Falece aos 81 anos cardeal alemão Karl Lehmann
Bernd Hagenkord – Cidade do Vaticano
Faleceu na manhã deste domingo em Magonza, aos 81 anos, o cardeal alemão Karl Lehmann, segundo anunciou a diocese da cidade alemã.
Em uma carta de 5 de março, o sucessor de Lehmann à frente da diocese, Dom Peter Kohlgraf, havia preparado os fiéis para o fato de que Dom Lehmann “estava cumprindo a última parte de sua peregrinação terrena”.
Desde setembro passado – informa ainda a Diocese - o purpurado sofria as consequências de um ictus e de uma hemorragia cerebral.
Ao lado de Karl Rahner
O cardeal Lehmann nasceu em Sigmaringen em 16 de maio de 1936. Em 1955 iniciou sua formação ao sacerdócio, entre outros locais, também no Colégio Germânico, em Roma.
Formado em Filosofia e Teologia, Lehmann desenvolveu a primeira fase de suas atividades religiosas ao lado do teólogo jesuíta Karl Rahner, do qual foi colaborador antes e durante o Concílio Vaticano II, e posteriormente nas Universidades de Munique e Münster.
Professor e bispo
Em 1968, um ano após sua dissertação teológica, tornou-se docente de Teologia. Um apoio externo à sua nomeação veio do teólogo Joseph Ratzinger.
Lehmann ensinou inicialmente em Magonza e depois em Friburgo. Entre os seus alunos ilustres, figura o cardeal Gerhard Ludwig Müller.
Os muitos títulos honoris causa que lhe foram conferidos, as tantas conferências como professor convidado, mesmo quando já era bispo diocesano, além de diversos outros reconhecimentos, testemunham a grande consideração dispensada ao grande teólogo que era.
Como bispo, publicou ensaios teológicos. Foi presidente da Comissão doutrinal dos bispos alemães.
Presidente da Conferência Episcopal
A segunda fase de sua atividade religiosa iniciou com a nomeação a bispo de Magonza em 1983, cargo mantido até ter se demitido em maio de 2016.
Particularmente importante para a Igreja na Alemanha – e também fora dela – foi presidente da Conferência Episcopal alemã, encargo que desempenhou de 1987 a 2008, vendo-se muitas vezes envolvido no centro de muitas polêmicas.
Nos debates que envolveram consultas às mulheres grávidas em dificuldades, não arredou pé diante das divergência com Roma; no debate sobre o asilo a ser concedido aos imigrantes, além de outros temas, não se intimidou diante do confronto com o Estado.
Tornou-se famosa a carta por ele escrita conjuntamente com os bispos de Friburgo, Dom Oskar Saier, e de Stoccarda, Dom Walter Kasper, sobre a atitude a ser adotada em relação aos divorciados em segunda união.
Ao pedido dos três bispos de conceder – em casos particulares e bem circunstanciais – a alguns divorciados em segunda união receber a comunhão, opôs-se ao então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o cardeal Joseph Ratzinger.
Eleitor de dois Papas
Todos os seus interlocutores – no âmbito do ecumenismo, dentro da Igreja, mas também em diversas situações de conflito – sempre elogiaram o seu estilo, voltado à integração.
No Vaticano, o cardeal Lehmann foi membro da Congregação para a Fé (de 1988 a 1998) e do dicastério para as Igrejas Orientais, assim como dos Pontifícios Conselhos para a Promoção da Unidade dos Cristãos e das Comunicações Sociais. Em 1991, foi secretário geral no Sínodo sobre a Europa.
No Consistório de fevereiro de 2001, Karl Lehmann foi elevado à dignidade cardinalícia pelo Papa João Paulo II, junto a outros 41 homens de Igreja, entre os quais Walter Kasper e Jorge Mario Bergoglio.
Como cardeal eleitor, participou em 2005 da eleição do Papa Bento XVI e em 2013 do Papa Francisco.
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