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Sabemos se é amor somente quando, no encontro do homem com a mulher, a experiência convida a uma mudança profunda na percepção e no projeto de vida dos envolvidos, implicando uma dimensão existencial fortíssima, que promete muito Sabemos se é amor somente quando, no encontro do homem com a mulher, a experiência convida a uma mudança profunda na percepção e no projeto de vida dos envolvidos, implicando uma dimensão existencial fortíssima, que promete muito 

Quando nasce a vocação ao amor matrimonial?

O amor nasce de um encontro luminoso com uma pessoa de carne e osso, não com um ser fantástico que resolverá todos os problemas da vida, como pretende o romanticismo. É uma experiência impactante que suscita na pessoa (ou nas pessoas) envolvidas uma grande admiração pelo outro, na qual se percebe a beleza da corporeidade, das qualidades pessoais, sendo aquela pessoa capaz de tocar o interior profundo do outro.

Padre Douglas de Freitas Ferreira - Cidade do Vaticano

Caros amigos e amigas da rádio Vaticano, bem-vindos ao nosso terceiro programa da série que pretende, partindo do Instrumentum Laboris em preparação para o Sínodo da juventude, refletir sobre a preparação a vocação à vida matrimonial.

No primeiro programa, seguindo as diretrizes do Instrumentum Laboris discorríamos sobre a importância de perguntar para onde os desejos, inscritos no profundo de cada um de nós, nos levam, e que, por isso, exige um caminho de sério discernimento vocacional. No encontro anterior, falávamos que para o sério discernimento vocacional é preciso reconhecer a graça da nossa existência como dom de Deus, na qual fomos chamados e abençoados com dons divinos.

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A vocação ao matrimônio é radicada na criação sendo parte do projeto do Altíssimo que, ao criar o homem a sua imagem e semelhança, os quis masculino e feminino revelando, assim o mistério nupcial que se baseia na diferença sexual, na complementaridade, unidade e abertura à vida revelando, assim, o mistério de Deus sendo, portanto, o ponto chave para entender a vocação ao amor, matrimonial.

Hoje falaremos sobre o acontecimento do amor. É importante, antes de tudo uma nota: na tradição ocidental se assistiu um empobrecimento do momento da descoberta do amor, que em linhas gerais se reduziu à sentimentalismo egoísta, ou independente, na qual ninguém tem o direito de dizer uma palavra sobre o assunto à pessoa envolvida.

Houve um tempo que a família, a religião  e a sociedade eram participantes ativos na construção da vida amorosa das pessoas e, acredito, que para uma verdadeira recuperação da riqueza desse momento luminoso, a sabia participação da família, da comunidade religiosa e dos amigos - com muita liberdade e responsabilidade - é importante.

Mas quando se percebe que o amor aconteceu?

O amor nasce de um encontro luminoso com uma pessoa de carne e osso, não com um ser fantástico que resolverá todos os problemas da vida, como pretende o romanticismo. É uma experiência impactante que suscita na pessoa (ou nas pessoas) envolvidas uma grande admiração pelo outro, na qual se percebe a beleza da corporeidade, das qualidades pessoais, sendo aquela pessoa capaz de tocar o interior profundo do outro.

A definição de amor é: o dom de uma presença, ou seja aquela pessoa passa a ser presente no interior da outra, e redefini todo o projeto de vida, reordenando os afetos preexistentes como o amor à família, aos amigos... que agora dividem o espaço interior da pessoa com outra pessoa.

A experiência do amor, por isso, não é cientifica, não sabemos quem amaremos, muitas vezes a pessoa que amamos não apresenta nenhuma característica daquilo que imaginávamos; não é, e não pode ser uma experiência somente emotiva, existem realidades ao lado de sentimento porque interroga todo o projeto de vida, exigindo uma resposta concreta, e também racional à altura; não é um encontro racional, a novidade do amor não pode ser calculada; não é uma relação que reduz a sujeito e objeto, ao invés é de sujeito a sujeito, pessoa à pessoa, o amor humaniza, não escraviza e nem mesmo utiliza o outro. O verdadeiro amor compreende toda a pessoa, não somente uma parte ou um aspecto.

Sabemos se é amor somente quando, no encontro do homem com a mulher, a experiência convida a uma mudança profunda na percepção e no projeto de vida dos envolvidos, implicando uma dimensão existencial fortíssima, que promete muito. Tal experiência abre horizontes, e por isso a pergunta que se deveria fazer um ao outro é: você viu aquilo que eu vi? Ou seja, você contemplou o futuro que eu contemplei? Você se vê lá? De forte, a experiência do amor faz que se veja o futuro, ainda se desconhecido, plausível.

É por isso que a experiência do amor, se real, deve ser construída, uma vez que projeto revelado aos sujeitos da experiência é chamado a concretizar-se. A experiência do amor faz emergir a grandeza daquilo que se deseja, da vocação ao qual se é chamado. Quando alguém disser para você: eu te amo! responda: o que você quer para mim? Se não é um futuro concorde, que inicia com passos concretos no presente, algo não está bem.

 

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22 setembro 2018, 08:19