Papa Francisco: rabinos e párocos trabalhem juntos pela paz e diálogo nas comunidades
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
O Papa Francisco recebeu nesta quinta-feira (28), na Sala do Consistório, no Vaticano, um grupo seguidor do Cardeal Agostinho Bea que, através de diferentes iniciativas, celebra os 50 anos da sua morte. O cardeal alemão, pioneiro do ecumenismo e do diálogo entre Judaísmo e Catolicismo e um dos pilares do Concílio Vaticano II (1962-1965), faleceu em 16 de novembro de 1968.
No seu discurso, o Pontífice enalteceu “a série de conferências de alto nível†promovida pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Instituto Bíblico e Universidade Hebraica de Jerusalém em memória do Card. Bea para “revisitar esta distinta figura e a sua influência decisiva†no Concílio Vaticano II. Temas como “as relações com o Judaísmo, a unidade dos cristãos, a liberdade de consciência e de religião†ressoam ainda hoje como extremamente atuais, afirmou Francisco.
Seguir o modo de fazer de Card. Bea
O Card. Bea não deve ser lembrado apenas pelo que fez, mas também através do modo que o fez, disse o Papa, um modelo inspirador para o diálogo ecumênico, inter-religioso e também “intrafamiliar†com o hebraísmo. Francisco então citou Nahum Goldmann, presidente do Congresso Mundial Judaico, que descreveu o prelado alemão com três expressões características de quem trabalha na reconciliação dos homens: “compreensivo, cheio de bondade humana e corajosoâ€.
“Em primeiro lugar, a compreensão em relação aos outros. O Card. Bea era convicto que o amor e o respeito são os primeiros princípios do diálogo. Dizia que o ‘respeito nos ensinará inclusive a maneira justa de propor a verdade’. É verdade: não há verdade fora do amor, e o amor se declina em primeiro lugar como capacidade de acolher, abraçar, levar consigo: ‘compreender-se’. O segundo aspecto: a bondade e a humanidade, o saber criar, isto é, vínculos de amizade, relações fundadas na fraternidade que nos irmana enquanto criatura de Deus que é Pai e nos deseja irmãos. Compreensão que aceita o outro, bondade que descobre e cria relações de unidade; tudo isso era reforçado nele – terceiro aspecto – através de um temperamento corajoso.â€
O Concílio Vaticano II e a escola de Bea
O Papa lembrou, então, que o Card. Bea não era nem otimista, nem pessimista, mas realista sobre o futuro da unidade. O prelado precisou enfrentar muitas resistências nesse trabalho para o diálogo: mesmo sendo acusado e caluniado, disse Francisco, seguiu em frente, “com a perseverança de quem não renuncia de amarâ€.
O cardeal dizia: “o Concílio não poderá ser um ponto de chegada, mas, sim, um ponto de partidaâ€, recordou o Papa, ao enaltecer o “frutuoso caminho realizado no diálogo entre hebreus e católicos†depois da escola de Bea. Um percurso que fez a Universidade Gregoriana, através de pedido da Santa Sé, instituir “o projeto mais importante dos estudos judaicos da Igreja Católica (Declaração Conjunta sobre os Estudos Judaicos de 14 de novembro de 2002)â€.
Testemunho do ensino conjunto de hebreus e católicos
O Pontífice parabenizou a escolha “nada fácil†dos alunos de estudar o mundo hebraico, tão rico e complexo. Aos professores, agradeceu pela dedicação e se dirigiu, de modo especial, àqueles docentes hebreus:
Diálogo inter-religioso além da comunidade científica
O Papa então questionou: “como prosseguir o caminho?â€. Até agora o diálogo hebraico-cristão normalmente acontece num ambiente reservado a especialistas, mas “o aprofundamento e o conhecimento específicos†não bastam, alertou Francisco, é preciso percorrer um outro, “mais amplo, aquele da difusão dos frutos para que o diálogo não permaneça privilégio de poucos, mas se torne oportunidade fecunda para muitosâ€. A figura e a obra do Card. Bea pode ser um estímulo na busca da unidade entre os cristãos e na promoção concreta de uma amizade renovada com os irmãos hebreus, enfatizou o Papa.
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