Em coletiva no Vaticano, Dom Jaime Spengler destaca problema das drogas no Brasil
Amedeo Lomonaco - Cidade do Vaticano
"Como Igreja estamos acostumados a uma linguagem tradicional", mas hoje "é preciso encontrar uma outra linguagem que seja compreensível para os jovens". Foi o que defendeu o cardeal Louis Raphael I Sako, patriarca de Babilônia dos Caldeus e líder do Sínodo da Igreja Caldeia, ao falar na coletiva de imprensa na Sala de Imprensa da Santa Sé.
O Sínodo é uma escola
O Sínodo - observou o cardeal Sako - é uma escola onde aprendemos muito e os Círculos Menores são, em particular, uma extraordinária experiência de diálogo que "ajudará a mudar a pastoral."
"O Sínodo - explicou ainda - não é um parlamento político". "É importante o que trazemos aos nossos jovens", ouvindo suas esperanças e medos. "A Igreja - declarou ele - saiu do palácio, está muito mais próxima e solidária com o mundo".
Ajude os cristãos a permanecer no Oriente Médio
Referindo-se à guerra na Síria, o patriarca de Babilônia dos Caldeus enfatizou que "é preciso encorajar os cristãos a permanecer no lugar, ajudá-los a ter um emprego e a reparar suas casas". O governo americano, acrescentou, até agora fez promessas, anúncios.
Como exemplo de progresso no diálogo entre cristãos e muçulmanos, o cardeal Sako também recordou que nos últimos anos "nas mesquitas, na sexta-feira, havia um discurso contra os cristãos e judeus". "Agora é uma coisa rara".
O Sínodo é um manual para a vida
O cardeal Peter Turkson, prefeito da Congregação para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, ressaltou que cada criança tem necessidade de "um manual para a vida", para que possa encontrar o seu próprio lugar na sociedade. "O Sínodo – disse o purpurado ganês - faz parte de um trabalho que pode ajudar os jovens a colocar juntos o seu manual para a vida". "Nós – acrescentou ele - pedimos aos jovens que escutem".
O flagelo das drogas
Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre, recordou que há uma chaga que aflige muitos jovens na América do Sul: é o drama das drogas. No Brasil - disse ele - "existem setores e forças políticas que querem a liberalização de certos tipos de drogas. E a sociedade não se compromete em acompanhar essas pessoas. São resíduos, os crucificados de hoje que a sociedade tem dificuldade em olhar".
A Igreja na América do Sul está comprometida, nesta área, em um trabalho extraordinário e está tentando ajudar os jovens a saírem do túnel de drogas. Mas "há tantas famílias vivendo essa realidade difícil".
Protagonistas, não espectadores
Irmã María Luisa Berzosa González, diretora de "Fe y Alegria", na Espanha, disse que esta é a sua primeira experiência no Sínodo: "Eu me senti envolvida, porque eu quero defender a Igreja de dentro e não ser uma espectadora." "Que a Igreja - acrescentou ela - esteja mais presente como o povo de Deus, não somente como uma hierarquia."
Irmã María Luisa Berzosa González também espera que nas próximas assembleias sinodais possa participar um número maior de mulheres. "Estou feliz – disse ao concluir - que os abusos apareçam, temos que nos purificar. Mas isso também me faz sofrer: mesmo em minha Congregação tem havido momentos difíceis".
Elaboração do documento final
Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação, recordou os temas que marcaram o dia de hoje. Foi dado um grande espaço ao fenômeno das migrações e entre as propostas surgidas estava a de "criar uma rede de paróquias em todo o mundo". "As paróquias não são mais suficientes para os jovens, que estão acostumados à conectividade sem fronteiras".
Paolo Ruffini também recordou que "está se reunindo a Comissão para a redação do documento final". Haverá uma redação provisória do documento - antecipou - que será então discutida na Sala, onde "mudanças poderão ser propostas, sugestões". O documento final "será lido integralmente no último dia do Sínodo e depois votado ponto por ponto".
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