Dom Ayuso: visita do Papa aos Emirados Árabes, viagem histórica
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco realizou de 3 a 5 de fevereiro uma visita histórica aos Emirados Árabes Unidos, onde participou, a convite do xeique Mohammed bin Zayed Al Nahyan, príncipe herdeiro de Abu Dhabi, do Encontro Inter-religioso Internacional sobre a “Fraternidade Humana”.
No encontro foi assinada uma Declaração conjunta entre a Igreja católica e a Universidade de Al Azhar. Signatários, o Papa e o Grão Imame Al-Tayyib. O documento é considerado uma importante etapa alcançada para o diálogo inter-religioso. Tratou-se da 27ª viagem apostólica internacional de Francisco, a primeira de um Pontífice à península arábica.
Entrevistado pelo Pope - Rádio Vaticano (RV), o secretário do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Dom Miguel Ángel Ayuso Guixot, nos diz como viu esta viagem do Papa aos Emirados Árabes:
Dom Ayuso:- “Vi o Santo Padre como ‘portador de paz’, retomando as palavras do lema da viagem: ‘Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz’. Gostaria de ressaltar o caráter inter-religioso e pastoral desta viagem apostólica que pode, sem dúvida, ser definida uma viagem histórica. Ressoam ainda em nossas mentes e em nossos corações o convite ao diálogo inter-religioso mediante a ‘Fraternidade Humana pela Paz Mundial e a Convivência Comum’, e, ademais, o testemunho de ter tornado visível uma comunidade cristã a caminho que em torno a Seu Pastor participou da Eucaristia em lugar público. Por conseguinte, agradecemos ao Santo Padre porque nos recorda que somos chamados a realizar aquilo que é, hoje e em todo lugar, fortemente necessário para o nosso mundo, ou seja, o diálogo inter-religioso e o testemunho de vida cristã sempre no centro de sua viagem apostólica.”
RV: Uma viagem que no futuro deverá trazer consequências...
Dom Ayuso:- “Com certeza. Faço votos de que esta viagem e o grande gesto feito pelo Santo Padre junto com tantos outros altos representantes das várias comunidades religiosas, e particularmente do Grão Imame de Al- Azhar, possa encontrar ressonância da parte de todos aqueles que são prepostos nos vários âmbitos da vida social e civil. Espero que a mensagem deles de fraternidade seja acolhida por parte da comunidade internacional para o bem de toda a família humana que deve passar da simples tolerância à verdadeira convivência (viver com) e à coexistência pacífica. Agora é importante que as autoridades, as comunidades, os grupos, e os indivíduos se façam portadores da Declaração de Fraternidade transmitida, a fim de que seu conteúdo possa ser vivido e proposto a todas as pessoas de boa vontade. Desse ponto de vista, vejo como secretário do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso que esta Declaração mostra com clareza a ‘roadmap’ (mapa do caminho) do diálogo para o futuro.”
RV: E o que se pretende adotar para percorrer este caminho?
Dom Ayuso:- “A Declaração indica isso com clareza, mediante a cultura do diálogo, a colaboração comum e o conhecimento recíproco, que permanecem sendo o caminho, a conduta e o método ou critério a fim de que a fraternidade universal em vista da paz se torne uma realidade. Daí, a necessidade de tornar a Declaração conhecida. Na audiência geral desta quarta-feira o Santo Padre pediu que a Declaração seja lida e conhecida porque dá um grande impulso para seguir adiante no diálogo sobre a fraternidade humana. Estou certo de que esta breve, mas significativa visita apostólica à península arábica trará bons frutos para curar a nossa humanidade ferida. Temos muito o que refazer, reconstruir e sanar novamente... Como secretário do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso faço um veemente apelo a fim de que a Declaração sobre a Fraternidade Humana seja conhecida, partilhada e difundida nas redes sociais e nos canais de comunicação. Esta é a vontade do Santo Padre, expressa a nosso Dicastério. Ao mesmo tempo prosseguimos o caminho do diálogo inter-religioso em vista da paz. Gostaria de evocar um método de aprendizagem de língua árabe elaborado pelo padre jesuíta Roland Meynet S.J., junto a outros autores, intitulado ‘Do Golfo ao Oceano’, para evocar a importância do diálogo inter-religioso que após esta histórica visita a Abu Dhabi, já olhamos, desde então, para o Oceano Atlântico e para a próxima visita apostólica que o Santo Padre realizará ao Reino do Marrocos nos dias 30 e 31 de março próximo.”
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