O Papa: custodiar a beleza de cada criatura, não segundo modelos efêmeros e massificantes
Mariangela Jaguraba – Pope
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira (30/09), na Sala Clementina, no Vaticano, os participantes do projeto “Custódios da Beleza” promovido pela Conferência Episcopal Italiana (CEI).
Em seu discurso, o Pontífice ressaltou que "ser “Custódios da Beleza” é uma grande responsabilidade, mas também uma mensagem importante para a comunidade eclesial e para a sociedade como um todo". O Papa refletiu sobre o nome desse projeto "que não é um simples slogan, mas indica um modo de ser, um estilo, uma escolha de vida orientada para duas grandes finalidades: custodiar e beleza".
Ter os olhos bem abertos
"Custodiar significa proteger, conservar, zelar e defender. É uma ação multifacetada, que exige atenção e cuidado, pois parte da consciência do valor de quem ou do que nos é confiado. Por isso, não permite distrações e preguiça", disse Francisco, acrescentando:
E tudo isto, num contexto que muitas vezes nos convida a não “sujar as mãos” e a delegar, é profético, porque exige um compromisso pessoal e comunitário. Cada um, com as suas capacidades e competências, com inteligência e coração, pode fazer algo para proteger as coisas, os outros, a Casa comum, numa perspectiva de cuidado integral da criação.
Cuidar das pessoas
São Paulo diz, na Carta aos Romanos, que "a criação toda geme e sofre". "O seu grito une-se ao de muitos pobres da terra, que pedem urgentemente decisões sérias e eficazes destinadas a promover o bem de todos, numa perspectiva que não pode ser apenas ambiental, mas deve tornar-se ecológica num sentido mais amplo e mais integral", disse ainda o Papa.
É por isso que eu os exorto, em seu trabalho de regeneração de muitos lugares deixados ao abandono e à degradação, a manter sempre como seu objetivo principal o cuidado das pessoas que vivem e frequentam esses lugares. Somente dessa forma vocês restaurarão a beleza da criação.
Beleza considerada de forma distorcida
A seguir, o Papa falou sobre a beleza, ressaltando que "hoje se fala muito sobre ela, a ponto de torná-la uma obsessão". "Muitas vezes, porém, ela é considerada de forma distorcida, confundindo-a com modelos estéticos efêmeros e massificantes, mais ligados a critérios hedonistas, comerciais e publicitários do que ao desenvolvimento integral das pessoas", disse Francisco.
Tal abordagem é deletéria, pois não ajuda a florescer o melhor de cada um, mas leva à degradação do ser humano e da natureza. Se, de fato, «não se aprende a parar para admirar e apreciar a beleza, não é estranho que tudo se transforme em objeto de uso e abuso inescrupuloso«, frisou o Papa, citando um trecho de sua Encíclica Laudato si'.
Em vez disso, é uma questão de aprender a cultivar a beleza como algo único e sagrado para cada criatura, pensada, amada e celebrada por Deus, desde as origens do mundo, como uma unidade inseparável de graça e bondade, de perfeição estética e moral.
Francisco pediu a São José de Nazaré que acompanhe os participantes do projeto “Custódios da Beleza”, ele que foi "o custódio humilde e silencioso do «mais belo dos filhos do homem», do Verbo encarnado em quem todas as coisas foram criadas e existem". "Com sua fidelidade discreta e trabalhadora, São José ajudou a devolver a beleza ao mundo", concluiu o Papa.
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