Francisco: o S¨ªnodo ¨¦ um exerc¨ªcio de arte sinf?nica, todos juntos com diferentes minist¨¦rios e carismas
Mariangela Jaguraba - Pope
Na tarde desta quarta-feira (02/10), o Papa Francisco abriu os trabalhos da Primeira Congregação Geral da Segunda Sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade, na Sala Paulo VI, no Vaticano.
Em seu discurso, o Santo Padre frisou que esta "assembleia, guiada pelo Espírito Santo, deverá oferecer a sua contribuição para que se forme uma Igreja verdadeiramente sinodal em missão, que saiba sair de si mesma e habitar as periferias geográficas e existenciais, garantindo que se estabeleçam laços com todos em Cristo nosso Irmão e Senhor".
O Espírito Santo é um guia seguro
Referindo-se a um texto de um autor espiritual do século IV, Francisco reiterou que "o Espírito Santo é um guia seguro, e nossa primeira tarefa é aprender a distinguir sua voz, porque Ele fala em todos e em todas as coisas. O Espírito Santo nos acompanha sempre".
É um consolo na tristeza e no pranto, sobretudo quando - por causa do amor que nutrimos pela humanidade - diante das coisas que não vão bem, das injustiças dominantes, da resistência obstinada a responder ao mal com o bem, da dificuldade de perdoar e da falta de coragem na busca da paz, somos tomados pelo desânimo, parece não haver mais nada a fazer e nos entregamos ao desespero. E tal como a esperança é a virtude mais humilde e mais forte, o desespero é o que há de pior e também é muito forte.
"O Espírito Santo enxuga as lágrimas e consola porque comunica a esperança de Deus", disse ainda o Papa, recordando que "a humildade também é um dom do Espírito Santo. A humildade nos permite olhar o mundo reconhecendo que não somos melhores que os outros". Francisco convidou os participantes da Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos "a reconhecer que a Igreja, semper reformanda, não pode caminhar e renovar-se sem o Espírito Santo e as suas surpresas, sem se deixar modelar pelas mãos de Deus criador, do Filho, Jesus Cristo e do Espírito Santo".
"Desde que o Senhor Jesus, crucificado e ressuscitado, derramou o seu Espírito Santo no Pentecostes, desde então, caminhamos, como ¡°misericordiados¡±, para a realização plena e definitiva do plano de amor do Pai", sublinhou Francisco.
O processo sinodal é um processo de aprendizagem
"Conhecemos a beleza e a fadiga do caminho. Percorremos o caminho convencidos da essência relacional da Igreja, cuidando para que as relações que nos foram doadas e confiadas à nossa criatividade responsável sejam sempre manifestações da gratuidade da misericórdia", ressaltou o Papa.
Francisco disse ainda que "a XVI Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos, agora em sua segunda sessão, está manifestando de forma original esse ¡°caminhar juntos¡± do povo de Deus". Segundo ele, "a inspiração que teve o Papa São Paulo VI, quando instituiu o Sínodo dos Bispos em 1965, revelou-se muito fecunda. Nos sessenta anos que se seguiram, aprendemos a reconhecer no Sínodo dos Bispos um sujeito plural e sinfônico, capaz de apoiar o caminho e a missão da Igreja Católica, ajudando eficazmente o Bispo de Roma no seu serviço à comunhão de todas as Igrejas e de toda a Igreja".
O processo sinodal é também um processo de aprendizagem, durante o qual a Igreja aprende a conhecer-se melhor e a identificar as formas de ação pastoral mais adequadas à missão que o seu Senhor lhe confia. Este processo de aprendizagem envolve também as formas de exercício do ministério dos pastores, particularmente dos bispos.
Exercitar-nos juntos numa arte sinfônica
Francisco disse que quando decidiu convocar "como membros titulares desta XVI Assembleia também um número significativo de leigos e consagrados (homens e mulheres), diáconos e sacerdotes, desenvolvendo o que já estava parcialmente previsto para as assembleias anteriores, o fez em coerência com a compreensão do exercício do ministério episcopal expressa pelo Concílio Ecumênico Vaticano II".
Segundo o Papa, "essa compreensão inclusiva do ministério episcopal exige ser revelada e reconhecida, evitando dois perigos: o primeiro, é a abstração que esquece a concretude fecunda dos lugares e relações, e o valor de cada pessoa; o segundo perigo é o de romper a comunhão colocando a hierarquia contra os fiéis leigos".
"Somos convidados a exercitar-nos juntos numa arte sinfônica, numa composição que nos une a todos no serviço à misericórdia de Deus, segundo os diferentes ministérios e carismas que o bispo tem a tarefa de reconhecer e promover", disse ainda Francisco.
Ser Igreja sinodal missionária
De acordo com o Pontífice, "caminhar juntos é um processo em que a Igreja, dócil à ação do Espírito Santo, sensível no acolhimento dos sinais dos tempos, se renova continuamente e aperfeiçoa a sua sacramentalidade, para ser uma testemunha crível da missão a que foi chamada, de reunir todos os povos da terra no único povo esperado no final, quando o próprio Deus nos fará sentar no banquete que Ele preparou".
O Papa disse ainda que "devem ser identificadas diferentes formas de exercício ¡°colegial¡± e ¡°sinodal¡± do ministério episcopal, nos momentos apropriados (nas Igrejas particulares, nos grupos de Igrejas, em toda a Igreja), respeitando sempre o depósito da fé e da Tradição viva, respondendo sempre ao que o Espírito pede às Igrejas neste tempo particular e nos diversos contextos em que vivem".
"É o Espírito Santo que torna possível a fidelidade perene da Igreja ao mandato do Senhor Jesus Cristo e a escuta perene da sua palavra. Ele guia os discípulos para toda a verdade. Ele também nos guia para dar resposta, depois de três anos de caminho, à pergunta como ser uma Igreja sinodal missionária. Eu acrescentaria 'misericordiosa'", concluiu Francisco.
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