A Santa Sé: Comunidade internacional cancele a dívida dos países vulneráveis
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“A Santa Sé encoraja este Comitê a encontrar a maneira de enfatizar as implicações éticas e mais amplas da atividade econômica nos próximos anos e a necessidade de transformar a economia para que esteja realmente a serviço da pessoa humana.”
Foi o que disse o observador permanente da Santa Sé, na ONU, dom Gabriele Caccia, durante seu discurso nesta quarta-feira (07/10), em Nova York, no qual ofereceu algumas reflexões sobre questões de política macroeconômica.
Primeiramente, dom Caccia sublinhou que a inclusão financeira e o desenvolvimento sustentável foram gravemente atingidos pela pandemia da Covid-19, e teve “um impacto devastador na economia, no emprego, na produção sustentável, no comércio internacional e nacional”. Estados, famílias e indivíduos, quase ninguém escapou das dificuldades econômicas devido às consequências do vírus, mas algumas pessoas e alguns países sentiram mais o impacto. “Os países em desenvolvimento, ao administrar a pandemia com sistemas de saúde muitas vezes inadequados, foram atingidos por um triplo choque econômico: queda na demanda de exportação, queda nos preços das matérias-primas e uma fuga de capital sem precedentes”.
Para superar esta recessão econômica global, dom Caccia convidou a todos a trabalharem juntos para garantir que os “pacotes de retomada” econômicos, os “pacotes de regeneração”, estejam a serviço do bem comum. “O objeto de particular atenção nos esforços de retomada devem ser as micro, pequenas e médias empresas, pois são elas que constituem a espinha dorsal das economias tanto dos países desenvolvidos quanto dos países em desenvolvimento, e os trabalhadores com empregos “informais”, com trabalhos de meio período ou sazonais, muitos deles migrantes, que recorrem a organizações beneficentes e instituições religiosas para sobreviver", frisou o representante vaticano.
Diante da obrigação dos Estados em desenvolvimento de desviar os recursos nacionais escassos para o pagamento da dívida, prejudicando o desenvolvimento integral, enfraquecendo os sistemas de saúde e educação, reduzindo “a capacidade dos Estados de criar condições para a realização dos direitos humanos fundamentais”, o arcebispo salientou que “a Santa Sé deseja incentivar a Comunidade internacional a enfrentar os crescentes desequilíbrios econômicos entre os Estados através da reestruturação da dívida e, em última instância, “o cancelamento da dívida dos países mais vulneráveis”, em vista da crise de saúde, social e econômica que devem enfrentar por causa da Covid-19.
Dom Caccia convidou à cooperação internacional a fim de combater os fluxos financeiros ilícitos (IFF), que subtraindo “recursos dos gastos públicos e cortando os capitais disponíveis para os investimentos privados, privam os países dos recursos necessários para fornecer serviços públicos, financiar programas de redução da pobreza e melhorar a infraestrutura”, e incentivam atividades criminosas que prejudicam o Estado de Direito e a estabilidade política.
“O trabalho das Nações Unidas sobre questões de política macroeconômica deve refletir atentamente sobre as implicações éticas a fim de que cada pessoa possa alcançar a prosperidade econômica e cada país possa viver em paz”, concluiu o representante da Santa Sé.
Pope Service - AP/MJ
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