Papa voltará ao local que testemunhou encontro pela paz com Peres e Abbas
Salvatore Cernuzio – Cidade do Vaticano
Mesmo lugar, mesma data, porém em um cenário totalmente devastado e devastador, se comparado com dez anos atrás. No próximo dia 8 de junho, um sábado, às 9h30 (horário italiano), o Papa Francisco irá aos Jardins Vaticanos para recordar aquele que muitos consideram como um dos gestos de paz mais significativos do seu pontificado. Tratou-se do encontro com o falecido presidente de Israel, Shimon Peres, e Mahmoud Abbas, presidente do Estado da Palestina, para invocar conjuntamente a paz para o Médio Oriente. Também estiveram presentes o Patriarca Bartolomeu I e uma representação de cristãos, judeus e muçulmanos da Terra Santa () que acompanharam os momentos de oração inter-religiosa e também a cerimônia de plantio de uma oliveira.
O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, confirmou a realização desta recordação - neste momento difícil e preocupante em função da guerra entre isaraelenses e palestinos - precisamente no espaço onde foi plantada a oliveira, não muito distante da sede da Pontifícia Academia de Ciências.
A coragem de fazer a paz
Um momento que revela a profética atualidade das palavras pronunciadas por Francisco há dez anos: "Para fazer a paz é preciso coragem (...). Sim às negociações e não às hostilidades; sim ao respeito dos pactos e não às provocações".
Precisamente a palavra “coragem” foi aquela pronunciada com maior frequência no seu perante os dois líderes israelense e palestino, juntamente com os quais o Sucessor de Pedro dirigiu um apelo a Deus: "Senhor, ajudai-nos Vós! Dai-nos Vós a paz, ensinai-nos Vós a paz, guiai-nos Vós para a paz. Abri os nossos olhos e os nossos corações e dai-nos a coragem de dizer: «nunca mais a guerra»".
Seguiu-se a troca de abraços entre o Papa e Peres, que afirmou que "a paz requer sacrifícios e compromissos" e Abu Mazen, que apelou vigorosamente à "liberdade para o Estado da Palestina".
As orações de judeus, cristãos e muçulmanos
O encontro, fortemente desejado pelo Papa Francisco, realizou-se em três etapas, cada um dedicado à oração de uma das três comunidades religiosas, nesta ordem cronológica: judaica, recitada por um rabino; cristã, com o então Patriarca Latino de Jerusalém, Fouad Twal, que leu as palavras de São João Paulo II; muçulmana, com uma invocação a Alá em árabe. Seguiram-se apertos de mão, gestos de paz, os discursos do Papa, de Bartolomeu, dos dois presidentes, recebidos por Jorge Mario Bergoglio na Santa Marta antes do evento público.
Invocação pela paz
Tantas esperanças foram acesas naquele dia, extintas poucas semanas depois com a explosão de um novo conflito, com ataques e explosões, que entre outras coisas causaram 100 mil deslocados. Depois, em 2015, houve o temor de uma nova Intifada devido a outra série de confrontos, que se intensificaram devido ao fracasso de novas conversações de paz e causaram mais vítimas. E assim ao longo dos anos, com momentos alternados de tensão e de trégua, até 7 de outubro de 2023, dia em que o abismo se reabriu, diante do qual se torna urgente uma oração coral para que a paz regresse à terra de Jesus.
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