RDCongo. Papa ¨¤s obras de caridade: estender a m?o para dar a dignidade
Jane Nogara - Pope
O último compromisso do Papa Francisco no segundo dia de viagem à República Democrática do Congo (01/02) foi com os representantes de algumas obras sociocaritativas na Nunciatura Apostólica local. Francisco iniciou sua saudação aos presentes afirmando que neste país, ¡°onde há tanta violência que ribomba como o estrondo duma árvore derrubada, vós sois a floresta que cresce dia a dia em silêncio e torna o ar melhor, respirável¡±. ¡°Assim cresce o bem¡± disse, ¡°na simplicidade de mãos e corações estendidos para os outros, com a coragem dos pequenos passos para se aproximar dos mais frágeis em nome de Jesus¡±.
Carinho aos necessitados
Depois de dizer que ficou impressionado pelo carinho que as associações dedicam aos pobres reconheceu: ¡°Obrigado por este olhar que sabe reconhecer Jesus nos seus irmãos mais pequeninos. O Senhor deve ser procurado e amado nos pobres e, como cristãos, devemos ter cuidado para não nos distanciar deles, porque há algo errado quando um crente se mantém à distância dos prediletos de Cristo¡±.
As casas do Papa servem para a promoção humana
¡°É bom poder dar-vos voz aqui na Nunciatura, porque as Representações Pontifícias, as ¡®casas do Papa¡¯ espalhadas pelo mundo, são e devem ser amplificadores de promoção humana, cruzamentos de caridade, na vanguarda da diplomacia da misericórdia favorecendo ajudas concretas e promovendo redes de cooperação¡±. Animando os presentes disse ainda: ¡°Aquilo que fazeis é maravilhoso, mas nada fácil. Dá vontade de chorar ao ouvir histórias, como as que me contastes, de pessoas que sofrem condenadas pela indiferença geral a uma vida errante que as leva a viver na rua, expondo-as ao risco de violências físicas e abusos sexuais e até à acusação de bruxaria, quando estão apenas carentes de amor e de cuidados¡±. ¡°Assim como me entristeceu-me ouvir¡±, prosseguiu o Pontífice, ¡°que também aqui, como em muitas partes do mundo, crianças e idosos são descartados. Além de escandaloso, isso é nocivo para a sociedade inteira, que se constrói precisamente a partir do cuidado pelos idosos e as crianças, pelas raízes e o futuro.
Duas perguntas
Francisco partilhou com os presentes duas perguntas: ¡°A primeira: isto vale a pena? Vale a pena comprometer-se à vista de um oceano de carências em constante e dramático aumento? Não será trabalhar em vão, para além de se mostrar muitas vezes desanimador?¡±. Respondendo este quesito recordou o que disse uma testemunha (irmã Maria Celeste): ¡°Apesar da nossa pequenez, o Senhor crucificado deseja ter-nos ao seu lado para suportar o drama do mundo¡±. E o Papa completou: ¡°É verdade! A caridade sintoniza com Deus, e Ele surpreende-nos com prodígios inesperados que acontecem através de quem ama¡±. ¡°O bem é assim: é difusivo, não se deixa paralisar pela resignação e pelas estatísticas, mas convida a dar aos outros aquilo que gratuitamente recebemos¡±. E animou todos para que os jovens vejam isto:
¡°Concluindo, vale a pena!¡± disse o Papa. ¡°E é um bom sinal que as Autoridades, através dos acordos recentes com a Conferência Episcopal, tenham reconhecido e valorizado a obra de quantos se empenham em campo sociocaritativo¡±. E disse ainda que não significa delegar ao voluntariado o cuidado dos mais frágeis: ¡°São tarefas prioritárias de quem governa¡±. E dizendo ainda que os crentes em Cristo ¡°nunca devem manchar o testemunho da caridade, que é testemunho de Deus, com a busca de privilégios e poder. Isso não!¡±
Viver o Evangelho
Em seguida abordou a questão, ¡°Como praticar a caridade e que critérios seguir?¡±, sugerindo três pontos simples para isso: ¡°Antes de mais nada, a caridade requer exemplaridade: de fato, não é apenas algo que se faz, mas expressão daquilo que se é. É um estilo de vida; é viver o Evangelho. ¡°O segundo ponto: clarividência, isto é, saber olhar ao longe. É fundamental que as iniciativas e as boas obras, além de responder às necessidades imediatas, sejam sustentáveis e duradouras. E falando sobre este ponto recordou:
Por fim Francisco resumiu os pontos necessários para praticar a caridade: ¡°Exemplaridade, clarividência e o terceiro elemento: conexão: é preciso construir rede, não apenas de forma virtual, mas concretamente, como sucede na sinfonia de vida da grande floresta deste país e sua variegada vegetação. Construir rede: trabalhar cada vez mais juntos, estar em constante sinergia entre vós, em comunhão com as Igrejas locais e com o território".
"Trabalhar em rede: cada qual com o seu carisma, mas juntos, interligados, partilhando as urgências, as prioridades, as necessidades, sem fechamentos nem auto-referencialidades, prontos a juntar-se a outras comunidades cristãs e outras religiões e aos inúmeros organismos humanitários presentes. Tudo, para benefício dos pobres".
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