Papa: uma economia sem tráfico humano cuida das pessoas, não visa lucros fáceis
Andressa Collet – Pope
O Papa Francisco também se uniu à que, nesta segunda-feira (8), está mobilizando o mundo, da Oceania às Américas, para 7 horas de celebração em resposta ao próprio apelo do Pontífice para combater o fenômeno e trabalhar na conscientização de uma economia que não use as pessoas como fins de mercadoria. A participação do Papa foi o momento central do evento com a divulgação de uma mensagem em vídeo.
Na oportunidade, Francisco deu a sua contribuição em relação ao tema escolhido pela Rede Internacional de Vida Consagrada para a data, ou seja, “Economia sem Tráfico de Pessoas”. O Papa afirmou que uma economia sem tráfico de pessoas é uma economia que cuida das pessoas, por exemplo, que oferece emprego para uma construção social segura; é uma economia com regras de mercado que promovam a justiça e, assim, é uma economia corajosa para “conjugar o legítimo lucro com a promoção do emprego e de condições dignas de trabalho”.
Rezar e promover gestos concretos
Neste e de memória litúrgica de Santa Bakhita – símbolo do compromisso da Igreja contra a escravidão, Francisco dirigiu a mensagem a todos que trabalham, estudam e refletem contra o fenômeno – além de quem viveu e está vivendo hoje o drama do tráfico em primeira pessoa – e que estão unidos espiritualmente e rezando na maratona on-line, inclusive, através de vários momentos inter-religiosos. Esta jornada especial, disse o Pontífice, é importante para “encorajar a não parar de rezar e lutar juntos” e a promover gestos concretos, que “abram caminhos para a emancipação social” de toda pessoa escravizada para “voltar a ser protagonista livre da própria vida”.
“Caríssimos, este é um Dia de Oração. Sim, há necessidade de rezar para apoiar as vítimas do tráfico e as pessoas que acompanham os processos de integração e reinserção social. É preciso rezar para que possamos aprender a nos aproximar com humanidade e coragem a quem é marcado por tanta dor e desespero, mantendo viva a esperança. Rezar para sermos sentinelas capazes de discernir e fazer escolhas orientadas para o bem. A oração toca o coração e nos impulsiona a ações concretas, a ações inovadoras, corajosas, que sabem assumir o risco, confiando no poder de Deus (cf. Mc 11:22-24).”
A economia solidária: aquela do cuidado
A própria memória litúrgica de Santa Bakhita, comentou o Papa, ajuda a invocar a “dimensão da fé e da oração” pelas “pessoas traficadas, as suas famílias e comunidades”. Já sobre gestos concretos para ajudar a combater o fenômeno, Francisco oferece três direções para seguir ao destino de uma “Economia sem Tráfico de Pessoas”. A primeira delas que seja uma economia de cuidado, ou seja, que cuide “das pessoas e da natureza”, criando oportunidades de emprego, por exemplo, “que não explorem o trabalhador com condições de trabalho degradantes e horários extenuantes”.
A economia justa para as pessoas
O Papa também sugeriu que se promova uma economia justa em favor das pessoas, não de interesses dominantes como o lucro:
“U economia sem tráfico de pessoas é uma economia com regras de mercado que promovem a justiça e não interesses especiais exclusivos. O tráfico de pessoas encontra terreno fértil na abordagem do capitalismo neoliberal, na desregulamentação dos mercados que visa maximizar os lucros sem limites éticos, sem limites sociais e sem limites ambientais. Se essa lógica for seguida, há apenas o cálculo das vantagens e desvantagens. As escolhas não são feitas com base em critérios éticos, mas, sim, através do favorecimento de interesses dominantes, muitas vezes habilmente revestidos com uma aparência humanitária ou ecológica.”
A coragem de uma nova economia
Por fim, na mensagem em vídeo, o Papa ressaltou que para promover uma economia sem tráfico de pessoas é preciso, antes de tudo, coragem na escolha, “não no sentido da imprudência, das operações arriscadas em busca de lucros fáceis”. Ao contrário, comentou Francisco: é preciso “audácia” para uma construção paciente que não vise “única e exclusivamente a vantagem em curtíssimo prazo, mas os frutos a médio e longo prazo e, sobretudo, as pessoas”.
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