Dom Scicluna: daremos nossa vida para proteger os menores
Jane Nogara ¨C Cidade do Vaticano
Dom Charles J. Scicluna, membro da comissão organizadora do Encontro sobre a Proteção dos Menores na Igreja foi o segundo bispo a discursar na manhã desta quinta-feira (21/02).
O prelado iniciou afirmando que ¡°O modo com o qual nós Bispos exercemos o nosso ministério a serviço da justiça nas nossas comunidades é uma das provas fundamentais da nossa co-responsabilidade e, de fato, da nossa f顱. Em seguida citou os pontos sobre os quais falaria no seu discurso ¡°repercorrer as principais fases dos processos dos casos individuais de abusos sexuais contra menores por parte de membros do clero com algumas sugestões práticas, ditadas pela prudência, pelas boas práticas e a preocupação primária pela proteção da inocência das nossas crianças e dos nossos jovens.
Denúncia de atos de má conduta sexual
¡°A primeira fase é a denúncia de atos de má conduta sexual¡±, disse Scicluna reiterando que ¡°é essencial que a comunidade seja informada do fato de que tem o direito e o dever de denunciar os atos de má conduta sexual a uma pessoa de referência na diocese ou na Ordem Religiosa¡±. E tais atos, disse o bispo ¡°devem ser de domínio público¡±. É aconselhável que na eventualidade um caso de má conduta seja referido diretamente ao Bispo ou ao Superior, e que estes levem as informações ao interlocutor designado¡±.
Em seguida Scicluna entrou em detalhes sobre os procedimentos na dinâmica de denúncias de atos de má conduta sexual, observando que ¡°Enfrentar os casos que se apresentam em um contexto sinodal ou colegial dará a força necessária aos bispos para alcançar de modo pastoral as vítimas, os sacerdotes acusados, a comunidade dos fiéis e até mesmo a sociedade em geral".
Investigação nos casos de má conduta sexual
¡°Os resultados da investigação sobre a má conduta sexual do clero com menores de 18 anos deve ser referido à Congregação para a Doutrina da F顱 (CDF), disse Scicluna. Isso em base ao Motu próprio Sacramentorum Sanctitatis tutela. O bispo aconselha fortemente a seguir o caso com a CDF. ¡°A CDF considera seriamente o conselho do Bispo e está sempre disponível para discutir todos os casos com as autoridades competentes.
Processo Penal Canônico
¡°Na maior parte dos casos referidos à CDF, a Santa Sé autoriza um processo penal canônico¡± explica e ¡°a maior parte dos processos penais canônicos são do tipo extra-judiciário ou administrativo¡±. Em ambos os casos o Ordinário tem o dever de nomear Delegados e Peritos ou Juízes e Promotores de Justiça que sejam prudentes, qualificados e renomados. Scicluna continua dizendo que ¡°o apoio pastoral do Ordinário dará mais importância ao papel da vítima do processo de abuso sexual¡±, pois nos procedimentos canônicos, assim como se apresentam hoje, é limitado¡±.
Confronto com a jurisdição dos Estados
Segundo o bispo, é essencial e oportuno o confronto com a jurisdição do Estado. ¡°Estamos falando de má conduta que é crime em todas as jurisdições dos Estados¡± ¨C recordou Scicluna - as competências das autoridades estatais deveriam ser respeitadas. As normas que regulamentam a comunicação das denúncias deveriam ser seguidas atentamente, deste modo um espírito de colaboração beneficiará tanto a Igreja como a sociedade em geral¡±.
Aplicação das medidas canônicas
Scicluna fala com muita decisão neste ponto: ¡°O Bispo e o Superior Religioso têm o dever de vigiar a aplicação e a execução das legítimas consequências dos procedimentos penais. Depois de falar sobre os procedimentos processuais diz: ¡°A sentença que estabelece a culpabilidade do acusado e a pena determinada devem ser aplicadas sem protelação. E as sentenças que estabelecem a inocência do acusado devem ser divulgadas publicamente¡±. O bispo falou também da importância da assistência sucessiva nos casos de sacerdotes acusados injustamente.
Prevenção do abuso sexual
Um dos pontos essenciais da prevenção, diz Scicluna, ¡°é a questão da escolha dos futuros candidatos¡± ao sacerdócio. O prelado aconselha o estudo e a aplicação dos recentes documentos da Congregação para o Clero sobre os programas de formação, citando a Ratio Fundamentalis (8 de dezembro de 2016).
O bispo explicou ¡°Uma justa e equilibrada compreensão das exigências do celibato sacerdotal e da castidade deveriam ser sustentadas por uma profunda e saudável formação à liberdade humana e a uma saudável doutrina moral¡±.
Recordou em seguida alguns exemplos de boas práticas em várias países cujas comunidades paroquiais receberam uma formação específica em matéria de prevenção¡±.
¡°A comunidade de fiéis deve saber que estamos trabalhando seriamente ¨C prosseguiu o bispos ¨C devemos ser conhecidos como paladinos da segurança dos fiéis, de seus filhos e dos jovens. Envolveremos todos com franqueza e humildade. Nós os protegeremos a todo custo. Daremos nossa vida pelo rebanho que nos foi confiado.
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