O Papa na ѴDzԲó: trabalhemos juntos para construir um futuro de paz
Raimundo de Lima – Pope
Queira o Céu que, nesta terra devastada por demasiados conflitos, se voltem a criar hoje, no respeito das leis internacionais, as condições daquela que foi outrora a pax mongolica, ou seja, a ausência de conflitos. O primeiro discurso em terras mongóis foi ocasião para o Papa lançar mais um premente apelo em favor da paz no mundo.
De fato, no encontro com as Autoridades, a sociedade civil e o Corpo Diplomático, no Palácio de Estado em Ulan Bator, capital da Mongólia, às 10h20 locais deste sábado (23h20 de sexta-feira no horário de Brasília), Francisco fez seu primeiro discurso neste país situado no coração da Ásia, no âmbito desta sua 43ª viagem apostólica internacional, que tem como lema “Esperar juntos”.
O Santo Padre se disse honrado por estar ali, feliz por ter chegado a esta terra fascinante e vasta para visitar este povo que conhece bem o significado e o valor do caminho. Francisco se definiu peregrino de amizade que chega em ponta de pés e com o coração feliz, desejoso de se enriquecer humanamente na presença de seus anfitriões.
Abrir-se a uma mentalidade de respiro global
Aludindo à vastidão do território, o Pontífice disse que “nos fará bem abraçar com o olhar o amplo horizonte que nos rodeia, superando estreitezas de perspetivas curtas para nos abrirmos a uma mentalidade de respiro global”, como convidam a fazer as gers (moradas tradicionais) que, nascidas da experiência do nomadismo das estepes, espalharam-se por um vasto território, tornando-se um elemento identificador de várias culturas vizinhas”.
Reconhecendo a sabedoria do povo mongol, o Papa ressaltou que esta tem muito a ensinar a quem hoje não quer fechar-se numa míope procura de interesses particulares, mas deseja entregar aos vindouros uma terra ainda acolhedora e fecunda.
Um país sem armas nucleares, onde não há a pena de morte
As gers são espaços habitacionais que hoje poderíamos definir smart e green, porque versáteis, multifuncionais e com impacto-zero sobre o meio ambiente. Além disso, a visão holística da tradição xamânica mongol e o respeito por todo o ser vivo que lhes vem da filosofia budista constituem um válido contributo para o compromisso urgente e inadiável pela tutela do planeta Terra.
Francisco destacou ainda que o povo mongol, desde a antiguidade até ao presente, soube preservar as suas raízes, abrindo-se, especialmente nas últimas décadas, aos grandes desafios globais do progresso e da democracia, desempanhando um papel significativo no coração do grande continente asiático e no cenário internacional.
860 anos do nascimento de Gengis Khan
O Santo Padre lembrou chegar à Mongólia em uma data importante para eles: nos 860 anos do nascimento de Gengis Khan.
Ao longo dos séculos, prosseguiu, o fato de abraçar terras distantes e muito diversas pôs em relevo a capacidade não comum dos vossos antepassados em reconhecer as grandezas dos povos que compunham o imenso território imperial e colocá-las ao serviço do progresso comum. Este é um exemplo que deve ser valorizado e reproposto nos nossos dias, enfatizou o Papa.
Como diz um vosso provérbio, "as nuvens passam, o céu permanece". Oxalá passem as nuvens escuras da guerra, sejam varridas pela firme vontade duma fraternidade universal, na qual as tensões se resolvam com base no encontro e no diálogo, e a todos sejam garantidos os direitos fundamentais! Aqui, no vosso país rico de história e de céu, imploremos este dom do Alto e trabalhemos juntos para construir um futuro de paz.
Um país símbolo de liberdade religiosa
Em seguida, Franciso enalteceu os valores religiosos, sua propensão para a vertente espiritual, e a atitude fundamental da tradição mongol de saber manter o olhar fixo no alto, apontando o país como um símbolo de liberdade religiosa. Elevar os olhos ao céu – aquele eterno céu azul, desde sempre por vós venerado – significa permanecer numa atitude de dócil abertura aos ensinamentos religiosos, destacou.
De fato, constatou o Pontífice, há uma profunda conotação espiritual nas fibras da vossa identidade cultural e é estupendo que a Mongólia seja um símbolo de liberdade religiosa. Efetivamente, graças à contemplação daqueles horizontes infindos, escassamente povoados por seres humanos, aperfeiçoou-se no vosso povo uma propensão para a vertente espiritual, cujo acesso é possível valorizando o silêncio e a interioridade.
Esperar juntos, caminhar com o outro
Antes de concluir, Francisco lembrou que o lema escolhido para esta Viagem – esperar juntos - expressa precisamente as potencialidades contidas no ato de caminhar com o outro, no respeito mútuo e sinergia em prol do bem comum, dizendo-se estar certo de que os próprios católicos mongóis estão e continuarão a estar prontos a dar a própria contribuição para a construção duma sociedade próspera e segura, em diálogo e colaboração com todos os componentes que habitam esta grande terra beijada pelo céu.
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