Papa aos ju¨ªzes uruguaios: esforcem-se para acabar com a pobreza
Sebastián Sansón Ferrari - Cidade do Vaticano
"O Estado, e não o mercado, é quem gera a harmonia e garante a justiça social", afirma o Papa Francisco em uma carta enviada aos juízes do Uruguai por ocasião da abertura do capítulo nacional do Comitê Pan-Americano de Juízas e Juízes pelos Direitos Sociais e a Doutrina Franciscana ¨C COPAJU. A Associação Privada de Fiéis de caráter internacional, que foi elevada a essa categoria por disposição do Santo Padre em 18 de agosto de 2023, dedica-se à proteção e promoção dos direitos sociais a partir da magistratura, com ênfase especial nos setores sociais marginalizados.
O Comitê havia constituído representações em diversos países, como Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Brasil, México, Estados Unidos e Paraguai. Agora, também se expande para o Uruguai, onde foi oficialmente lançado nesta segunda-feira, 11 de novembro, na Faculdade de Direito da Universidade da República. Naocasião, foi apresentado também o Instituto Fray Bartolomé de las Casas, com finalidades acadêmicas, docentes e de formação sobre os direitos sociais, migração e colonialismo, vinculado ao COPAJU.
O Santo Padre marca presença neste momento tão significativo e reitera a necessidade de uma ¡°distribuição de riqueza equitativa e justa¡± para que não haja mais excluídos, e todos façam parte do sistema econômico e social de maneira igualitária e integrada.
Francisco lembra que ¡°não há sociedades que progridem sobre a pobreza de seus membros¡±. Reconhece que, ¡°em todo caso, alguns podem progredir individualmente, mas cabe perguntar: que tipo de progresso é esse? Pode uma pessoa ter um bom futuro em uma sociedade desigual e excludente?¡±
O Papa acredita que os magistrados ¡°podem fazer muito, e há muito por fazer¡±. Por isso, os exorta a ¡°ter coragem¡±, ¡°unir-se¡± e a ¡°não se deixar confundir por receitas que já afundaram muitos povos na desgraça¡±. Em vez disso, os incentiva a confiar no caminho de Artigas e cita a canção ¡°A lei é teia de aranha¡±, do renomado cantor e compositor Alfredo Zitarrosa, ¡°para que a lei não seja uma teia de aranha que só prende os pequenos e deixa impunes os poderosos, que a atravessam sem dificuldade¡±.
O Pontífice é categórico ao instá-los a não ajudar a ¡°limpar as ruas de pobres¡±, mas sim a ajudar para que não haja pobreza. Mais ainda, lhes encarrega de ¡°fazer valer os direitos básicos de todos e todas¡±, pede compromisso e lhes deseja ¡°muita fecundidade neste novo projeto¡±.
Por fim, como de costume, o Sucessor de Pedro conclui sua carta enviando-lhes uma saudação fraterna, pedindo que rezem por ele e garantindo suas orações.
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