Papa: somos respons¨¢veis n?o s¨® pelo que fazemos, mas tamb¨¦m pelo que n?o fazemos
Silvonei José - Pope
O Santo Padre, entregou aos presentes na audiência à Sociedade Max Planck um discurso no qual, depois de agradecer o presidente da Sociedade, Martin Stratmann pelas suas palavras aproveitou o momento para reafirmar o apreço da Santa Sé pela pesquisa científica, e em particular, às milhares de pessoas, dentro dos numerosos Institutos, que trabalham a serviço de um conhecimento cada vez mais profundo e mais preciso nas diferentes áreas do conhecimento.
No texto Francisco encoraja a Sociedade Max Planck a manter, como sempre fez, os mais altos padrões de integridade científica, para que permaneça livre de influências inapropriadas seja de natureza política, seja econômica. Esta é uma exigência imprescindível em todas as etapas do trabalho científico, desde a fase inicial até a divulgação dos resultados e sua utilização. Parece-me ¨C escreve o Papa - que em nosso tempo, deve ser salvaguardado, e se possível, aumentado o apoio à ciência pura. De fato, sem de forma alguma diminuir a ciência aplicada, devemos reconhecer a natureza de bem público da ciência pura, cujos resultados devem ser colocados a serviço do bem comum.
Francisco destacou em seguida que o anúncio do nascimento do chamado "pensamento híbrido", resultante da hibridização do pensamento biológico e não-biológico, que permitiria ao homem não ser suplantado pela Inteligência Artificial, levanta questões de grande relevância, tanto no plano ético quanto social.
Devemos considerar, de fato, - acrescenta o Papa -, que a fusão entre a capacidade cognitiva do homem e o poder computacional da máquina alteraria substancialmente a espécie homo sapiens. Não podemos então deixar de nos colocar a questão do significado último, ou seja, a direção, do que está acontecendo diante de nossos olhos. Se para aqueles que se reconhecem no projeto transhumanista isto não é motivo de preocupação, o mesmo não pode ser dito para aqueles que, por outro lado, estão empenhados em fazer avançar o projeto neo-humanista, segundo o qual a lacuna entre ação e inteligência não pode ser aceita. Se se separa a capacidade de resolver problemas, da necessidade de ser inteligente ao fazê-lo, o que se anula é a intencionalidade e, portanto, a ética do agir. Estou certo ¨C disse o Santo Padre -, de que a Sociedade Max Planck vai querer dar uma contribuição fundamental a este respeito.
A última consideração do Papa foi sobre a época da Segunda Modernidade, um princípio de responsabilidade "técnica" que começou a se difundir nas esferas da grande ciência, e que não admite o julgamento moral do que é bom e do que é mau. O agir, especialmente das grandes organizações, deveria ser avaliado em termos puramente funcionais, como se tudo o que é possível fosse, por isso mesmo, eticamente lícito. A Igreja ¨C frisou Francisco - nunca poderá aceitar tal posição, de cujas trágicas consequências já tivemos muitas provas. Ao contrário, - concluiu Francisco - é a responsabilidade de cuidar do outro, e não apenas de prestar contas do que se fez, que devemos trazer de volta ao centro de nossa cultura de hoje. ¡°Porque somos responsáveis não só pelo que fazemos, mas também, e sobretudo, pelo que não fazemos, mesmo podendo fazê-lo¡±.
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