Dom Semeraro: reforma da Cúria em um momento importante
Giada Aquilino, Silvonei José - Cidade do Vaticano
O “caminho” da reforma para uma "transformação missionária" de toda a Igreja chegou "a um importante ponto de virada". Com essas palavras, na Lectio magistralis na Pontifícia Universidade Lateranense de Roma para a criação do ciclo de estudos em Ciências da Paz, Dom Marcello Semeraro, bispo de Albano e secretário do Conselho dos Cardeais, ilustrou nesta segunda-feira (12/11) o esboço da nova Constituição Apostólica cujo título provisório, após 5 anos de trabalho do Conselho dos Cardeais, é Praedicate evangelium. Fundamental a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium de Francisco, na qual o Papa "escreve de sonhar uma opção missionária capaz de transformar todas as coisas", para que também as estruturas eclesiais "tornem-se um canal adequado para a evangelização do mundo de hoje, mais do que para a 'autopreservação': portanto, "o anúncio do Evangelho e o espírito missionário", destacou o bispo, serão a "perspectiva" da atividade de "toda a Igreja". Agora é "previsível", acrescentou Dom Semeraro, que se prossiga com uma consulta sobre o "texto-proposta" do Conselho dos Cardeais, precisamente como ocorreu com a Pastor Bonus de São João Paulo II.
Os critérios orientadores da reforma
Recordando o compromisso do Pontífice em acompanhar "o trabalho do Conselho dos Cardeais não só com a sua presença em todas as sessões de trabalho, mas também orientar especialmente através das suas intervenções", o bispo de Albano recordou os critérios de orientação da reforma, listados por Francisco. A "subsidiariedade", que "deve servir de apoio aos membros do corpo social e nunca destruí-los e absorvê-los". A "descentralização", porque a Cúria Romana não é apenas "instrumento a serviço" do Papa, mas também instrumento de "serviço" para as Igrejas particulares, enquanto uma centralização excessiva – lê-se na Evangelii Gaudium - "em vez de ajudar complica a vida da Igreja e a sua dinâmica missionária". A "gradualidade", que envolve etapas, verificações, correções, experimentações, aprovações adicionais: não se trata, portanto, de "indecisões", mas de "flexibilidade necessária" para poder realizar "uma verdadeira reforma" e "não se pode excluir" que este critério "permaneça também após a promulgação feita". A "tradição", que é o princípio da fidelidade à história e da continuidade com o passado: seria "enganador" pensar a uma reforma que "deforme todo a estrutura curial", disse o secretário do Conselho dos Cardeais. Assim, a '' inovação', da qual é exemplo o Dicastério para a Comunicação, que tem na direção desejada pelo Pontífice “um leigo”, Paolo Ruffini, nomeado Prefeito: "decisão não improvisada pelo Papa - disse Dom Semeraro -, mas especialmente estuda". Finalmente, a "concentração", entendida como "simplificação", com a unificação dos precedentes Pontifícios Conselhos em alguns Dicastérios.
A orientação do Espírito Santo
Trata-se, portanto, de trabalhar "a longo prazo, sem a obsessão por resultados imediatos", explicou Dom Semeraro, em um processo feito de "fidelidade ao essencial, com contínuo discernimento", mas também com "passos adiante" e - quando necessário - "para trás", sob a orientação "segura" do Espírito Santo. A reforma, concluiu, não termina "no enésimo plano" de mudar as estruturas, mas significa "engajar-se e enraizar-se em Cristo", apontando para uma "Igreja em saída missionária", composta de estruturas "todas mais missionárias", com uma pastoral "mais expansiva", "aberta", também essa “em saída”.
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