Papa aos sacerdotes: não tenham medo de gastar a vida por amor
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
Foi dessa forma que o Papa Francisco começou se dirigindo os sacerdotes de rito latino e bizantino e religiosos de Skopje, na Catedral do Sagrado Coração de Jesus. No discurso, o último da viagem apostólica de três dias que o levou à Bulgária e terminou nesta terça-feira (7) na Macedônia do Norte, o agradecimento do Pontífice a Deus “pela possibilidade de respirar juntos, a plenos pulmõesâ€. O Papa também fez questão de abordar os testemunhos que ouviu no início do encontro para que não corram o risco de, por serem poucos, “cederem a algum complexo de inferioridadeâ€.
Francisco, então, aprofundou a necessidade de se “fazer as contas na vidaâ€, principalmente quando as mãos e os meios são poucos para tantas obras a sustentar. “Quando isso acontece, parece que o saldo do balanço fica ‘no vermelho’â€, descreveu o Papa, “mas, o ‘fazer as contas’ pode nos levar à tentação de olhar muito para nós próprios e, curvados sobre as nossas realidades e misériasâ€, impedir “de escutar Aquele que caminha ao nosso lado e é fonte de júbilo e alegriaâ€, como, por exemplo:
“[...] famílias que não conseguem continuar, pessoas idosas e sozinhas, doentes forçados a estar na cama, jovens tristes e sem futuro, pobres que nos lembram o que somos, isto é, uma Igreja de mendigos necessitados da Misericórdia do Senhor. Só é lícito ‘fazer as contas’, se isso nos leva a nos tornarmos solidários, atentos, compreensivos e solícitos em nos aproximarmos das fadigas e precariedade em que vivem submersos muitos dos nossos irmãos necessitados de uma Unção que os levante e cure na sua esperança.â€
A história se escreve com exemplos de amor
Normalmente, disse o Pontífice, “cultivamos fantasia sem limites pensando que as coisas seriam diferentes se fôssemos fortes, poderosos e influentesâ€. Mas o segredo pode estar em outro lugar, como apresentado por um dos testemunhos que se “abaixou até à vida diária dos irmãos para compartilhar e ungir com o perfume do Espíritoâ€.
O Papa então buscou novamente a figura e o exemplo de Madre Teresa, filha da Macedônia do Norte, para motivar a “fazer as contas†em nome da solidariedade:
“Quantos foram tranquilizados pela ternura do seu olhar, confortados pelas suas carícias, levantados pela sua esperança e alimentados pela coragem da sua fé, capaz de fazer sentir aos mais abandonados que não estavam abandonados por Deus! A história é escrita por essas pessoas que não têm medo de gastar a sua vida por amor.â€
Muitas vezes gastamos as nossas energias e recursos, reuniões e programações “que não só não entusiasmam ninguém, mas não conseguem sequer levar um pouco daquela fragrância evangélica capaz de confortar e abrir caminhos de esperançaâ€, acrescentou o Papa ao reforçar as palavras de Madre Teresa que disse: “aquilo de que não preciso, me pesaâ€. Então, “deixemos de lado todos os pesos que nos separam da missão e impedem que o perfume da misericórdia alcance o rosto dos nossos irmãosâ€.
As casas com ícones da família de Nazaré
A partir de outro testemunho, “de alegrias e preocupações do ministério e da vida familiarâ€, o Papa descreveu como é “uma casa que abriga no seu interior a presença de Deus, a oração comum e, por conseguinte, a bênção do Senhorâ€. Não a partir de uma família ‘perfeita’ ou imaculada, mas como o “ícone da família de Nazaré, com o seu dia-a-dia feito de fadigas e até de pesadelosâ€, capaz de desenvolver “dimensões importantes, mas tão esquecidas na sociedade desgastada por relações frenéticas e superficiais: as dimensões da ternura, da paciência e da compaixão para com os outrosâ€.
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