Papa: caminhando com Jesus, se aprende a ver o outro e sentir compaix茫o
Jackson Erpen 鈥 Cidade do Vaticano
É importante conhecer a Deus, prestar-lhe culto, mas acima de tudo, é importante colocar em prática o que se aprende 鈥渃aminhando nas pegadas de Cristo鈥, como o samaritano, pois se aprende 鈥渁 ver e a sentir compaixão.鈥 E quando dou esmola, se não olho nos olhos da pessoa que ajudo, se não toco a sua miséria, então aquela esmola é para mim mesmo.
Viu e sentiu compaixão
鈥淰er e sentir compaixão鈥: dirigindo-se aos milhares de fiéis e turistas reunidos na Praça São Pedro para o Angelus dominical deste XV Domingo do Tempo Comum, o Papa inspirou sua reflexão a partir dessas duas palavras presentes na Parábola do Bom Samaritano, narrada no Evangelho de Lucas (Lc 10,25-37). Duas atitudes que o 鈥渄iscípulo do Caminho鈥 aprende ao mudar gradativamente seu modo de pensar e agir ao seguir o Mestre, conformando-se a Ele.
Toda a cena se passa na estrada de Jerusalém a Jericó, onde à beira do caminho está um homem que foi espancado e roubado. Por ele passam um sacerdote - que 鈥渙 vê, mas não para, segue adiante鈥 - e um levita. Quem para diante da cena, é um samaritano que estava viajando: 鈥渃hegou perto dele, viu e sentiu compaixão", diz o Evangelho:
Não se esqueça destas palavras: 鈥渟entiu compaixão dele鈥; é o que Deus sente cada vez que nos vê em um problema, em um pecado, em uma miséria: 鈥渟entiu compaixão dele鈥. O evangelista faz questão de salientar que ele estava viajando. Portanto, aquele Samaritano, apesar de ter seus planos e estar direcionado para um objetivo distante, não encontra desculpas e se deixa interpelar pelo que acontece ao longo do caminho. Pensemos nisso: o Senhor não nos ensina a fazer exatamente isso? Olhar para a frente, para a meta final, prestando muita atenção, no entanto, aos passos a serem dados, aqui e agora, para chegar lá.
Aprendizado dos "discípulos do Caminho" é contínuo
O Papa recorda que os primeiros cristãos eram chamados de "discípulos do Caminho", pois no seguimento de Jesus estão aprendendo todos os dias, em caminho, viajantes, o que muito os assemelha ao samaritano:
O discípulo de Cristo caminha seguindo-o, tornando-se assim um "discípulo do Caminho". Ele vai atrás do Senhor, que não é um sedentário, mas sempre em movimento: pelo caminho encontra pessoas, cura doentes, visita povoados e cidades.
Assim 鈥 observou Francisco - o "discípulo do Caminho" vê que 鈥渟eu modo de pensar e agir muda gradativamente, tornando-se cada vez mais conforme ao do Mestre. Caminhando nas pegadas de Cristo 鈥 diz o Papa - torna-se um viajante e aprende - como o samaritano - a ver e a sentir compaixão鈥. Mas antes de tudo, ele vê:
Ele abre os olhos para a realidade, não se fecha egoisticamente no círculo de seus próprios pensamentos. Em vez disso, o sacerdote e o levita veem a vítima, mas é como se não o vissem, seguem adiante.
Mas o seguir Jesus, além de ver, também ensina a ter compaixão:
O Evangelho nos educa a ver: orienta cada um de nós a compreender corretamente a realidade, superando preconceitos e dogmatismos dia após dia. Tantos crentes se refugiam nos dogmatismos para defender-se da realidade. E depois ensina-nos a seguir Jesus, porque seguir Jesus ensina-nos a ter compaixão: estar atentos aos outros, especialmente aos que sofrem, aos que mais precisam. E intervir como o samaritano, não seguir em frente, mas parar.
Pedir a graça de ver e sentir compaixão
E diante desta Parábola 鈥 chama a atenção o Papa 鈥 pode existir o risco de apontarmos o dedo para os outros, 鈥渃omparando-os ao sacerdote e ao levita鈥, ou para nós mesmos, 鈥渆numerando a falta de atenção ao próximo鈥. Assim, o exercício a ser feito é outro, sugere:
Não tanto o de nos culpar. Claro, devemos reconhecer quando fomos indiferentes e nos justificamos, mas não nos detenhamos aí. Devemo reconhecer, isso é um erro. Mas peçamos ao Senhor que nos faça sair da nossa indiferença egoísta e nos coloque no Caminho. Peçamos a ele para ver e sentir compaixão. Esta é uma graça, devemos pedi-la ao Senhor: "Senhor, que eu veja, que eu sinta compaixão, como Tu me vês e Tu sentes compaixão de mim". Esta é a oração que vos sugiro hoje (...). Que sintamos compaixão daqueles que encontramos ao longo do caminho, especialmente aqueles que sofrem e estão necessitados, para nos aproximarmos e fazer o que pudermos para dar uma mão.
Tocar a miséria daqueles a quem ajudo
Então, saindo do texto preparado, o convite do Santo Padre a tocarmos as misérias dos que sofrem:
Tantas vezes quando me encontro com algum cristão ou cristã, que vem falar de coisas espirituais, eu pergunto se dão esmola. 鈥淪im!鈥, me dizem. Diga-me: Tu tocas a mão da pessoa para a qual dás a moeda? 鈥淣ão, não, a coloco ali鈥. E tu olhas nos olhos dessa pessoa? 鈥淣ão, não me vem em mente鈥. Se tu dás a esmola sem tocar a realidade, sem olhar nos olhos da pessoa necessitada, aquela esmola é para ti, não para ele. Pense nisso. Eu toco as misérias - também aquela miséria que eu ajudo -, eu olho nos olhos das pessoas que sofrem, das pessoas as quais eu ajudo? Deixo-vos esse pensamento. Ver e ter compaixão!
Que a Virgem Maria - disse ao concluir - nos acompanhe neste caminho de crescimento. Ela, que "nos mostra o Caminho", isto é, Jesus, também nos ajude a ser cada vez mais "discípulos do Caminho".
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