Dom Rino Fisichella: Missionários da Misericórdia, sinal da proximidade de Deus
Antonella Palermo - Cidade do Vaticano
No proximo dia 10 de abril, o Papa Francisco se encontrará com os Missionários da Misericórdia. Estes são padres que no Jubileu extraordinário da Misericórdia – abertura da porta santa - receberam do Papa a faculdade de perdoar os pecados, inclusive os reservados a Sé Apostólica. Dom Rino Fisichella dá uma entrevista ao Pope, para falar deste encontro com estes missionários.
R– Não poderíamos que continuar a espiritualidade da misericórdia que foi vivida em toda a Igreja por milhões e milhões de fieis durante o Jubileu da Misericórdia. Recordemos que o Papa de surpresa, na sua carta no final do Jubileu, havia estabelecido que os Missionários da Misericórdia não terminaram seu ministério, mas continuaram por outro tempo. É por isso que pensamos nestes dias, durante os quais a reflexão, a oração, o encontro com o Papa Francisco se tornam um sinal. Eles serão uma oportunidade para fazer um balanço da situação, como o ministério que está sendo realizado por eles - serão apresentados muitos testemunhos preciosos - e para verificar o caminho que deve ser levado adiante.
A – Mas em que ponto estamos Dom Rino?
R. - É uma coisa muito interessante, porque este é um serviço que é realizado na maior reserva - se você quiser - mas eles são uma presença muito importante para a vida da Igreja, porque os Missionários da Misericórdia são o sinal de que ninguém pode encontrar dificuldades, obstáculos, para encontrar a misericórdia de Deus. Os missionários estão lá só para testemunhar isso. É o que o Papa, em sua homilia da Quinta-Feira Santa na Missa Crismal, disse que queria oferecer aos sacerdotes, e vale ainda mais forte para os Missionários da Misericórdia. Eles são o sinal da proximidade de Deus. Diante de tantas situações difíceis, onde existem muitos pecados graves - e é por isso que eles são reservados apenas ao Papa - os missionários são este sinal da proximidade de Deus para com todos.
A – Segunda-feira, 9 de abril, será apresentada a Exortação Apostólica do Papa sobre a santidade. Misericórdia e Santidade: em que modo podem relacionar-se?
R - Santidade e misericórdia são a vocação do cristão, porque são a própria vida de Deus. Deus é chamado "três vezes Santo"; a santidade - poderíamos dizer exemplificando - é o caminho e o testemunho da misericórdia. Misericórdia e santidade não são apenas um ideal de vida, mas são um compromisso de vida que somos chamados a percorrer diariamente.
A – E quem rejeita a misericórdia, não a procura?
D – Corre o risco de não dar sentido pleno a própria vida, ou seja, de viver fechado em si mesmo, naquele individualismo desesperado que no fim leva a uma asfixia e a não conseguir mais gozar da beleza da vida.
A – Nos últimos dias vimos nascer tanta polêmica depois da publicação do colóquio entre o jornalista Scalfari e Papa Francisco, onde se falava sobre o inferno, pondo em duvida a sua existência. Em realidade, o inferno existe ou não? E como foi a sua reação diante deste debate?
D – Infelizmente o Inferno existe – e ressalto o infelizmente – mas não porque Deus na sua misericórdia quer o Inferno, mas porque – mais – a teimosia do homem de iludir-se de querer utilizar a liberdade somente como ele a entende, e não de maneira ampla. Isto o leva a degradar-se a si mesmo. Estamos falando acima de tudo do mistério depois da morte. E quando se fala disto não é que se pode resolver com piadas. Eu sou de uma escola de que pensa que o Inferno existe, mas espero – espero mesmo– que esteja vazio. Eu acrescentaria, que a Igreja pode dizer com certeza que uma pessoa é santa, isto é, ela está contemplando Deus, mas a Igreja nunca poderá dizer que uma pessoa está no inferno. Não se espera dela essa resposta, porque o juízo final pertence apenas à pessoa única que estará diante de Deus, esse espaço é inviolável e indelével do qual ninguém pode ser juiz.
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