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Papa Francisco na Audi¨ºncia Geral de 4 de dezembro de 2019 Papa Francisco na Audi¨ºncia Geral de 4 de dezembro de 2019 

Papa: crist?os chamados a testemunhar a experi¨ºncia da beleza de Deus

A experi¨ºncia da beleza de Deus, "n?o seria essa surpreendente descoberta a maior contribui??o que os crist?os poderiam dar para sustentar a esperan?a dos homens? ? uma tarefa da qual n?o podemos nos esquivar, especialmente nesta estreita curva da hist¨®ria. ? o chamado a ser transpar¨ºncias da beleza que mudou as nossas vidas, testemunhas concretas do amor que salva, sobretudo em rela??o ¨¤queles que agora mais sofrem¡±, diz a mensagem enviada ao Encontro de Rimini.

Jackson Erpen - Pope

 ¡°Demo-nos conta de estar no mesmo barco, todos frágeis e desorientados. A tempestade desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e prioridades. Mostra-nos como deixamos adormecido e abandonado aquilo que nutre, sustenta e dá força à nossa vida e à nossa comunidade.¡±

Com estas palavras pronunciadas pelo Papa em 27 de março na Praça São Pedro, tem início a mensagem assinada pelo cardeal Pietro Parolin e enviada ao bispo de Rimini, Dom Francesco Lambiasi, por ocasião da 41ª edição do ¡°Encontro para a amizade entre os povos¡±, realizado este ano virtualmente. Diante das questões levantadas pela pandemia, os cristãos - diz a mensagem - têm a missão de sustentar a esperança dos homens, por meio do testemunho da experiência da beleza de Deus.

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Resgatar a capacidade do "maravilhar-se"

 

O título deste ano - "Privados de maravilha, permanecemos surdos ao sublime" - oferece uma contribuição preciosa e original em um momento vertiginoso da história. ¡°Na busca dos bens, mais que do bem ¨C observa o secretário de Estado na mensagem - muitos apostaram exclusivamente na própria força, na capacidade de produzir e ganhar, renunciando àquela atitude que na criança constitui o tecido do olhar sobre a realidade: o maravilhar-se.¡°

E é justamente esta capacidade de maravilhar-se que coloca a vida em movimento, ¡°permitindo a ela recomeçar em qualquer circunstância¡±. ¡°É a atitude que devemos ter no começo do ano, porque a vida é um dom que nos possibilita começar sempre de novo¡±, havia dito o Papa Francisco na Missa de 1º de janeiro de 2019, insistindo então na necessidade de readquirir a capacidade de se maravilhar para viver: ¡°a vida, sem nos maravilharmos, torna-se cinzenta, rotineira; e de igual modo a fé. Também a Igreja precisa renovar a sua maravilha por ser casa do Deus vivo, Esposa do Senhor, Mãe que gera filhos¡±.

Nos últimos meses  - recorda a mensagem - experimentamos aquela dimensão do deslumbramento, ¡°que assume a forma da compaixão diante do sofrimento, da fragilidade, da precariedade da existência¡±, um nobre sentimento humano que ¡°levou médicos e enfermeiros a enfrentar o grave desafio do coronavirus com dedicação extenuante e admirável compromisso.¡±

O mesmo sentimento pleno de carinho pelos próprios estudantes ¨C prossegue ¨C ¡°permitiu a muitos professores acolher o cansaço do ensino à distância, garantindo o fim do ano letivo. Da mesma forma, permitiu que muitos encontrassem nos rostos e na presença de familiares a força para enfrentar as adversidades e sofrimentos¡±.

Neste sentido, o tema do ¡°Meeting¡± constitui ¡°um poderoso chamado para descer às profundezas do coração humano por meio da corda do deslumbramento¡±.

Qual o significado da vida, da dor, da morte?

 

Assim, ¡°como não experimentar uma original sensação de deslumbramento diante do espetáculo de uma paisagem de montanha, ou de ouvir uma música que faz vibrar a alma, ou simplesmente diante da existência de quem nos ama e do dom da criação? O deslumbramento é verdadeiramente a forma de apreender os sinais do sublime, isto é, daquele Mistério que constitui a raiz e o fundamento de todas as coisas.¡±

 Se tal meta não for cultivada, tornamo-nos cegos diante da existência, fechados em nós mesmos, ficamos atraídos pelo efêmero e deixamos de questionar a realidade. Mas ¡°também no deserto da pandemia, ressurgiram questões frequentemente adormecidas: qual é o significado da vida, da dor, da morte?¡°.

O homem ¨C escreveu Jorge Mario Bergoglio na ¡®Vida de padre Giusani¡¯ - não pode se contentar com respostas reduzidas ou parciais, obrigando-se a censurar ou esquecer algum aspecto da realidade. Dentro de si ele possui um anseio pelo infinito, uma triteza infinita, uma nostalgia que só se satisfaz com uma resposta igualmente infinita. A vida seria um desejo absurdo se esta resposta não existisse¡±.

Confinamento devolveu forma mais genuína de apreciar a existência

 

Mesmo sem ter consciência disso, não poucas pessoas foram ¡°em busca de respostas ou mesmo apenas questionaram-se sobre o sentido da vida, a que todos aspiram¡±.

Assim, ao invés de matar a sede mais profunda a este respeito, o confinamento despertou em alguns a capacidade de se maravilhar diante de pessoas e fatos antes tidos por óbvios. Tal dramática circunstância devolveu, pelo menos por um tempo, uma forma mais genuína de apreciar a existência, sem aquele complexo de distrações e preconceitos que poluem os olhos, sufocam as coisas, esvaziam o deslumbramento e nos distraem de perguntar quem somos.¡±

Também a experiência da beleza, que muitas vezes compreendemos por meio dos artistas, é decisiva para a existência. ¡°Um mundo sem beleza ¨C dizia Hans Urs von Balthasar ¨C perdeu sua força de sua atração¡±, levando o homem a se perguntar ¡°por que não deveria então preferir o mal?¡±

Diante de todo esse contexto, o tema do ¡°Meeting¡± lança ¡°um desafio decisivo aos cristãos, chamados a testemunhar a atração profunda que a fé exerce em virtude da sua beleza: «a atração de Jesus»¡±.

Com a experiência da beleza de Deus, sustentar a esperança dos homens

 

Neste sentido ¨C escreve o cardeal Parolin ¨C o Santo Padre ¡°convida-vos a continuar a colaborar com ele no testemunhar a experiência da beleza de Deus, que se fez carne para que os nossos olhos se maravilhem de ver o seu rosto e os nossos olhares encontrem nele a maravilha de viver.¡±

¡°Não seria essa surpreendente descoberta, a maior contribuição que os cristãos poderiam dar para sustentar a esperança dos homens?", pergunta. "É uma tarefa da qual não podemos nos esquivar, especialmente nesta estreita curva da história. É o chamado a ser "transparências da beleza" que mudou nossa vida, testemunhas concretas do amor que salva, sobretudo em relação àqueles que agora mais sofrem¡±.

A mensagem conclui com a Bênção Apostólica concedida pelo Santo Padre a toda a comunidade do ¡°Meeting de Rimini¡±.

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17 agosto 2020, 13:02