Editorial: Ele ¨¦ a nossa paz!
Silvonei José - Cidade do Vaticano
Estamos vivendo a Semana Santa, tempo em que Jesus Cristo revelou o Seu amor por nós através do sofrimento pelo qual voluntariamente passou. Hoje sábado, aguardamos a sua ressurreição.
Frequentemente nas suas homilias e discursos o Papa Francisco recorda os mártires do nosso tempo e as Igrejas perseguidas. Recorda que são os mártires que levam avante a Igreja, ¡°são os que a amparam, que a ampararam no passado e a amparam hoje. E hoje existem mais mártires do que nos primeiros séculos¡±.
Quantos cristãos não puderam viver esta semana máxima para a fé cristã por causa de guerras, violências e perseguições?
Nem sempre os meios de comunicação não chamam a atenção para esse drama de hoje, porque não faz notícia. Mas mesmo sem os holofotes da mídia os cristãos continuam sendo perseguidos, insultados, presos, mortos. Francisco recorda que ¡°há muitas pessoas nas prisões, somente pelo fato de carregar uma cruz ou professar Jesus Cristo!¡±
Irmãos que não poderão festejar a Páscoa do Senhor
Esta é a gloria da Igreja e também a nossa humilhação: nós que temos tudo, tudo parece fácil para nós e se nos falta alguma coisa reclamamos... ¡°Mas pensemos nesses irmãos e irmãs que hoje, num número maior do que nos primeiros séculos, sofrem o martírio!¡±, disse o Papa. Pensemos nesses irmãos que não poderão festejar a Páscoa do Senhor.
Os cristãos são chamados a testemunhar o amor de Cristo. Tempos atrás, em um encontro com a Comissão de diálogo entre católicos ortodoxos orientais Francisco aproveitou a ocasião para mostrar mais uma vez a sua proximidade aos muitos cristãos que hoje sofrem por causa dos fundamentalismos.
Estamos conscientes de que situações de tanto sofrimento se enraízam mais facilmente em contextos de pobreza, injustiça e exclusão social, devido também à instabilidade gerada por interesses de parte, frequentemente externos, e de conflitos precedentes, que produziram condições de vida miseráveis, desertos culturais e espirituais nos quais é fácil manipular e instigar ao ódio.
Mundo ferido e dilacerado
Um dado de fato é que todos os dias as Igrejas cristãs estão próximas ao sofrimento e são chamadas a semear concórdia e a reconstruir pacientemente a esperança, confortando com a paz, uma paz que juntos, todas as Igrejas devem oferecer a um mundo ferido e dilacerado.
Recordando São Paulo: ¡°se um membro sofre, todos os membros sofrem juntos¡±.
Outra afirmação é que nos dias de hoje temos tantos mártires, que de modo corajoso testemunham Cristo, revelando o coração da nossa fé. Uma fé que não consiste em uma genérica mensagem de paz e reconciliação, mas em Jesus mesmo, crucificado e ressuscitado. ¡°Ele é a nossa paz e a nossa reconciliação¡±.
Nosso Papa Francisco sublinha frequentemente que como discípulos de Cristo ¡°somos chamados a testemunhar em todos os lugares e situações, com a força cristã, o Seu amor humilde que reconcilia o homem em todas as épocas¡±. Onde violência chama violência e violência semeia morte, a nossa resposta é o puro fermento do Evangelho, que sem entrar na lógica da força, faz brotar frutos de vida também em terras áridas e alvoradas de esperança depois de noites de terror.
A coragem humilde do perdão e da paz
Na sua mensagem para a Páscoa de 2015 o Papa Francisco pediu ao Senhor ressuscitado a graça de não cedermos ao orgulho que alimenta a violência e as guerras, mas termos a coragem humilde do perdão e da paz. ¡°A Jesus vitorioso pedimos que alivie os sofrimentos de tantos irmãos nossos perseguidos por causa do seu nome, bem como de todos aqueles que sofrem injustamente as consequências dos conflitos e das violências em curso, e que são tantas¡±.
Palavras de Francisco: ¡°uma Igreja sem mártires é uma Igreja sem Jesus¡±. Nos primeiros séculos da Igreja um antigo escritor dizia, e vale ainda para os dias de hoje: ¡°O sangue dos cristãos, o sangue dos mártires, é semente dos cristãos.¡± Feliz Páscoa!
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