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Papa Francisco na JMJ no Panamá Papa Francisco na JMJ no Panamá 

Francisco, 2019: na JMJ do Panamá preparando o futuro da Igreja

Recordamos o essencial da JMJ do Panamá com o Papa. Ali estiveram mais de 600 mil jovens e no final todos ficamos a saber que as próximas Jornadas Mundiais da Juventude vão ter lugar em Portugal

Rui Saraiva – Porto

Foi no final das Jornadas Mundiais da Juventude 2019 a revelação da notícia tão aguardada: a edição das JMJ 2022 será em Portugal. O anúncio oficial foi feito na conclusão da Missa de domingo dia 27 de janeiro no Campo São João Paulo II, no Metro Park, na Cidade do Panamá.

As JMJ do Panamá decorreram há cerca de um ano de 22 a 27 de janeiro de 2019. Foi a 26ª Viagem Internacional de Francisco. Recordamos aqui alguns momentos do Papa com os jovens.

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Jovens, “construtores de pontes”

Foi no Campo de Santa Maria La Antígua na Faixa Costeira da cidade do Panamá que o Papa Francisco foi acolhido na quinta-feira dia 24 de janeiro para a XXXIV edição das Jornadas Mundiais da Juventude.

Centenas de milhares de jovens saudaram o Santo Padre efusivamente e escutaram com grande atenção as suas palavras. A acolher o Papa representantes jovens dos cinco continentes.

Do continente europeu era português o rapaz que acolheu o Santo Padre. Joaquim Goes, o seu nome.

Francisco assinalou que este grande evento de juventude é tempo de encontro na pluralidade para que os jovens sejam “construtores de pontes”. O Papa exortou os jovens a viverem um “sonho comum” que a todos envolve: “um sonho chamado Jesus”:

“A cultura do encontro é apelo e convite a termos a coragem de manter vivo um sonho comum”.

“O sonho, pelo qual Jesus deu a vida na cruz e o Espírito Santo, no dia de Pentecostes, foi derramado e gravado a fogo no coração de cada homem e mulher, no teu e no meu, com a esperança de aí encontrar espaço para crescer e desenvolver-Se. Um sonho chamado Jesus, semeado pelo Pai com a confiança que crescerá e viverá em todo o coração” – disse o Papa.

O Papa recordou as palavras de S. Óscar Romero: “O cristianismo é uma Pessoa que me amou tanto, que reivindica e pede o meu amor. O cristianismo é Cristo”.

Um encontro no amor de Cristo – disse Francisco – “um amor que não se impõe nem esmaga, um amor que não marginaliza nem obriga a estar calado, um amor que não humilha nem subjuga. É o amor do Senhor: amor diário, discreto e respeitador, amor feito de liberdade e para a liberdade, amor que cura e eleva” – declarou o Papa frisando que o amor em Cristo é “serviço” e “doação”.

Na sua intervenção inicial aos jovens reunidos nas Jornadas Mundiais da Juventude, o Papa Francisco recordou o amor com o qual Maria, Mãe de Jesus, disse sim: “Eis a serva do Senhor, faça-se em Mim segundo a tua Palavra”.

Junto da Cruz para acolher e acompanhar quem sofre

Dia 25 de janeiro, Via Sacra dos Jovens com o Papa Francisco nas Jornadas Mundiais da Juventude no Panamá: nas várias estações os jovens refletiram sobre os sofrimentos dos pobres, dos povos indígenas, dos migrantes, dos mártires cristãos, a violência sobre as mulheres, a corrupção, o terrorismo, o aborto. Rezaram pelo ecumenismo, pelos Direitos Humanos, pela defesa do ambiente.

Francisco na sua reflexão começou por assinalar “o caminho de Jesus para o Calvário” como sendo “um caminho de sofrimento e solidão que continua nos nossos dias”. Um sofrimento que continua numa sociedade onde impera a indiferença “que consome e se consome, que ignora e se ignora na dor dos seus irmãos” – disse o Papa.

O Santo Padre reconheceu que também nós, amigos do Senhor, nos deixamos “levar pela apatia” e pelo “imobilismo”, pois “é fácil cair na cultura do bullying, do assédio e da intimidação!”

“Para Vós, Senhor, não é assim! Na cruz, identificastes-Vos com todo o sofrimento, com quem se sente esquecido” – declarou o Papa lembrando o “grito sufocado das crianças impedidas de nascer e de tantas outras a quem se nega o direito a ter uma infância, uma família, uma instrução”.

Francisco lembrou também as “mulheres maltratadas”, os “olhos tristes dos jovens que veem ser arrebatadas as suas esperanças de futuro por falta de instrução e trabalho digno” e aqueles que “caem nas redes de pessoas sem escrúpulos”, os jovens que se deixam absorver “numa espiral de morte por causa da droga, do álcool, da prostituição e do tráfico humano”.

O Santo Padre recordou ainda os que vivem na solidão e os que são rejeitados pela sociedade; os idosos que são “abandonados e descartados”; “os povos nativos despojados das suas terras”; a mãe Terra “ferida nas suas entranhas”.

Uma “sociedade que perdeu a capacidade de chorar e comover-se à vista do sofrimento” – afirmou.

Francisco perguntou-se se somos hoje capazes de consolar e acompanhar quem sofre, permanecendo ao pé da Cruz. A este propósito recordou Maria, Mãe de Jesus, “mulher forte” que disse “sim” que “apoia e acompanha, protege e abraça. É a grande guardiã da esperança” – disse o Santo Padre.

O Papa afirmou que “também nós queremos ser uma Igreja que apoia e acompanha, que sabe dizer: estou aqui, na vida e nas cruzes de tantos cristos que caminham ao nosso lado”.

E com Maria “aprendemos a dizer sim” no apoio a quem precisa na família, não nos calando perante uma “cultura dos maus-tratos” e do “abuso, do descrédito e agressão”. Dizer sim acolhendo os abandonados, os que perderam a sua terra, a família ou o emprego.

“Como Maria, queremos ser Igreja que favoreça uma cultura que saiba acolher, proteger, promover e integrar” – declarou o Papa.

Ide e testemunhai

No dia 27 de janeiro, domingo, no Estádio Rommel Fernández, o Papa Francisco encontrou-se com os voluntários que organizaram e prestaram serviço nas Jornadas Mundiais da Juventude do Panamá.

O Santo Padre ouviu vários testemunhos de jovens que colaboraram ativamente na realização deste grande encontro de juventude. Agradeceu as palavras que lhe foram dirigidas e referiu que após esta experiência das JMJ os jovens que participaram como voluntários já sabem o que significa o que é uma missão e sublinhou como é importante não deixar que “as limitações” e “as fraquezas” nos “bloqueiem e impeçam de viver a missão” a que Deus nos chama.

Francisco assinalou, em particular, a importância da oração na organização de um evento como as JMJ:

“Preparastes cada detalhe com alegria, criatividade e empenho, e com muita oração. Porque, se for rezada, sente-se a realidade em profundidade. A oração dá espessura e vitalidade a tudo o que fazemos. Rezando, descobrimos que fazemos parte duma família maior de quanto possamos ver e imaginar” – afirmou o Papa.

No culminar desta grande experiência de fé, o Santo Padre declarou ser este o momento de enviar os voluntários na missão de testemunhar a todos o que viveram:

“Ide e contai, ide e testemunhai, ide e transmiti o que vistes e ouvistes. Tudo isto, queridos amigos, dai-o a conhecer, não com muitas palavras, mas – como fizestes aqui – com gestos simples do dia-a-dia, aqueles que transformam e fazem novas todas as coisas”.

A próxima Jornada Mundial da Juventude será em Lisboa em 2022 e até lá serão muitos os motivos de notícia e de reflexão que aqui apresentaremos.

Laudetur Iesus Christus

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31 dezembro 2019, 13:57