Na educa??o habita a semente da esperan?a: Papa conclama a um novo Pacto Educativo Global
Bianca Fraccalvieri ¨C Pope
Para 2020, eram aguardados dois grandes eventos convocados pelo Papa Francisco: um sobre a economia e outro sobre a educação. Ambos foram adiados devido à pandemia, mas não é possível mais esperar.
Por isso, virtualmente através de uma videomensagem divulgada num evento organizado na Pontifícia Universidade Lateranense, Francisco atualizou o convite feito a toda a sociedade civil em 12 de setembro de 2019 para ¡°dar vida a um projeto educativo, investindo as nossas melhores energias¡±.
Catástrofe educativa
O próprio Papa revela que quando idealizou este novo projeto, nunca lhe ¡°passou pela cabeça¡± a situação que viria a se criar com a Covid-19. O coronavírus acentuou a disparidade de oportunidades educacionais e tecnológicas, a ponto de constituir-se uma ¡°catástrofe educativa¡±.
Talvez a expressão seja forte, afirma ele, mas se fala de catástrofe porque cerca de dez milhões de crianças poderiam ser obrigadas a abandonar a escola por causa da crise econômica gerada pelo coronavírus. A crise, portanto, é muito mais profunda, é geral: está em crise ¡°a nossa forma de compreender a realidade e de nos relacionarmos entre nós¡±.
Eis então que entra em jogo o ¡°poder transformador da educação¡±: ¡°educar é sempre um ato de esperança que convida à comparticipação transformando a lógica estéril e paralisadora da indiferença numa lógica diferente, capaz de acolher a nossa pertença comum¡±.
Educar é um ato de amor
Para Francisco, é necessário renovar o percurso formativo para construir novos paradigmas, capazes de responder aos desafios e emergências do mundo atual, pois a educação ¨C diz ainda o Papa ¨C ¡°é um dos caminhos mais eficazes para humanizar o mundo e a história¡±.
O nosso futuro, prossegue Francisco, não pode ser a divisão, o empobrecimento das faculdades de pensamento e imaginação, de escuta, diálogo e compreensão mútua.
Tampouco nosso futuro pode favorecer ¡°graves injustiças sociais, violações dos direitos, pobrezas profundas e descartes humanos¡±. O futuro também não pode ser feito de jovens que sofram de depressão, toxicodependências, de meninas-noivas e de crianças-soldado ou de menores vendidos e escravizados
"Para e com" as gerações de jovens
Portanto, quando fala de um novo Pacto Educativo Global, o Papa tem em mente um projeto ¡°para e com as gerações jovens, que empenhe as famílias, as comunidades, as escolas e universidades, as instituições, as religiões, os governantes, a humanidade inteira na formação de pessoas maduras¡±.
Isso requer audácia, afirmou o Pontífice, citando um trecho de sua nova encíclica: ¡°Sejamos parte ativa na reabilitação e apoio das sociedades feridas. Hoje temos à nossa frente a grande ocasião de expressar o nosso ser irmãos, de ser outros bons samaritanos que tomam sobre si a dor dos fracassos, em vez de fomentar ódios e ressentimentos» (Enc. Fratelli tutti, 77). Em síntese: precisamos da capacidade de criar harmonia.
Investir nossas melhores energias com coragem
Na sequência, Francisco faz a proclamação em sete pontos dos compromissos a assumir para quem adere ao novo Pacto, como: colocar a pessoa em primeiro lugar, ouvir a voz das crianças, dos jovens e da família, investir na educação das meninas, educar ao acolhimento, encontrar novas formas de compreender a economia e a política, assim como guardar e cultivar a casa comum.
¡°Enfim, queridos irmãos e irmãs, queremos empenhar-nos corajosamente a dar vida, nos nossos países de origem, a um projeto educativo, investindo as nossas melhores energias e também iniciando processos criativos e transformadores em colaboração com a sociedade civil.¡±
Neste processo, Francisco aponta a doutrina social da Igreja como ponto de referência, recordando que as grandes transformações não se constroem à mesa, mas com a contribuição de todos.
Após as palavras do Papa, o evento na Lateranense prosseguiu com a participação da diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, e com os promotores do evento, isto é, com os responsáveis pela Congregação para a Educação Católica, o cardeal Giuseppe Versaldi e o arcebispo Angelo Vincenzo Zani. Também intervieram acadêmicos e estudantes.
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