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O Papa: Joaquim e Ana ajudem-nos a honrar nossos av¨®s e idosos

¡°Joaquim e Ana intercedam por n¨®s! Ajudem-nos a guardar a hist¨®ria que nos gerou e a construir uma hist¨®ria geradora. Que eles nos lembrem a import?ncia espiritual de honrar os nossos av¨®s e os nossos idosos, aprender com a sua presen?a para construir um futuro melhor: um futuro onde os idosos n?o sejam descartados porque ¡®j¨¢ n?o s?o de utilidade¡¯; um futuro que n?o julgue o valor das pessoas s¨® pelo que produzem": disse o Papa Francisco na Missa desta ter?a-feira (26/06) em Edmonton, no °ä²¹²Ô²¹»å¨¢

Raimundo de Lima ¨C Pope

¡°Na casa de Joaquim e Ana, o pequenino Jesus conheceu os idosos da sua família e experimentou a proximidade, a ternura e a sabedoria dos avós¡±: disse o Papa Francisco na Missa celebrada no Estádio Commonwealth, em Edmonton, no Canadá, esta terça-feira, 26 de julho, em que a Igreja celebra a Festa de São Joaquim e Sant¡¯Ana, pais de Nossa Senhora, sendo também celebrado nesta data o Dia dos Avós e Bisavós. O povo canadense é muito ligado à festa dos avós de Jesus.

Filhos duma história que devemos guardar

Ouça a reportagem com a voz do Papa Francisco

Já no início de sua homilia, o Santo Padre convidou a pensar, também nós, nos nossos avós, e a refletir sobre dois aspectos importantes. O primeiro: somos filhos duma história que devemos guardar.

¡°Não somos indivíduos isolados, não somos ilhas; ninguém vem ao mundo desligado dos outros. As nossas raízes, o amor com que fomos aguardados e que recebemos ao vir ao mundo, os ambientes familiares onde crescemos, fazem parte duma única história, que nos precedeu e gerou. Não a escolhemos, mas recebemo-la de prenda; é uma prenda que somos chamados a guardar. Pois, como nos lembrou o livro do Eclesiástico - disse o Papa referindo-se à primeira Leitura -, somos ¡®a posteridade¡¯ de quem nos precedeu, a sua ¡®rica herança¡¯. Uma herança cujo centro, mais do que nas proezas ou na autoridade de uns, na inteligência ou na criatividade do canto e da poesia de outros, está na justiça, na fidelidade a Deus, à sua vontade. E isto no-lo transmitiram.¡±

Francisco lembrou que estamos aqui ¡°estamos aqui graças aos pais, mas também graças aos avós que nos fizeram experimentar ser bem-vindos no mundo. Muitas vezes foram eles a amar-nos sem reservas e sem nada esperar de nós: tomaram-nos pela mão quando tínhamos medo, tranquilizaram-nos na escuridão da noite, encorajaram-nos quando, à luz do sol, devíamos enfrentar as opções da vida¡±. Graças aos nossos avós, acrescentou o Pontífice, recebemos uma carícia da parte da história que nos precedeu: ¡°aprendemos que o bem, a ternura e a sabedoria são raízes sólidas da humanidade. Na casa dos avós, muitos de nós respiramos o perfume do Evangelho, a força duma fé que tem o sabor de casa. Graças a eles, descobrimos uma fé familiar, doméstica; sim, porque é deste modo que se comunica essencialmente a f顱. O Papa ressaltou que somos filhos, porque somos netos.

Artesãos duma história a construir

Francisco ateve-se, em seguida, sobre o segundo aspecto acerca do qual quis refletir: além de filhos duma história a guardar, somos artesãos duma história a construir. Cada um pode reconhecer aquilo que é, com as suas luzes e sombras, conforme o amor que recebeu ou que lhe faltou.

¡°O mistério da vida humana é este: todos somos filhos de alguém, gerados e plasmados por alguém, mas, uma vez tornados adultos, somos também chamados a ser geradores, pais, mães e avós de outrem. Por conseguinte, olhando para a pessoa que somos hoje, que queremos fazer de nós mesmos? Os avós de quem descendemos, os idosos que sonharam, esperaram e se sacrificaram por nós, lançam-nos uma pergunta fundamental: Que sociedade quereis construir? Recebemos tanto das mãos de quem nos precedeu, que queremos deixar em herança à nossa posteridade?¡±

¡°Uma fé viva ou uma fé tipo ¡®água de colônia¡¯, uma sociedade fundada no lucro dos indivíduos ou na fraternidade, um mundo em paz ou em guerra, uma criação devastada ou uma casa ainda acolhedora? ¨C continuou o Pontífice.

O Senhor nos quer tecelões de esperança, operadores de paz

Francisco observou que muitas vezes se avalia a vida com base no dinheiro que se ganha, na carreira que se faz, no sucesso e consideração que se recebem dos outros. Mas estes não são critérios geradores. ¡°O problema é: Estou a gerar vida? Estou introduzindo na história um novo e renovado amor que antes não havia? Estou a anunciar o Evangelho onde estou a viver, estou a servir alguém gratuitamente, como fez comigo quem me precedeu? Que faço pela minha Igreja, pela minha cidade e a sociedade? É fácil criticar, mas o Senhor não nos quer apenas críticos do sistema, não nos quer fechados e ¡®retrógrados¡¯, mas artesãos duma história nova, tecelões de esperança, construtores do futuro, operadores de paz.¡±

¡°Joaquim e Ana intercedam por nós! Ajudem-nos a guardar a história que nos gerou e a construir uma história geradora - continuou o Santo Padre. Que eles nos lembrem a importância espiritual de honrar os nossos avós e os nossos idosos, aprender com a sua presença para construir um futuro melhor: um futuro onde os idosos não sejam descartados porque ¡®já não são de utilidade¡¯; um futuro que não julgue o valor das pessoas só pelo que produzem; um futuro que não seja indiferente com quem, já em idade avançada, precisa de mais tempo, escuta e solicitude; um futuro onde, para ninguém, se repita a história de violência e marginalização sofrida pelos nossos irmãos e irmãs indígenas."

Francisco concluiu afirmando tratar-se de um futuro possível ¡°se, com a ajuda de Deus, não quebrarmos o vínculo com quem nos precedeu e alimentarmos o diálogo com quem virá depois de nós: jovens e idosos, avós e netos, em conjunto. Avancemos juntos, sonhemos juntos¡±.

Edmonton, Santa Missa, 26 de julho de 2022 - Papa Francisco

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26 julho 2022, 19:05