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Papa a ju¨ªzes e advogados do Tribunal Apost¨®lico: tutelem os casais crist?os

Como ?quila e Priscila, a Igreja hoje precisa de c?njuges crist?os que sejam testemunhas coerentes do Evangelho. Ao receber no Vaticano os membros do Tribunal Apost¨®lico da Rota Romana na manh? deste s¨¢bado (25), o Papa convidou os pastores a defender o matrim?nio das ideologias e particularismos.

Cecilia Seppia, Andressa Collet ¨C Cidade do Vaticano

O Papa recebeu em audiência na manhã deste sábado (25), no Vaticano, cerca de 350 pessoas para a inauguração do Ano Judiciário do Tribunal Apostólico da Rota Romana. No encontro, promovido todos os anos com o Pontífice, Francisco falou de casais evangelizadores, em movimento e em escuta ao Espírito Santo, mestres de proximidade e gratuidade.

Ao se dirigir a juízes, oficiais, advogados e colaboradores, o Papa apresentou Áquila e Priscila, descritos nos Atos dos Apóstolos, como um modelo santo de vida conjugal.

¡°É aquilo que precisariam as nossas paróquias, sobretudo nas áreas urbanas nas quais o pároco e os seus colaboradores clérigos jamais poderão ter tempo e força para alcançar fiéis que, mesmo se declarando cristãos, permanecem ausentes da frequência dos sacramentos e desconhecidos ¨C ou quase ¨C do conhecimento de Cristo.¡±

Proximidade e gratuidade

Áquila e Priscila, afirmou o Papa, ¡°evangelizavam sendo mestres da paixão pelo Senhor e pelo Evangelho¡±, uma paixão do coração que não se traduz em palavras vazias, mas em gestos concretos de proximidade aos irmãos mais necessitados, de acolhida, de cuidado e gratuidade, referências da Reforma do Processo Matrimonial desejada pelo Pontífice. E é nesse ponto que Bergoglio interpelou os juízes presentes e questionou se, ao julgar, eles têm estado próximos ao coração das pessoas, se têm aberto o coração à gratuidade e também se têm sido tomados por interesses econômicos e comerciais. E Francisco ressaltou: ¡°o juízo de Deus será muito forte sobre isso¡±.

Sacudir do sono

Não deixar os casais às margens da pastoral cristã para que ela não seja pastoral de elite que esqueça do povo, mas ser pastores que escutam o rebanho, que se colocam ao lado, que aprendem a língua das pessoas e que sejam capazes de apoiar as pessoas durante as noites e nas suas solidões, inquietações e fracassos: é isso que o Papa pediu aos pastores, aos bispos, aos párocos e até aos juízes, de amar, como fez o Apóstolo Paulo, casais de casados missionários disponíveis a alcançar praças e edifícios e cidades onde ainda não penetra a luz de Cristo.

¡°... casais cristãos que tenham a coragem de sacudir o sono, como fizeram Áquila e Priscila, capazes de serem agentes, não digamos em modo autônomo, mas carregados de coragem até o ponto de acordar do torpor e do sono os pastores, talvez muito parados ou bloqueados pela filosofia do pequeno círculo dos perfeitos. O Senhor veio buscar os pecadores, não os perfeitos.¡±

Tutelar o matrimônio das ideologias

Aos pastores, entregou também a tarefa de iluminar e guiar os santos casais cristãos, de dar a eles visibilidade, de mostrar uma nova capacidade ao viver o matrimônio e de tutelar para que não caiam na rede das ideologias, que minam a solidez do sacramento.

¡°É preciso vigiar para que não caiam no perigo do particularismo, escolhendo de viver em grupos selecionados; ao contrário, é preciso se abrir à universalidade da salvação. De fato, se somos gratos a Deus pela presença da Igreja, de movimentos e associações que não descuidam da formação de casais cristãos, por outro lado se deve com força afirmar que a paróquia é, por si, o lugar eclesial do anúncio e do testemunho porque é naquele contexto territorial que já vivem casais cristãos, dignos de iluminar, os quais podem ser testemunhas ativas da beleza e do amor conjugal e familiar.¡±

Voltar às raízes

Hoje o mundo precisa de casais de cônjuges em movimento, insistiu o Papa, retornando, porém, idealmente às raízes do cristianismo, lá onde a Igreja ¡°foi despojada de todo poder humano, foi pobre, foi humilde, foi oprimida, foi heroica¡± e restabelecendo a primazia do Espírito Santo, verdadeiro autor e motor da evangelização que, se não invocado, permanece desconhecido e ausente.

O Papa, concretamente, exorou a viver as próprias paróquias como um ¡°território jurídico-salvador¡±, casa entre as casas, família das famílias, Igreja pobre para os pobres, rede de casais entusiastas e enamorados pelo Ressuscitado, como Áquila e Priscila, capazes de uma nova revolução da ternura e do amor, jamais apagados, jamais cansados.

¡°Devemos estar convictos, e gostaria de dizer, seguros, que na Igreja, semelhantes casais de cônjuges são já um dom de Deus e não por nosso mérito: pelo fato que são fruto da ação do Espírito, que jamais abandona a Igreja. Melhor, o Espírito espera o ardor por parte dos pastores para que não seja apagada a luz que esses casais difundem nas periferias do mundo.¡±

Não desistir de ser Igreja de poucos

O Papa concluiu dizendo que, de Áquila e Priscila, se destaca ainda o testemunho e não o proselitismo, porque a Igreja não é e não pode ser feita de poucos. Por isso, o chamado final de Francisco:

¡°Queridos juízes da Rota Romana, o escuro da fé ou o deserto da fé que as decisões de vocês que já há 20 anos denunciam como possível circunstância causal da nulidade do consenso oferecem a mim, como já ao meu predecessor Papa Bento XVI, o motivo de um grave e urgente convite aos filhos da Igreja na época que vivemos, a se sentir todos e individualmente chamados a entregar ao futuro a beleza da família cristã. A Igreja precisa de casais de cônjuges como Áquila e Priscila, que falem e vivam com a autoridade do Batismo, que não consiste em comandar e se fazer ouvir, mas no ser coerentes, testemunhas e, por isso, companheiros de estrada na vida do Senhor.¡±

A Reforma é uma esperança inesperada

Na saudação ao Pontífice, o Decano da Rota, dom Pio Vito Pinto, falou da ¡°dependência fiel e amorosa do Espírito Santo¡± tanto para os trabalhos do dicastério como caracterizante do próprio Pontificado de Francisco, para socorrer a família cristã, que permanece ¡°a coluna evangélica, o próprio coração da Igreja¡±.

Longe de cair no ¡°pessimismo pastoral¡±, o Decano também compartilhou com o Papa a gratidão dos tribunais diocesanos e muitos casais casados manifestada pela ¡°reforma do processo matrimonial¡± que, apesar de inevitáveis dificuldades, tem alcançado os fiéis ¡°como uma esperança inesperada¡±. Além disso, disse que as decisões da Rota Romana tem trabalhado com mais agilidade, oferecendo ¡°solicitude pastoral e rápida resposta¡±.

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25 janeiro 2020, 17:53