O Papa: judeus e cristãos, trabalhar juntos para o bem comum
Mariangela Jaguraba - Pope
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira (30/05), no Vaticano, uma delegação da B’nai B’rith International, organização judaica que trabalha para melhorar a qualidade de vida das pessoas em todo o mundo, dedicada aos direitos humanos.
Essa instituição judaica "tem uma longa história de contatos com a Santa Sé, desde os tempos da publicação da Declaração Conciliar Nostra Aetate", disse o Pontífice no início de seu discurso, enfatizando que "as pessoas necessitadas têm o direito à ajuda e solidariedade da comunidade ao seu redor, têm sobretudo direito à esperança. Se o dever de cuidar delas diz respeito a todos, é ainda mais válido para nós, judeus e cristãos: para nós ajudar os necessitados também significa colocar em prática a vontade do Altíssimo, que, segundo o Salmo, «protege os estrangeiros, sustenta o órfão e a viúva», ou seja, cuida das categorias sociais mais frágeis, das pessoas marginalizadas".
Promover uma maior fraternidade
De acordo com o Papa, "socorrer os últimos, os pobres e os doentes é a maneira mais concreta de promover uma maior fraternidade. Pensando em tantos conflitos e extremismos perigosos, que colocam em risco a segurança de todos, deve-se observar que muitas vezes o maior fator de risco é representado pela pobreza material, educacional e espiritual, que se torna terreno fértil para alimentar o ódio, a raiva, a frustração e o radicalismo".
Queridos amigos, vivemos numa época em que a paz é ameaçada em muitas partes do mundo: perspectivas particularistas e nacionalistas, movidas por interesses egoístas e ganância pelo lucro, parecem cada vez mais querer assumir o controle. Mas isso aumenta o risco de que, no final, a perder e ser pisoteada seja apenas a dignidade humana. Para evitar a escalada do mal, é importante recordar o passado, recordar as guerras, recordar a Shoah, e muitas outras atrocidades.
Segundo o Papa, "diante da violência, diante da indiferença", as Sagradas Escrituras "nos trazem de volta o rosto do irmão". "A fidelidade ao que somos, à nossa humanidade, é medida pela fraternidade, é medida no rosto do outro", sublinhou.
O engano da violência e da guerra
A este propósito, impressionam na Bíblia as perguntas que o Todo-Poderoso faz ao homem desde as suas origens. Se a Caim Ele perguntou: Onde está seu irmão? a Adão perguntou: "Onde você está?". "Não se encontra a si mesmo sem procurar o irmão e não encontra o Eterno sem abraçar o próximo", disse o Papa, acrescentando:
Nisso é bom que nos ajudemos uns aos outros, pois em cada um de nós, em toda tradição religiosa, bem como em toda sociedade humana, há sempre o risco de incubar rancores e alimentar contendas contra os outros, e fazê-lo em nome de princípios absolutos e até sagrados. É a falsa tentação da violência, é o mal aninhado na porta do coração. É o engano segundo o qual com a violência e com a guerra se resolvem as contendas. Em vez disso, a violência sempre gera mais violência, armas produzem morte e a guerra nunca é a solução, mas um problema, uma derrota.
Promover e aprofundar o diálogo judaico-católico
O Papa encorajou os membros da organização judaica a prosseguirem na intenção de continuar protegendo "as irmãs e os irmãos, especialmente os mais frágeis e esquecidos. Podemos fazer isso juntos: podemos trabalhar em prol dos últimos, da paz, da justiça e da proteção da criação".
Francisco disse ainda que sempre fez questão de promover e aprofundar o diálogo judaico-católico, desde criança, pois na escola tinha colegas judeus. "Um diálogo feito de rostos que se encontram, de gestos concretos de fraternidade. Avancemos juntos, baseados nos valores espirituais compartilhados, a fim de defender a dignidade humana contra toda violência, para buscar a paz. Que o Todo-Poderoso nos abençoe, para que nossa amizade cresça e possamos trabalhar juntos para o bem comum", concluiu.
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