Proteção dos menores: Igreja empreendeu caminho sem volta
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
Graça e responsabilidade: assim o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Card. Sérgio da Rocha, define o encontro realizado nos dias passados, no Vaticano, para a proteção dos menores na Igreja.
O Papa Francisco convocou os presidentes de todas as Conferências Episcopais para quatro dias de reflexão, escuta e oração – cujo resultado deverá ser visto em breve nas Igrejas locais.
Nós tivemos um tempo de graça e, ao mesmo tempo, de responsabilidade: de graça porque sentimos a presença de Deus durante esses dias, de modo especial na presença, na orientação dada pelo próprio Papa Francisco. Mas também o clima muito respeitoso, muito cordial, de muito diálogo entre nós e de reflexão profunda sobre os problemas que têm ocorrido, mas também de busca sincera de superação dos abusos, seja no interior da Igreja, seja na sociedade. Nós queremos cada vez mais dar atenção à proteção dos menores no interior da Igreja, no interior da comunidade eclesial, mas como o próprio Santo Padre nos ajudou a ampliar a reflexão, queremos também ajudar o conjunto da sociedade a ser responsável, corresponsável pela superação de qualquer forma de abuso, especialmente dos abusos sexuais em relação aos menores. Eu creio que nós tivemos nesses dias um tempo de especial de reflexão, de convivência muito respeitosa, mas também de busca sincera dos passos que devem ser dados. O próprio Papa já indicou muito bem a atitude firme, corajosa que devemos todos ter em relação a esse tema e agora, é claro, cabe a cada bispo na sua diocese, e na medida do possível também à Conferência Episcopal, ajudar a encontrar caminhos para que a Igreja seja cada vez mais um lugar seguro e acolhedor para todos, especialmente para os menores.
O encontro no Vaticano foi organizado pela Comissão Pontifícia de Proteção dos Menores, que tem um único membro brasileiro: Nelson Giovanelli Rosendo dos Santos, da Fazenda da Esperança. Para Nelson, a Igreja acaba de empreender um caminho de transparência sem volta:
Absolutamente sem volta, porque não se pode admitir, como o Papa Francisco já explicou, falou várias vezes, que um tipo de crime desse possa acontecer. Quando ele acontece no âmbito familiar ou em qualquer outro setor civil, tem um impacto, mas quando acontece por parte de um membro da Igreja, o impacto é muito mais poderoso porque a imagem de um representante da Igreja ela é a imagem do próprio Deus, que ao cometer um delito desse provoca um estrago que é impressionante, porque fere frontalmente a esperança que o povo deposita naquele que foi chamado a ser representante de Cristo aqui na Terra.
Então o Papa explicando isso, pedindo inclusive perdão muitas vezes em nome da Igreja quando ele se encontrou com as vítimas, está reforçando e fortalecendo sempre mais essa ideia: isto é, não se pode tolerar. Que o homem por sua natureza humana, pecadora, é suscetível a essa queda, todos nós sabemos, mas na questão de alguém que foi chamado por Deus a representá-lo aqui na Terra, isso deve ser evitado a todo o custo, sob pena de que a missão da Igreja possa ser comprometida no sentido de passar a esperança de Cristo aos homens.
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