ÃÛÌÒ½»ÓÑ

Busca

A preciosidade da vida humana A preciosidade da vida humana 

Papa: uma sociedade ¨¦ ¡°civil¡± se combate a ¡°cultura do descarte¡±

Nesta quinta-feira (30), ao receber a Congrega??o para a Doutrina da F¨¦, o Papa Francisco falou do valor intang¨ªvel da vida humana, do cuidado dos doentes nas fases cr¨ªticas e terminais, e da necessidade de reescrever a ¡°gram¨¢tica¡± ao assumir e cuidar da pessoa que sofre. Presente na audi¨ºncia no Vaticano, o arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo.

Benedetta Capelli, Andressa Collet ¨C Cidade do Vaticano

Ouça a reportagem com a voz do Papa

O Papa Francisco recebeu em audiência na manhã desta quinta-feira (30), na Sala Clementina, no Vaticano, os participantes da assembleia plenária da Congregação para a Doutrina da Fé, inclusive, o arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo.

As palavras do Pontífice foram dedicadas ao cuidado das pessoas nas fases críticas e terminais da vida, além da urgência de ¡°converter o olhar do coração¡± à luz da compaixão. O Papa sublinhou o bem que fazem os asilos, onde se pratica a ¡°terapia da dignidade¡±. Francisco exortou, então, a prosseguir com firmeza o estudo em relação à revisão das normas sobre delicta graviora, contidas no Motu proprio ¡°Sacramentorum sanctitatis tutela¡±, de João Paulo II, para seguir na estrada da transparência e do respeito da dignidade dos menores.

A doutrina, uma realidade dinâmica

O Pontífice começou o discurso agradecendo pelo trabalho desenvolvido a serviço da Igreja na promoção e tutela da integridade da doutrina cristã ¨C que não é ¡°um sistema rígido e fechado em si¡± e nem mesmo ¡°uma ideologia¡±. O Papa descreveu o conceito como sendo uma ¡°realidade dinâmica¡±, que se ¡°renova de geração em geração¡± e se resume ¡°num rosto, num corpo e num nome: Jesus Cristo Ressuscitado¡±.

¡°Graças ao Senhor Ressuscitado, a fé se abre ao próximo e às suas necessidades, daquelas menores até as maiores. Por isso, a transmissão da fé exige que se considere o seu destinatário, que se conheça ele e o ame efetivamente.¡±

O tema da preciosidade da vida humana

O Papa Francisco então discorreu sobre o contexto sociocultural vivido atualmente com o enaltecimento da ¡°eficiência e utilidade¡± da vida humana e a ¡°perda dos valores autênticos¡± em detrimento aos ¡°deveres imperativos da solidariedade e da fraternidade¡± que rendem a vida preciosa. O Pontífice explicou:

¡°Na realidade, uma sociedade merece a qualificação de ¡®civil¡¯ se desenvolve os anticorpos contra a cultura do descarte; se reconhece o valor intangível da vida humana; se a solidariedade é efetivamente praticada e protegida como fundamento da convivência. Quando a doença bate à porta da nossa vida, aflora sempre mais em nós a necessidade de ter próximo alguém que nos olhe nos olhos, que segure a mão, que manifeste a sua ternura e cuide de nós, como o Bom Samaritano da parábola evangélica (Mensagem para XXVIII Dia Mundial do Enfermo, 11/02/2020).¡±

A ¡°gramática¡± da cura

O Papa então recordou o quanto é importante a compaixão, ¡°um refrão¡± no Evangelho, e a presença de um Bom Samaritano, uma ¡°plataforma humana de relações¡±, que abrem à esperança, bálsamo para acalmar o ¡°desconforto emotivo¡± e a ¡°angústia espiritual¡±. ¡°Não abandonar jamais ninguém¡±, sublinhou Francisco, ¡°em presença de maus incuráveis. A vida humana, devido o seu destino eterno, conserva todo o seu valor e toda a sua dignidade em qualquer condição, inclusive de precariedade e fragilidade, e, como tal, é sempre digna da máxima consideração¡±.

¡°O tema do cuidado dos doentes, nas fases críticas e terminais da vida, chama em causa a tarefa da Igreja de reescrever a ¡®gramática¡¯ do assumir e do cuidar da pessoa que sofre. O exemplo do Bom Samaritano ensina que é necessário converter o olhar do coração porque, muitas vezes, quem olha não vê. Por quê? Porque falta a compaixão. Sem a compaixão, quem olha não se sente envolvido naquilo que observa e passa além; ao contrário, quem tem o coração compassivo é tocado e envolvido, se detém e cuida.¡±

A terapia da dignidade

¡°Quem, no caminho da vida, acendeu também apenas uma chama na hora escura de alguém não viveu em vão¡±: Francisco citou Santa Teresa de Calcutá para desenhar ¡°o estilo da proximidade e da partilha¡±, ¡°tornando mais humano o morrer¡±. Uma tarefa importante que hoje realizam os asilos.

¡°A esse propósito, penso quanto bem fazem os asilos para os cuidados paliativos, onde os doentes terminais são acompanhados com um qualificado apoio médico, psicológico e espiritual, para que possam viver com dignidade, confortados da proximidade das pessoas queridas, a fase final da vida terrena deles. Desejo que tais centros continuem a ser lugares nos quais se pratiquem com empenho a ¡®terapia das dignidade¡¯, alimentando assim o amor e o respeito pela vida.¡±

Rigor e transparência

O Pontífice ainda expressou apreço pelo estudo iniciado sobre a revisão das normas sobre os delicta graviora, contidas no Motu proprio ¡°Sacramentorum sanctitatis tutela¡±, de São João Paulo II. Um empenho que se coloca na direção de uma atualização da normativa para tornar mais eficazes os procedimentos à luz das novas situações e problemáticas do atual contexto sociocultural.

¡°Exorto vocês a prosseguir com firmeza nessa tarefa para oferecer uma contribuição válida num âmbito em que a Igreja está diretamente envolvida a prosseguir com rigor e transparência no tutelar a santidade dos Sacramentos e a dignidade humana violada, especialmente dos pequenos.¡±

Enfim, Francisco parabenizou o documento elaborado pela Pontifícia Comissão Bíblica sobre os temas fundamentais da antropologia bíblica que aprofunda ¡°uma visão global do projeto divino, iniciado com a criação e que encontra a sua realização em Cristo, o Homem novo¡±, ¡°a chave, o centro e o fim de toda a história humana¡±.

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp

30 janeiro 2020, 14:37