Card. Cupich: encontro de fevereiro seja resposta forte a abusos
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco está buscando “o envolvimento pleno da Igreja global na asseguração da proteção das crianças do mundo inteiro dos abusos sexuais por parte do clero”: foi o que afirmou, numa entrevista a Cruz Now, o arcebispo de Chigaco, cardeal Blase Joseph Cupich, nomeado membro do Comitê organizador do encontro “A proteção dos menores na Igreja”, convocado pelo Santo Padre para realizar-se no Vaticano de 21 a 24 de fevereiro de 2019.
Participantes do encontro mundial contra abusos
Participarão do encontro os presidentes das Conferências episcopais do mundo inteiro, os chefes das Igrejas católicas orientais e os superiores de alguns Dicastérios vaticanos (Secretaria de Estado, Doutrina da Fé, Igrejas Orientais, Congregação para os Bispos, Clero, Vida Consagrada, Evangelização dos Povos e Leigos-Família-Vida), bem como representantes dos religiosos e das religiosas do mundo inteiro.
Outros membros do Comitê organizador
Além do cardeal Cupich, outros membros do Comitê organizador são: o arcebispo de Bombay e presidente da Conferência Episcopal da Índia, cardeal Oswald Gracias; o arcebispo de Malta e secretário adjunto da Congregação para a Doutrina da Fé, Dom Charles Scicluna; o presidente do Centro para a Proteção dos Menores da Pontifícia Universidade Gregoriana, membro da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores e nomeado pessoa de contato do próprio Comitê, o jesuíta Pe. Hans Zollner.
Nos trabalhos preparatórios do encontro estarão envolvidos, entre outros, a subsecretária para a Seção Vida, Dra. Gabriella Gambino; a subsecretária para a Seção Fiéis Leigos, do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, Dra. Linda Ghisoni; a Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores e algumas vítimas de abusos por parte do clero.
Numa entrevista a Crux Now, do mês passado, o cardeal Gracias afirmara que este encontro “não pode ser cosmético” (superficial), porque “ou terá bom êxito ou será um desastre para a Igreja”.
Proteção das crianças, prioridade da Igreja
Por sua vez, o cardeal Cupich afirmou que o Papa “demonstrou reiteradas vezes considerar a proteção das crianças e o acompanhamento daqueles que sofreram abusos uma prioridade de todo o povo de Deus e central para a nossa missão”.
Uma questão global
Recordando o comovente encontro de Francisco com algumas vítimas de abusos durante sua visita aos EUA em setembro de 2015, o arcebispo de Chicago disse que “o Santo Padre compreende bem nosso sofrimento” nos EUA, mas quer que o encontro de fevereiro trate a questão tendo em vista a Igreja como um todo.
“Convocando um encontro global, compreende que esta é uma questão global e quer reforçar nosso compromisso comum como Igreja para estabelecer a reatividade, responsabilidade e transparência”, em particular para os bispos. O Papa busca tanto uma compreensão global dos falimentos do passado, quanto soluções globais para o futuro, afirmou o purpurado estadunidense.
Assumir a responsabilidade pelos falimentos
“Isso significa, em primeiro lugar, assegurar-se que todos os dirigentes da Igreja tenham uma compreensão plena e direta do impacto do abuso sexual clerical sobre as vítimas” e significa também “assumir a total responsabilidade dos nossos falimentos, a fim de garantir que não se repitam. Naturalmente, assegurar que não se repitam exigirá que todos os níveis da Igreja assumam a responsabilidade, local, regional, nacional e universal”, acrescentou.
É preciso uma mudança de cultura
O purpurado disse ter consciência de que os católicos do mundo inteiro esperam resultados concretos do encontro, mas ressaltou que para enfrentar plenamente a questão do abuso sexual será preciso uma profunda transformação.
“O Papa Francisco pede uma mudança de cultura, ou seja, uma reforma da nossa abordagem ao ministério, porque além de ser um crime, o abuso sexual contra menores por parte de clérigos diz respeito à corrupção do nosso ministério. Este é o motivo porque este encontro deve ser entendido como parte de um compromisso de reforma de longo alcance”, porque “um único encontro não resolverá todos os problemas”.
Início de um processo que envolve a Igreja inteira
Por isso, o encontro de fevereiro deve ser visto como o início de um processo que exigirá a participação da Igreja no mundo inteiro e não somente iniciativas centralizadas em Roma: “Este encontro é o início de uma reforma mundial que terá necessidade de ser contínua e comportará um processo de iniciativas em nível regional, nacional e diocesano”, concluiu.
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