A gratidão de Francisco e Bento XVI à Comissão Teológica Internacional
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
O primeiro compromisso do Papa Francisco nesta sexta-feira (29/11) foi a audiência aos membros da Comissão Teológica Internacional.
Este ano, a Comissão criada pelo papa São Paulo VI está completando 50 anos, fruto do Concílio Vaticano II. Desde então, foram publicados 29 documentos, dos quais Francisco ressaltou os últimos dois: um sobre a sinodalidade, tema que “me está muito a peito”, disse o Papa. Trata-se de “um estilo, é um caminhar juntos, e é aquilo que o Senhor espera da Igreja no terceiro milênio”. O outro é sobre a liberdade religiosa que, se respeitada, afirmou Francisco, oferece uma grande contribuição ao bem de todos e à paz.
Sobre a missão dos teólogos, o Pontífice recordou que eles são “mediadores entre a fé e as culturas” e participam, assim, da missão essencial da Igreja, isto é, a evangelização.
Os teólogos têm em relação ao Evangelho uma missão geradora: “são chamados a trazer à luz o Evangelho”, “aspectos sempre novos do inesgotável mistério de Cristo”. Cabe aos teólogos também traduzir a fé para o homem de hoje, de modo que cada um possa senti-la mais próxima e sentir-se abraçado pela Igreja.
Depois de 50 anos de intenso trabalho, prosseguiu o Papa, ainda há muito por fazer, porque somente uma teologia bela, que tenha o respiro do Evangelho e não se satisfaça em ser somente funcional, tem capacidade de atração.
Para isso, duas dimensões são fundamentais: a vida espiritual, na oração humilde e constante. “A Teologia nasce e cresce de joelhos!”. E a segunda é a vida eclesial, pois não se faz esta ciência isolados, mas na comunidade, a serviço de todos, “para difundir o sabor do Evangelho aos irmãos e às irmãs do próprio tempo, sempre com doçura e respeito”.
Bento XVI: ocasião de humildade
Também o Papa emérito expressou sua gratidão a este organismo divulgando uma saudação em 22 de outubro.
No texto, Bento XVI recorda com detalhes minuciosos os primórdios da Comissão: o motivo pelo qual foi criada, seus membros e a definição da metodologia a ser adotada para interpretar o Vaticano II.
Ao lado das grandes figuras do Concílio - Henri de Lubac, Yves Congar, Karl Rahner, Jorge Medina Estévez, Philippe Delhaye, Gerard Philips, Carlo Colombo de Milão – integravam a Comissão teólogos que curiosamente não encontraram espaço no Concílio, como Hans Urs von Balthasar.
Entre os temas tratados, Bento XVI citou sobretudo as questões relativas à relação entre o Magistério da Igreja e o ensino da Teologia e o problema da Teologia moral. Porém, uma das maiores contribuições da Comissão é ter dado voz às jovens Igrejas: até que ponto essas são vinculadas à tradição ocidental e até que ponto as outras culturas podem determinar uma nova cultura teológica? Foram sobretudo os teólogos da África e da Índia que levantaram a questão, recordou o Papa emérito.
Este organismo não pôde alcançar uma unidade moral da Teologia e dos teólogos no mundo, mas no que “me diz respeito pessoalmente, o trabalho na Comissão Teológica Internacional me doou a alegria do encontro com outras línguas e formas de pensamento. Sobretudo, porém, foi para mim contínua ocasião de humildade, que vê os limites daquilo que nos é próprio e abre assim o caminho para a Verdade maior”, escreveu Bento XVI.
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