Papa recorda Asia Bibi: testemunho cristão do nosso tempo para um caminho à santidade
Andressa Collet - Pope
A audiência com o Papa Francisco encerrou a conferência anual do Dicastério das Causas dos Santos na manhã desta quinta-feira (16), na Sala Clementina, no Vaticano. Cerca de 100 participantes participaram do encontro, após três dias de aprofundamento sobre o tema "A dimensão comunitária da santidade" do ponto de vista bíblico e sociológico, inspirado em do próprio Pontífice de 2014 sobre a santidade como um caminho comunitário.
No discurso desta quinta (16), Francisco recordou como o argumento da vocação universal à santidade, na sua dimensão comunitária, foi tão importante ao Concílio Vaticano II, falado na Lumen Gentium (cf. cap. V) e também na Gaudete et exsultate. São todos irmãos que pertencem ao "santo povo fiel de Deus" (n. 6), estão próximos e fazem parte das nossas comunidades como santos "da porta ao lado" (n. 7) e "que viveram uma grande caridade nas pequenas coisas da vida cotidiana, mesmo com suas limitações e falhas, seguindo Jesus até o fim".
A santidade que une
O Papa, então, aprofundou esse caminho à santidade através de três aspectos: a santidade que une, a santidade da família e a santidade do mártir. Para explicar o primeiro deles, Francisco destacou que a caridade é que une em Cristo e com os irmãos, promovendo esse percurso "não apenas um fato pessoal, mas também comunitário. Quando Deus chama um indivíduo, é sempre para o bem de todos". A santidade que une, continuou ele, é expressa de modo particularmente comovente por Santa Teresa do Menino Jesus que "contempla a humanidade inteira como o 'jardim de Jesus'", testemunhando uma "evangelização 'por atração'" (Exortação Apostólica Evangelii gaudium, 14).
"A santidade une e, através da caridade dos santos, podemos conhecer o mistério de Deus que 'unido [...] a cada homem' (Gaudium et Spes, 22) abraça toda a humanidade em sua misericórdia, para que todos sejam uma coisa só (cf. Jo 17,22). Como o nosso mundo precisa encontrar a unidade e a paz em um abraço como esse! Precisamos disso..."
A santidade de família
Ao tratar da santidade familiar, o Papa trouxe a imagem da Sagrada Família de Nazaré, além de tantos outros exemplos que a Igreja nos oferece hoje, como os próprios pais de Santa Teresinha, os Santos Luís e Zelia Martin. Eles lembram que "a santificação é um caminho comunitário":
"A santidade dos cônjuges, assim como a santidade particular de duas pessoas distintas, é também santidade comum na conjugalidade: daí a multiplicação - e não mera adição - do dom pessoal de cada um, que se comunica."
A santidade dos mártires
Ao aprofundar o terceiro aspecto, sobre a santidade dos mártires, o Papa explicou que não houve período na história da Igreja "que não tenha tido seus mártires até os dias de hoje". Muitas vezes se trata de "comunidades inteiras que viveram heroicamente o Evangelho ou ofereceram a vida de todos os seus membros a Deus". Francisco, então, finalizou o discurso trazendo o exemplo de Asia Bibi, a mulher cristã condenada no Paquistão por blasfêmia. Após 9 anos de prisão e tortura, ela foi absolvida em outubro de 2018, após uma odisseia judicial e uma intensa mobilização social no mundo.
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