Santa Sé: não basta proibir, precisa inspecionar arsenais nucleares
Cidade do Vaticano
Passou-se um ano da adoção do Tratado sobre a proibição das armas nucleares, que a Santa Sé assinou e ratificou imediatamente em 20 de setembro de 2017, porque é “um acordo que dá esperança a esta geração e às que ainda devem nascer de que um dia nosso mundo esteja livre das armas atômicas, que por mais de 70 anos desencorajaram as aspirações de paz da humanidadeâ€.
Foi o que disse o observador permanente da Santa Sé na Onu, Dom Bernardito Auza, em seu pronunciamento durante os trabalhos do “Comitê sobre o desarmamento: consequências humanitárias das armas nucleares e imperativos éticos por um mundo sem armas atômicasâ€, realizados na sede das Nações Unidas, em Nova York, de 8 a 17 de outubro.
É preciso autoridade pública global de inspeção
Há, porém, muitos aspectos a ser considerados para tornar operativo este acordo, que “tem início com um amplo preâmbulo sobre preocupações humanitárias e recomendações para a assistência às vítimas e a recuperação ambientalâ€, mas “concorda poucos passos para o desarmamentoâ€, denunciou o representante vaticano, solicitando a designação da “autoridade encarregada de negociar e verificar a eliminação dos arsenais nuclearesâ€.
“Não basta fixar o objetivo de proibir as armas nuclearesâ€, advertiu o prelado, é preciso instituir “uma autoridade pública global dotada da amplos poderes, estrutura e meios para atuar de maneira eficaz em nível mundialâ€. Este imperativo “deveria sobressair-se para a agência na primeira conferência de revisão do Tratadoâ€, afirmou o arcebispo filipino.
O caso das duas Coreis e do Irã
Evocando o alarme no mundo inteiro pela exasperação dos discursos sobre guerras nucleares – à distância de poucos meses da adoção do Tratado e apesar do amplo consenso obtido –, Dom Auza recordou o alívio pela “redução do risco de guerra na península coreana junto a medidas de construção da confiança e expressões de amizade que sempre acompanham a busca da desnuclearizaçãoâ€.
A este ponto, disse o núncio apostólico, “o compromisso recíproco das duas Coreias mostra algumas promessas de desdobramento num processo integral, em que o desarmamento está relacionado à construção de relações de pacífico e mútuo benefícioâ€, disse.
Um Oriente Médio livre do nuclear
O observador permanente ressaltou que suscita grande preocupação, por sua vez, “o esforço para anular o plano de ação conjunta global (Jcpoa) com o Irãâ€.
Embora o plano possa não ser plenamente satisfatório para todas as partes em questão e termos mais aceitáveis para todas as partes possam ser alcançados mediante negociações contínuas, deveria continuar servindo para obter garantias da natureza exclusivamente pacífica do programa nuclear do Estado em questãoâ€.
Em vista da conferência de revisão do Tratado de não proliferação nuclear de 2020, Dom Auza apelou aos Estados membros a fim de que olhem para o caos e a destruição do Oriente Médio e avaliem a urgente necessidade de ter aquela região livre do nuclear.
Destinar aos pobres economias do nuclear
“A Santa Sé pede “aos governos que uma parte considerável da economia poupada com o desarmamento seja destinada ao desenvolvimento de seus cidadãos e dos pobres do mundoâ€, concluiu o representante vaticano na Onu.
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