Padre Renato: Alegrai-vos! A alegria diz quem somos
Padre Renato dos Santos ¨C SDB ¨C Cidade do Vaticano
É interessante notar que a Exortação Apostólica sobre o chamado à santidade no mundo atual tem seu início com esta fantástica e atrativa afirmação: Alegrai-vos! Esta afirmação, por si só, já dá toda a tônica ao documento. Não é indiferente que um documento pontifício, que nos motiva à santidade, inicie destacando a dimensão da alegria. Ou seja, é impossível ser santo, ser santa, sem ser alegre.
Esta possibilidade real de viver a santidade, que não dispensa o viver com grande alegria, está muito presente em todo o documento. Em outras palavras: a alegria diz, precisamente, quem somos! Ora, quem somos? Somos cristãos alegres, somos seguidores alegres, mas, alegres no Senhor. Como em todos os tempos, o mundo atual tem necessidade e urgência de santos e santas alegres.
Para quem desejar percorrer um caminho de santidade, entenderá que a alegria não estará, jamais, nas coisas transitórias deste mundo, mas no próprio Deus. Em Jesus Cristo ressuscitado a santidade encontrará a sua substância e o seu fundamento. Cristo ressuscitado será o motivo maior da nossa santidade alegre. O Apóstolo Paulo entendeu muito bem tudo isso quando afirmou: ¡°Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!¡± (Fl 4,4)
Quem assumir na própria vida este imperativo paulino, entenderá que alegria não será, mais, uma questão de ¡°alegria de momento¡±, passageira, sem brilho, sem consistência, mas, uma alegria permanente, cheia de encanto e de sentido. Encontrar Jesus ressuscitado é encontrar o estado perene de contentamento, de júbilo, de satisfação, de alegria de viver e, de gastar a vida, para que outros tenham vida.
Santidade em ação: ¡°servir ao Senhor com alegria¡±!
Notaremos em todo o documento que este projeto possível de santidade, vivido na alegria do encontro real com o Senhor ressuscitado, não é para um grupo reduzido de ¡°iniciados¡±. O próprio Papa afirma: ¡°Muitas vezes somos tentados a pensar que a santidade esteja reservada apenas àqueles que têm possibilidade de se afastar das ocupações comuns, para dedicar muito tempo à oração. Não é assim. Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra.¡±(14)
Neste sentido, nunca será demais afirmar que, nas ocupações de cada dia, poderemos ¡°servir ao Senhor com alegria¡±. (Sl 100)
Santidade alegre e liberdade caminham juntas...
Quem fez a experiência do encontro pessoal com o Senhor ressuscitado, se sentirá totalmente livre para viver sem ter o coração preso às coisas passageiras desta realidade terrena. O jovem rico do Evangelho, depois da provocação de Jesus, vai embora entristecido. Era escravo dos bens terrenos... O seu foco não era Jesus e, nem os pobres. Outros interesses ofuscaram sua visão. Ele, talvez, sem a necessária abertura à ação do Espírito Santo, não teve a grandiosidade de entender que a maior riqueza era o próprio Jesus. Em Jesus Cristo a santidade alegre e a liberdade de renúncias caminham juntas.
A santidade alegre, fruto da ação do Espírito Santo, nos faz entender da necessidade de relativizar todas as coisas terrenas para não perdermos o essencial: Jesus Cristo Ressuscitado, fundamento e princípio de toda santidade alegre. Portanto, como seguidores de Jesus e, portadores dos valores do Reino, na condição de batizados, não apostemos a nossa alegria de viver nas coisas que passam, mas, nas que não passam...
Onde temos fundamentado a nossa alegria, nas coisas do mundo, ou, nos bens do céu?
Na próxima semana continuaremos a reflexão sobre a Exortação Apostólica Gaudete et Exultate.
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