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Papa Francisco em visita aos doentes em setembro de 2017 Papa Francisco em visita aos doentes em setembro de 2017  

Papa: a proximidade ¨¦ um b¨¢lsamo para quem sofre na doen?a

Cuidar do outro ¨¦ praticar a f¨¦, ¡°pois ningu¨¦m est¨¢ imune do mal da hipocrisia¡±, diz o Papa Francisco na mensagem para o Dia Mundial do Enfermo 2021. O Pont¨ªfice repete a cr¨ªtica feita por Jesus a quem diz, mas n?o faz e acaba reduzindo a f¨¦ a ¡°exerc¨ªcios verbais est¨¦reis, sem se envolver na hist¨®ria e nas necessidades do outro¡±.

Bianca Fraccalvieri ¨C Cidade do Vaticano

«Um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos»: este versículo do Evangelho de Mateus (Mt 23, 8) inspirou a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Enfermo de 2021, celebrado tradicionalmente no dia 11 de fevereiro, dia de Nossa Senhora de Lourdes.

O texto foi divulgado esta terça-feira (12/01) e é intitulado ¡°A relação de confiança, na base do cuidado dos doentes¡±.

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De modo especial, o Pontífice dedica a mensagem às pessoas que sofrem em todo o mundo os efeitos da pandemia do coronavírus. ¡°A todos, especialmente aos mais pobres e marginalizados, expresso a minha proximidade espiritual, assegurando a solicitude e o afeto da Igreja.¡±

Ninguém está imune do mal da hipocrisia

Quanto ao trecho do Evangelho de Mateus, o Papa explica que Jesus critica a hipocrisia de quantos dizem, mas não fazem. Esta crítica, afirma,  é sempre salutar para todos, ¡°pois ninguém está imune do mal da hipocrisia¡±, um mal muito grave, cuja consequência é reduzir a fé a ¡°exercícios verbais estéreis, sem se envolver na história e nas necessidades do outro¡±, isto é, uma incoerência entre o credo professado e a vida real.

A experiência da doença, escreve Francisco, nos faz sentir a nossa vulnerabilidade e, ao mesmo tempo, a necessidade natural do outro. A doença obriga a questionar-se sobre o sentido da vida; uma pergunta que, na fé, se dirige a Deus.

A doença tem um rosto

Como remédio à hipocrisia, Jesus propõe sentir empatia e deixar-se comover pelo sofrimento do irmão.

A doença, afirma ainda o Papa, tem sempre um rosto: o rosto de todas as pessoas doentes, que se sentem ignoradas, excluídas, vítimas de injustiças sociais que lhes negam direitos essenciais.

Para Francisco, a atual pandemia colocou em evidência tantas insuficiências dos sistemas sanitários e carências na assistência às pessoas doentes, que deveria ser uma prioridade. ¡°Isto depende das opções políticas, do modo de administrar os recursos e do empenho de quantos revestem funções de responsabilidade.¡±

¡°Ao mesmo tempo, a pandemia destacou também a dedicação e generosidade de profissionais de saúde, voluntários, trabalhadores e trabalhadoras, sacerdotes, religiosos e religiosas: com profissionalismo, abnegação, sentido de responsabilidade e amor ao próximo, ajudaram, trataram, confortaram e serviram tantos doentes e os seus familiares.¡±

Com efeito, prossegue o Papa, ¡°a proximidade é um bálsamo precioso, que dá apoio e consolação a quem sofre na doença¡±. Quem serve, fixa sempre o rosto do irmão, toca a sua carne, sente a sua proximidade e, em alguns casos, até ¡°padece¡± com ela. ¡°Por isso, o serviço nunca é ideológico, dado que não servimos ideias, mas pessoas¡±, escreve o Pontífice, citando uma sua homilia pronunciada em Havana, Cuba, em 2015.

Confiança

Neste serviço para com os mais necessitados, Francisco aponta como decisivo o ¡°aspecto relacional¡±, isto é, a confiança que se cria entre o doente e quem o acompanha.

¡°Esta relação com a pessoa doente encontra uma fonte inesgotável de motivações e energias precisamente na caridade de Cristo, como demonstra o testemunho milenar de homens e mulheres que se santificaram servindo os enfermos.¡±

As curas realizadas por Jesus, destaca o Pontífice, nunca são gestos mágicos, mas fruto de um encontro, uma relação interpessoalem que ao dom de Deus, oferecido por Jesus, corresponde a fé de quem o acolhe.

Que ninguém fique sozinho

Francisco então conclui recordando que uma sociedade é tanto mais humana quanto melhor souber cuidar dos seus membros frágeis e atribulados e o fizer com uma eficiência animada por amor fraterno. ¡°Tendamos para esta meta, procurando que ninguém fique sozinho, nem se sinta excluído e abandonado.¡±

Por fim, o Papa confia todos os doentes e agentes da saúde a Maria, Mãe de Misericórdia e Saúde dos Enfermos. ¡°Que Ela, da Gruta de Lurdes e dos seus inumeráveis santuários espalhados por todo o mundo, sustente a nossa fé e a nossa esperança e nos ajude a cuidar uns dos outros com amor fraterno. A todos e cada um concedo, de coração, a minha bênção.¡±

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12 janeiro 2021, 12:01