Agradecimento do Papa ao cardeal Simoni, "mártir vivo" da ditadura na âԾ
Pope
O Papa Francisco, depois de proferir sua catequese, no momento das saudações se dirigiu ao cardeal albanes Ernest Simoni "de modo especial" e o elogiou diante dos milhares de fiéis presentes.
"Todos nós", disse Francisco de forma espontânea, "lemos e ouvimos as histórias dos primeiros mártires da Igreja, são tantos. Mesmo aqui, onde o Vaticano está agora, há um cemitério e muitos neste local foram executados e sepultados. Quando se faz escavações, encontram-se esses túmulos".
Hoje, continuou o Pontífice, "permito-me saudar de modo especial um mártir vivo", o cardeal Simoni. "Ele, como padre, viveu 28 anos na prisão comunista da Albânia, talvez a perseguição mais cruel". O cardeal albanês "continua a dar testemunho. E como ele, muitos", enfatizou o Papa.
"Agora com 95 anos, ele continua a trabalhar para a Igreja sem desanimar. Caro irmão, agradeço-lhe por seu testemunho. Muito obrigado."
Prisão, ameaças e perseguição
O padre Ernest foi preso na noite de Natal de 1963, no final da missa em Barbullush. O acusaram de ser um "inimigo do povo" por causa da missa de sufrágio celebrada pela alma do Presidente Kennedy, que havia morrido um mês antes. No confinamento solitário, onde permaneceu por dezoito anos, trouxeram um amigo com a tarefa de espioná-lo, e os outros companheiros receberam ordens de registrar a sua "fúria previsível" contra o regime. Porém, havia pouco a relatar sobre o padre Ernest, apenas palavras de perdão e oração saíam de sua boca. "Jesus ensinou a amar nossos inimigos e perdoá-los, e que devemos trabalhar para o bem do povo", dizia ele. Inicialmente condenado à morte, sua sentença foi alterada para trabalhos forçados, foram 25 anos trabalhando nos túneis escuros das minas de Spac e depois nos esgotos de Shkodra.
Autêntico testemunho cristão
Durante seu tempo na prisão, o cardeal Simoni contou que celebrava a missa em latim de cor, ouvia confissões de outros prisioneiros, tornando-se pai espiritual de alguns deles, e distribuía a comunhão, com uma hóstia cozida secretamente em um pequeno fogão com vinho feito do suco de uvas. Tudo sempre em segredo. Quando ficou livre, em 5 de setembro de 1990, declarou seu perdão aos seus torturadores, invocando a misericórdia do Pai para eles. Em seguida, começou a servir nos vilarejos, ajudando especialmente as pessoas a se reconciliarem e a banirem o ódio de seus corações. Um serviço que nunca foi interrompido, nem por causa de sua idade nem por causa de sua nomeação como cardeal. Ernest Simoni, com seu testemunho de vida, faz questão de lembrar a todos os mártires e católicos perseguidos em seu país. Entre eles também está o primeiro cardeal albanês da história, criado em 1994 por João Paulo II: Mikel Koliqi (1902-1997), seu conterrâneo de Shkodra e, como Simoni, detido por muito tempo nas prisões do regime comunista, onde cumpriu pelo menos 31 anos de pena.
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