Papa reza no Santuário do Beato Jacques Laval, o "Apóstolo dos negros"
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
Após o almoço na sede do episcopado com o Vigário Geral, o secretário da Conferência Episcopal o chanceler e outros dois bispos da Conferência Episcopal do Oceano Índico, o Papa Francisco saudou o bispo anglicano de Maurício e cerca de 30 pessoas ligadas ao trabalho no Episcopado, dirigindo-se então ao Santuário Père Laval, distante 15 km.
Na entrada da igreja estavam presentes três bispos da Conferência Episcopal do Oceano Índico (CEDOI) e vários religiosos. O Santo Padre recebe flores de uma família que o acolheu e as depôs no túmulo do Beato Laval, onde se deteve alguns momentos em oração silenciosa, sob os olhares de fiéis presentes.
Antes de sair da igreja, Francisco saudou 12 doentes e 20 familiares de toxicodependentes acolhidos na “CASA A”, um centro de acolhida administrado por um diácono permanente e por sua esposa. E antes de deixar o Santuário no papamóvel para o encontro com as autoridades, saudou populares.
O badalar dos sinos da igreja enquanto partia também foram uma demonstração de júbilo e agradecimento pela presença do visitante tão ilustre, justamente no dia em que a Igreja recorda a memória litúrgica do Beato Jacques Laval.
O Santuário
Localizado dentro da Igreja da Santa Cruz, nos arredores de Port Louis, o atual santuário do Beato Laval é de recente construção. De fato, remonta a 2014, ano em que a Igreja em Maurício celebrou o 150º aniversário da morte de Beato Padre Jacques Laval, conhecido como "o Apóstolo dos negros", pois dedicou-se à evangelização dos nativos de Maurício.
A nova estrutura tornou-se necessária pelo constante aumento do número de peregrinos que se reúnem em oração diante do túmulo de Laval, em particular no dia 9 de setembro, memória de sua morte. Atualmente o prédio pode acomodar 250 pessoas, mais que o dobro da estrutura anterior - que remonta a 1870. Além de ter sido restaurado várias vezes, agora está ligado à nova construção por meio de um corredor com colunas.
Uma teca de vidro protege uma representação em cera do Beato, colocada sobre seu túmulo. Ao alto, há um grande crucifixo. Trata-se, de fato, da reprodução da cruz ao lado da qual o padre Laval concordou, pela primeira e única vez, ser fotografado.
Nas paredes circundantes, estão dispostas inúmeras prateleiras onde é possível colocar flores e velas oferecidas pelos peregrinos.
Uma fonte foi colocada no local onde, até há poucos anos, estava o túmulo do Beato que pesa 4,5 tonelada. A reforma do local teve a colaboração financeira também do governo e de outras religiões. Para o projeto da reforma, a Associação dos Arquitetos de Maurício lançou um concurso, vencido pela Sra. Sylvie de Leusse.
O Beato Père Laval
O Beato Jacques-Désiré Laval nasceu na França em 1803 em uma família muito rica que o incentivou a estudar Medicina. Mas logo decide abandonar a profissão médica para tornar-se missionário.
Chega em 1841 na Ilha Maurícia, dedicando-se com entusiasmo à evangelização dos negros que foram, por lei, libertados da escravidão. Durante a epidemia de cólera que atingiu o país em 1854, 1857 e 1862, ele construiu vários hospitais. Abriu escolas primárias, construiu várias capelas para a formação espiritual e promove a integração social da população. Leva uma vida austera: usa o cilício, dorme no chão, pratica o jejum e passa noites inteiras em oração.
Aos 59 anos, fisicamente debilitado, padre Jacques Laval é atingido pela apoplexia. Vem a falecer em 9 de setembro de 1864. 40 mil mauricianos participam de seu funeral. É beatificado por São João Paulo II em 29 de abril de 1979, sendo o primeiro Beato proclamado pelo Pontífice polonês.
A Conferência Episcopal do Oceano Índico
A Conférence épiscopale de l'Océan Indien (CEDOI), reúne os bispos da Diocese de Port Saint-Louis e do Vicariato Apostólico de Rodrigues (Maurício), da Diocese de Saint-Denis-de-La Réunion, da Diocese de Port-Victoria (Ilhas Seychelles) e do Vicariato Apostólico das Ilhas Comores (com jurisdição sobre Mayotte).
Nascida no início dos anos setenta como uma associação informal de bispos, por iniciativa do cardeal Jean Margéot, então bispo de Port Louis, e oficialmente reconhecida pela Santa Sé em 1976 com o nome de Área Pastoral do Sudoeste da Índia, a Cedoi assumiu a atual denominação em 1985. É membro do Secam, o Simpósio de Conferências episcopais da África e de Madagascar. Seu atual presidente é Dom Gilbert Guillaume Marie-Jean Aubry, bispo de Saint-Denis-de-La Réunion, enquanto o vice-presidente é Dom Alain Harel, Vigário Apostólico de Rodrigues.
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