jovens que a bordo de seu automóvel lhe haviam jogado um líquido provocando as queimaduras, ou mesmo, a história de Mercy, de 15 anos, que era sempre obrigada por sua protetora chamada “mãe” a não parar, mesmo quando não resistia diante do sono. “Era jogada na rua como um embrulho – afirma a religiosa – e eu me perguntava se visse sua mãe o que teria sentido.”

Mas entre os fios do desespero há sempre espaço para a Ressurreição como a de uma jovem de 19 anos, grávida há 5 meses, que na menina em seu ventre encontra seu renascimento. “Passado algum tempo, foi batizada na Basílica de São Pedro por João Paulo II, como dom levou a menina ao altar, a maior graça, o fruto da sua redenção.”

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17 abril 2019, 20:14