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Militares ucranianos procuram minas terrestres em meio a valas em uma floresta nos arredores de Izyum, leste da Ucr?nia, em 16 de setembro de 2022. (Foto de Juan BARRETO/AFP) Militares ucranianos procuram minas terrestres em meio a valas em uma floresta nos arredores de Izyum, leste da Ucr?nia, em 16 de setembro de 2022. (Foto de Juan BARRETO/AFP) 

Selvageria e monstruosidade: do cardeal Krajewski ao Papa, os relatos da Ucr?nia

O Santo Padre, como tem feito nas Audi¨ºncias Gerais e nos Angelus desde o in¨ªcio da guerra na Ucr?nia, voltou a falar sobre o martirizado pa¨ªs, ap¨®s receber relatos do seu enviado, cardeal Krajewski, das "selvagerias" e "monstruosidades" com que se deparou em sua quaera miss?o ao pa¨ªs do Leste europeu.

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A guerra na Ucrânia não dá tréguas. Neste sentido, continuam também os apelos do Papa Francisco, que ao final da Audiência Geral desta quarta-feira, 21, falou sobre os relatos que recebeu do Esmoler pontifício, cardeal Konrad Krajewski, enviado em missão pela quarta vez  ao martirizado país:

E também gostaria de chamar a atenção para a terrível situação da martirizada Ucrânia. O cardeal Krajewski foi lá pela quarta vez. Ontem ele me ligou, ele está passando um tempo lá, ajudando na área de Odessa e levando a proximidade. Ele me contou sobre a dor desse povo, as selvagerias, as monstruosidades, os cadáveres torturados que encontram. Juntemo-nos a este povo tão nobre e mártir.

"Não há palavras, não há lágrimas", havia dito o cardeal polonês depois de rezar na floresta próxima a Izyum - localidade recém libertada dos invasores russos - onde foram encontradas fossas comuns, com os restos mortais de cerca 450 pessoas, incluindo civis - alguns com marcas de tortura -, alguns militares e ao menos duas crianças. Ele estava acompanhado por Dom Pavlo Honcharuk, bispo da Diocese de Kharkiv-Zaporizhia.

 

"Ali - disse o purpurado polonês - assistimos a uma 'celebração' - podemos dizer - onde 50 homens jovens, na maioria policiais, bombeiros, soldados vestidos de macacão branco estavam cavando e retirando das valas, muitas vezes comuns, os corpos dos pobres ucranianos mortos, cerca de 3-4 meses atrás, alguns enterrados ali há pouco tempo". Fica-se chocado com tanto horror. "Eu sei... há a guerra, e a guerra não conhece piedade, há também os mortos. Certamente ver tantos em uma só área é algo difícil de contar, de explicar".

"Aconteceu uma coisa que me tocou tanto: estes jovens ucranianos estavam tirando os corpos tão delicadamente, tão silenciosamente, em completo silêncio. Parecia uma celebração, ninguém falava, e ali havia muitas pessoas, policiais, soldados... Pelo menos 200 pessoas. Todos em silêncio, com uma incrível reverência pelo mistério da morte. Realmente tinha muita coisa para aprender com esses jovens¡±.

Na última sexta-feira, dia em que recordava sua ordenação episcopal em 2013, o Esmoler pontifício, depois de carregada a van com alimentos e ter se dirigido para uma área onde, "além dos soldados, não entra mais ninguém", acompanhado por dois bispos, um católico e um protestante, e por um soldado, temeu por sua vida ao ser alvo de disparos. "Pela primeira vez na minha vida eu não sabia para onde fugir... porque não basta correr, é preciso saber para onde".

Já na noite de ontem, Vladimir Putin anunciou a mobilização de 300 mil reservistas, entre outras medidas. Em um discurso à nação, expressou total apoio aos referendos sobre a anexação dos territórios ocupados pelas tropas de Moscou e as repúblicas separatistas de Lugansk e Donetsk. Ademais, o Parlamento russo endurece as penas para quem se esquiva do recrutamento, para quem se entrega voluntariamente ao Exército ucraniano no front e para os desertores.

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21 setembro 2022, 10:07