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A cruz feita com estilhaços de vidro das janelas de casas ucranianas destruídas por bombardeios. A cruz feita com estilhaços de vidro das janelas de casas ucranianas destruídas por bombardeios. 

Papa recebe uma cruz, símbolo da dor do povo ucraniano

A cruz foi entregue pelo padre Vyacheslav Grynevych, secretário geral da Caritas Spes-±«³¦°ùâ²Ô¾±²¹, que se encontrou com o Papa na Santa Marta na tarde de terça-feira

Michele Raviart - Cidade do Vaticano

Um encontro comovente, três dias antes do primeiro aniversário da invasão russa da Ucrânia. Esta é a experiência contada ao Pope pelo padre Vyacheslav Grynevych, secretário geral da Caritas Spes-Ucrânia, que na tarde de terça-feira, 21, se encontrou com o Papa em audiência privada na Casa Santa Marta. O sacerdote ucraniano deu a Francisco uma cruz feita com estilhaços de vidro das janelas das casas destruídas pelos bombardeios.

Padre Vyacheslav, como foi o encontro com o Papa Francisco?

Este encontro foi realmente um bom momento para testemunhar o que, como Caritas local e como Caritas Internationalis, estamos fazendo na Ucrânia. Também nós, como agentes eclesiais, somos vítimas da guerra. Temos que lutar não apenas por nossas vidas, mas também por nossa espiritualidade. O Papa está conosco, em oração, está fazendo muitas coisas, mas quando não se vislumbra a possibilidade de resolver a situação de guerra nos deparamos com o cansaço e ele nos exortou como Caritas a continuar nosso trabalho. Ele repetiu que está conosco de todo o coração e está fazendo tudo o que é possível nesta terrível situação. Deixei para ele uma Cruz feita com vidros de janelas destruídas por bombardeios. Eu disse a ele que essas janelas destruídas não apenas mostram as casas destruídas que tentamos reconstruir, mas também mostram nossos corações, o que temos dentro. E no centro da cruz está a imagem de uma borboleta que é um sinal de esperança, porque esperamos a ressurreição. E junto com toda a sociedade e com a ajuda internacional, podemos avançar e reconstruir tudo o que os russos destruíram nesta terrível guerra. Também entreguei ao Papa o texto de uma Via Crucis que nós operadores da Caritas Spes na Ucrânia havíamos preparado mostrando nossa experiência de guerra. É uma reflexão muito íntima, e pedi ao Santo Padre que a lesse porque será uma oração muito forte para nós. Acredito que o Santo Padre em sua oração possa unir todos os nossos corações.

O que dizem as meditações sobre esta Via Sacra?

Há tantas histórias relacionadas à nossa experiência. Na estação onde Jesus encontra sua mãe, é lembrado quando as mães de soldados na Ucrânia esperam seus filhos da guerra e alguns não voltam e recebem a informação de que seu filho está morto. E essas são histórias verdadeiras, histórias de nossos entes queridos e de nossos amigos. Em outra estação, são descritos os sentimentos das crianças sob bombardeio, quando as crianças não conseguem dormir. Depois, há uma meditação sobre as tantas sepulturas que agora existem emtoda a Ucrânia com corpos de pessoas sem nome, ninguém sabe quem são, mas para nós essas sepulturas são lugares sagrados.

De onde vêm os vidros da Cruz que foi doada ao Santo Padre?

Da região de Kiev, principalmente dos locais bombardeados nos primeiros dias da guerra.

Nesta quarta-feira o senhor apresenta o trabalho que as Caritas de tantos países está fazendo em favor da Ucrânia…

Esta solidariedade internacional é muito importante para nós, é importante estarmos unidos para responder às necessidades humanitárias causadas pela guerra. Acho que é mais fácil seguir em frente quando você sabe que não está sozinho e para nós isso é um sinal muito importante. Estamos na linha de frente e sempre corremos o risco de ser atacados, mas nos sentimos unidos a todos os outros agentes da Caritas que trabalham com refugiados ucranianos na Itália e em outros países: todos estamos vivendo a mesma experiência. Digamos que nós também somos soldados, mas da guerra social. Por isso, acho muito importante estarmos unidos como a Caritas: não estamos sozinhos.

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22 fevereiro 2023, 07:00