Papa: multilinguismo favorece a construção de pontes e encontros pela paz
Andressa Collet - Pope
O Papa Francisco chegou nesta segunda-feira (09/09) em Timor-Leste, país do sudeste asiático, que fala oficialmente português e tétum, além da língua inglesa. Já o pronunciamento do Pontífice à nação será através de quatro discursos em espanhol. Um exemplo prático de "promoção da diversidade linguística e cultural, sem esquecer o multilinguismo", sobretudo aquele de coexistência de diferentes línguas numa mesma comunidade, nesta data em que celebramos o Dia Mundial da Alfabetização, instituído pela Unesco em 1967. O tema escolhido para este ano, “Promover a educação multilíngue: a alfabetização para a compreensão recíproca e a paz”, segundo o cardeal Pietro Parolin, convida a refletir sobre "a contribuição da alfabetização na aproximação dos povos e na sua compreensão mútua".
O secretário de Estado da Santa Sé aprofundou o tema em mensagem do Papa Francisco enviada à diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), Audrey Azoulay, por ocasião da data que, neste ano, está sendo realizada em Iaundê, capital de Camarões, nos dias 9 e 10 de setembro. O Pontífice, escreveu o cardeal Parolin, expressa "proximidade espiritual a todos os promotores e protagonistas desta Conferência Mundial". O Dia Mundial da Alfabetização, continua o secretário, "é uma oportunidade particularmente propícia para fazer um balanço dos resultados obtidos na luta contra o analfabetismo e para encorajar todas as pessoas e instituições no precioso serviço da educação ao longo da vida".
O multilinguismo pode favorecer a paz
Além disso, a Santa Sé renova o apreço pelo papel da Unesco na promoção do multilinguismo que "cada vez mais é reconhecido como um fator que promove o desenvolvimento das pessoas", assim como "o diálogo, a escuta e a mediação". E o cardeal Parolin prosseguiu na mensagem:
Na mensagem, o secretário citou uma frase de Nelson Mandela ao falar da importância do idioma como ferramenta na comunicação entre as pessoas e os povos: “Se falar com um homem em um idioma que ele entende, você fala à cabeça dele; se falar no seu idioma, você fala ao coração dele”. E Parolin reforçou:
"Ajudar as pessoas e os futuros líderes a se familiarizarem com mais idiomas é dar à nossa humanidade construtores de pontes, capazes de superar os preconceitos, as diferenças, os antagonismos e as polarizações para priorizar o diálogo e o encontro; é dar ao nosso mundo homens que saibam falar às mentes, mas também aos corações dos seus interlocutores, sejam eles parceiros ou adversários."
Mais uma vez, o Papa Francisco encoraja fortemente os responsáveis pela elaboração de políticas, os agentes educacionais e o público em geral "a valorizar a importância da alfabetização para construir uma sociedade mais instruída, fraterna, solidária e pacífica". E, ao invocar graças e bênçãos divinas "a todos promotores da compreensão mútua entre os povos", o Pontífice espera que a humanidade, ao invés de se opor uns contra os outros através de conflitos armados, aprenda a intensificar laços de fraternidade, como já manifestou João Paulo II por ocasião do Dia Mundial da Alfabetização em 1986.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp