Briefing sinodal. D. Scicluna sobre abusos: essencial buscar a verdade
Barbara Castelli e Raimundo de Lima - Cidade do Vaticano
¡°Sem justiça não se pode viver¡±, por isso no caso dos abusos ¡°buscar a verdade é essencial¡±. Assim se expressou o padre sinodal e arcebispo metropolitano de Malta, Dom Charles Scicluna, no briefing desta segunda-feira (08/10) na Sala de Imprensa da Santa Sé sobre os trabalhos da XV Assembleia Geral ordinária do Sínodo dos Bispos, que tem como tema ¡°Os jovens, a fé e o discernimento vocacional¡±.
Respondendo aos jornalistas credenciados, o prelado disse que este escândalo, que figura também ¡°no Instrumentum laboris (Instrumento de trabalho) no parágrafo 66¡± é fonte de ¡°vergonha¡±, sobretudo porque ¡°a maior parte das vítimas é constituída de jovens, com feridas infligidas por quem deveria curá-las¡± e que é preciso elevar o ¡°nível de responsabilidade¡±.
Sede de justiça e de verdade
O arcebispo Scicluna disse que a ¡°justiça não deve tomar para si um tempo exagerado¡± e que o Papa Francisco sofre com esta morosidade, embora consciente dos tempos necessários da ¡°jurisdição civil¡±.
O prelado insistiu sobre o fato de que ¡°todos precisamos de misericórdia¡±, mas que ¡°a misericórdia é vazia se não respeita a verdade e a justiça¡±.
Pensando no encontro convocado no Vaticano para os dias 21 a 24 de fevereiro de 2019, para discutir sobre a proteção dos menores e a prevenção aos abusos, acrescentou que é importante ir à ¡°raiz¡± do problema, recordando que o ¡°ministério deve ser um serviço e não um abuso de poder¡±.
Por fim, o arcebispo de Malta quis recordar também aqueles muitos sacerdotes ¡°santos¡± que trabalham e ¡°confiam no Senhor¡±. ¡°A santidade é o encontro entre a fraqueza do homem e a misericórdia de Deus¡±, concluiu.
Os jovens e a busca da felicidade
Durante o briefing o padre sinodal e bispo auxiliar de Lyon, Dom Emmanuel Gobilliard, recordou também outros temas que surgiram até então durante o Sínodo: a solidariedade entre as gerações, a contribuição das mulheres na missão da Igreja, a questão das migrações e da sexualidade, bem como da santidade.
¡°Todo jovem é chamado à felicidade, à santidade, ao encontro com Cristo¡±, disse, recordando também as recomendações do Papa Francisco aos bispos. Portanto, o ser humano ¡°deve ser acolhido em sua complexidade e não encerrado numa simples identidade¡±, deve ¡°ser substantivo e não adjetivo¡±.
Uma Igreja que se coloca à escuta buscando respostas
Encontrava-se também presente na Sala de Imprensa da Santa Sé o auditor, escritor, estudioso de modelos psicológicos e sociais na Itália Thomas Leoncini, 33 anos. Ele expressou satisfação por este encontro sinodal, que manifesta a vontade da Igreja de colocar-se à escuta, não limitando-se a uma ¡°simples tomada de consciência¡±, mas buscando ¡°respostas radicais¡±.
Um Sínodo, acrescentou, que não se dirige somente aos jovens católicos, mas também ¡°aos ateus, aos agnósticos¡±, a todos ¡°aqueles jovens que buscam uma esperança e um futuro¡± nestas sociedades ¡°líquidas¡±.
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