Santa Sé na COP23: "Agora, passar da decisão moral aos fatos"
Cristiane Murray - Cidade do Vaticano
Passar aos fatos: é o recado que a Santa Sé quer levar aos participantes da COP23, reunidos em Bonn, na Alemanha, desde 6 de novembro.
Até o dia 17, estadistas de todo o mundo, cientistas e ONGs estão tentando encontrar os caminhos para implementar o Acordo de Paris de 2015, assinado no final da COP21. A Igreja Católica, envolvida em questões ambientais, como ilustrado na Encíclica do Papa Francisco Laudato Si, pretende fazer ouvir sua voz uma vez mais para exortar os Estados a tomarem medidas concretas para alcançar o objetivo de limitar o aquecimento global a dois graus.
Para o representante da Santa Sé na COP23, o Padre Bruno-Marie Duffé, Secretário do Pontifício Conselho para o Desenvolvimento Humano Integral, o desafio é grande. Devemos repensar nosso modo de vida e nosso modelo econômico. Neste sentido, a educação deve desempenhar um papel importante e permitir que todos compreendam os problemas a serem resolvidos de outra forma.
Apesar da retirada anunciada dos Estados Unidos do acordo de Paris, há um ímpeto de solidariedade entre as nações para que as coisas realmente mudem.
O Padre Bruno-Marie Duffé, entrevistado por Xavier Sartre, fala sobre a mensagem particular que a Santa Sé leva à COP23:
“Estamos em um momento crucial, muito importante, entre a intenção moral do Acordo de Paris de mudar nosso modo de nos desenvolvermos e especialmente a economia internacional e os efeitos sobre o ambiente e o modo de cuidar do planeta. É um momento importante entre esta decisão moral e o ato político".
"Atualmente é importante que os Estados tomem decisões, porque existe uma emergência, devemos sair de um modelo e desenvolver outro, um paradigma da economia, com a tutela dos elementos naturais, da saúde dos homens e das relações entre os povos e comunidades”.
“Não podemos pensar que vamos mudar somente nos próximos 10 ou 20 anos. Temos que mudar agora e colocar na prática este novo paradigma, levando em conta as riquezas naturais, a saúde, o meio ambiente, os efeitos negativos da produção de carvão, por exemplo, em consideração também das gerações que vêm”.
Acredita que a mensagem da Santa Sé pode convencer os Estados a fazerem mais?
“Sim, porque esta mensagem diz que é necessário ter consciência de que temos uma responsabilidade, que não é apenas de cuidar na natureza, mas também cuidar da existência da vida na terra. Neste momento, enquanto alguns Estados querem trabalhar juntos, os Estados Unidos não querem prosseguir nos Acordos de Paris, é fundamental desenvolver a solidariedade entre os Estados e os continentes".
"É interessante desenvolver decisões econômicas, uma ética da finança e uma educação ao respeito da vida, porque isto não é somente ecologia, mas também a vida, e a vida com os outros. Isto é importante: reunir as problemáticas de respeito pela vida e respeito da ética social e política”.
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