Papa aos detentos: todos têm o direito à esperança, apesar dos erros ou fracassos
Thulio Fonseca - Pope
A Penitenciária de Montorio foi a quarta parada do Papa em sua viagem pastoral a Verona, neste sábado, 18 de maio. Francisco chegou por volta do meio-dia à prisão para se encontrar com os detentos, agentes penitenciários, equipes de trabalho e voluntários. A instituição carcerária visitada pelo Pontífice é uma das dez mais superlotadas da Itália, e, com uma capacidade regular de 335, abriga cerca de 567 reclusos de 40 nacionalidades diferentes.
O Papa foi recebido pelos detentos no campo de futebol interno, onde, após um acolhimento afetuoso por parte dos presentes, proferiu seu discurso: “eu queria muito encontrar vocês, todos juntosâ€.
O presídio é um lugar de humanidade
“Para mim, entrar em uma penitenciária é sempre um momento importante, porque o presídio é um lugar de grande humanidadeâ€, disse Francisco aos detentos, “uma humanidade provada, às vezes exausta pelas dificuldades, sentimento de culpa, julgamentos, incompreensões e sofrimento, mas ao mesmo tempo repleta de força, de desejo de perdão, de vontade de redençãoâ€.
“E nessa humanidade, aqui, em todos vocês, em todos nós, está presente hoje o rosto de Cristo, o rosto do Deus da misericórdia e do perdão.â€
Melhoria da situação carcerária
Francisco mencionou a situação dos presídios, frequentemente superlotados, e afirmou que isso resulta em tensões e dificuldades. Ao expressar sua proximidade com os detentos que enfrentam essa realidade, enfatizou:
“Renovo o apelo, especialmente àqueles que podem agir nesse âmbito, para que continuem a trabalhar pela melhoria da vida carcerária.â€
Não se entregar ao desânimo
O Pontífice afirmou ter conhecimento das últimas notícias da instituição, onde, infelizmente, algumas pessoas, em um gesto extremo, desistiram de viver:
“Esse é um ato terrível, ao qual só o desespero e a dor insuportáveis podem causar. Portanto, ao me unir em oração às famílias e a todos vocês, quero convidá-los a não se entregar ao desânimo. A vida sempre é digna de ser vivida, e sempre há esperança para o futuro, mesmo quando tudo parece se apagar.â€
A superação acontece com a ajuda de Deus e do próximo
“Nossa existência, a de cada um de nós, é importante, é um dom único para nós e para os outros, para todos, e sobretudo para Deus, que nunca nos abandona e que, de fato, sabe escutar, se alegrar e chorar conoscoâ€, sublinhou Francisco, encorajando os reclusos, a vencer o desespero e viver cada instante como o tempo oportuno para recomeçar:
“Nos momentos difíceis, não nos fechemos em nós mesmos: falemos com Deus de nossa dor e ajudemo-nos uns aos outros a superá-la, com os companheiros de caminhada e com as pessoas boas que estão ao nosso lado. Não é fraqueza pedir ajuda: façamos isso com humildade e confiança. Todos nós precisamos uns dos outros, e todos temos o direito de ter esperança, além de cada história e de cada erro ou fracasso.â€
Jubileu, um ano de conversão e renovação
O Papa recordou também que dentro de poucos meses, iniciará o Ano Santo, um tempo de conversão, de renovação e de libertação para toda a Igreja, um ano de misericórdia, no qual deixaremos de lado o lastro do passado e renovaremos o impulso em direção ao futuro, e destacou:
“Celebraremos a possibilidade de uma mudança, de ser e, quando necessário, de voltar a ser verdadeiramente nós mesmos, dando o melhor. Seja também esse um sinal que nos ajude a nos reerguer e a tomar nas mãos, com confiança, todos os dias, a nossa vida.â€
Proximidade concreta
Ao concluir seu discurso, o Santo Padre assegurou aos presidiários sua proximidade: “continuemos a caminhar juntos, porque o amor nos une além de qualquer tipo de distância. Recordo-me de vocês em minha oração e peço-lhes, por favor, que rezem também por mimâ€.
Em seguida, junto com uma delegação de cerca de 130 detentos, o Pontífice almoçou na Penitenciária de Montorio. Um gesto concreto de afeto e misericórdia.
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