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O Papa com os membros da Comissão Internacional Anglicana e Católica Romana O Papa com os membros da Comissão Internacional Anglicana e Católica Romana

Francisco: viagem ao Sudão do Sul, peregrinação ecumênica de paz

O Papa sublinhou que "o diálogo ecumênico é um caminho: é muito mais do que conversar juntos. Não, é fazer e não apenas falar. Fazer". Recordou a viagem ao Sudão do Sul de 5 a 7 de julho próximo na esperança de que esta possa inspirar "os cristãos no Sudão do Sul e no mundo a serem promotores da reconciliação, tecelões de concórdia, capazes de dizer não à perversa e inútil espiral da violência e das armas".

Mariangela Jaguraba - Pope

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (13/05), no Vaticano, os membros da Comissão Internacional Anglicana e Católica Romana (ARCIC).

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Francisco sublinhou que esta Comissão de Diálogo se comprometeu "a deixar para trás o que compromete nossa comunhão e aumentar os laços que unem católicos e anglicanos. Tem sido um caminho, às vezes rápido, às vezes lento e difícil.  Mas, enfatizo, foi, é e será um caminho. Isto é muito importante".

A seguir, o Papa fez uma reflexão sobre a palavra caminho, recordando o último documento da Comissão, intitulado "Caminhando juntos na estrada". "É uma questão, como nos lembrou o Apóstolo dos Gentios, de seguir em frente, deixar para trás as coisas que dividem, no passado como no presente, e manter juntos o olhar fixo em Jesus e na meta que Ele deseja e nos indica, a da unidade visível entre nós. É uma unidade a ser acolhida com humildade, como a graça do Espírito, e ser levada adiante num caminho, apoiando-se reciprocamente.

O diálogo ecumênico é um caminho: é muito mais do que conversar juntos. Não, é fazer e não apenas falar. Fazer. É uma questão de nos conhecer pessoalmente e não apenas nos livros, de partilhar metas e cansaço, de sujar as mãos socorrendo juntos os irmãos e irmãs feridos que vivem descartados às margens do mundo, de contemplar com um único olhar e proteger com o mesmo compromisso a criação que nos circunda, de nos encorajar nas fadigas da caminhada. Este é o significado do caminho.  Como vocês sabem, a Igreja Católica iniciou um processo sinodal: para que esse caminho comum seja assim, a contribuição da Comunhão Anglicana não pode faltar. Sentimos vocês como preciosos companheiros de viagem.

A esse propósito, o Papa recordou que o arcebispo de Cantuária, Justin Welby, e o moderador da Igreja da Escócia, serão seus companheiros de viagem durante sua visita ao Sudão do Sul de 5 a 7 de julho próximo, viagem adiada devido às dificuldades do país.

Será uma peregrinação ecumênica de paz. Rezemos para que inspire os cristãos no Sudão do Sul e no mundo a serem promotores da reconciliação, tecelões de concórdia, capazes de dizer não à perversa e inútil espiral da violência e das armas. Lembro-me que esse caminho começou anos atrás com um retiro espiritual feito aqui, no Vaticano, com os líderes do Sudão do Sul, Justin e o moderador da Igreja da Escócia. Um caminho ecumênico com os políticos do Sudão do Sul.

Depois, o Papa refletiu sobre a palavra dom. "Se o caminho indica a modalidade, o dom revela a alma do ecumenismo", disse ele. "Cada busca por uma comunhão mais profunda só pode ser uma troca de dons, onde cada um assimila como seu próprio o que Deus semeou no outro. Essa preocupação também esteve no centro do trabalho mais recente da sua Comissão", sublinhou.

"A pergunta que surge é: qual é a atitude certa para que uma troca de dons não se reduza a uma espécie de ato formal, de circunstância? Qual é o caminho certo?", perguntou o Papa. "Falar francamente sobre questões eclesiológicas e éticas, confrontar-se nos incomoda, é arriscado, poderia aumentar as distâncias em vez de favorecer um encontro. Pensamos que isso requer, como condições fundamentais, humildade e verdade.  Começa-se assim, admitindo com humildade e honestidade nossos próprios esforços. Este é o primeiro passo: não tomar cuidado em aparecer bonitos e seguros diante do irmão, apresentando-se a ele como sonhamos em ser, mas para mostrar-lhe com o coração aberto como realmente somos e mostrar também os nossos limites", sublinhou Francisco, acrescentando que "os pecados que levaram às nossas divisões históricas só podem ser superados em humildade e verdade, começando pelo sentir dor pelas feridas recíprocas e sentindo a necessidade de dar e receber perdão. Só assim entraremos em sintonia com o Espírito Santo, o dom de Deus, Aquele que se doa a nós para recompor a harmonia, porque Ele mesmo é harmonia que reconcilia as diversidades na unidade. Os dons do Espírito nunca são para uso exclusivo de quem os recebe. São bênçãos para todo o povo de Deus".

O Papa disse ainda que "A unidade é maior que o conflito." "Os conflitos nos fecham. Não devemos cair na escravidão do conflito. É por isso que o caminho da unidade é maior que o conflito. Em vez disso, a crise é boa: distinguir entre crise e conflito. Nós, em nosso diálogo, devemos entrar em crise, e isso é bom, porque a crise é aberta, ajuda a superar. Mas não cair no conflito que leva a guerras e divisões", concluiu Francisco.

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13 maio 2022, 12:11