Papa: a fraternidade permanece a promessa não cumprida
Jane Nogara - Cidade do Vaticano
O Papa inicia a Carta falando sobre a comunidade humana e sobre sua criação a partir do sonho de Deus, sublinhando que “no mistério da geração a grande família da humanidade pode reencontrar a si mesma”.
Paixão de Deus pela criatura humana
O Pontífice evidencia também que “devemos restituir importância a esta paixão de Deus pela criatura humana e o seu mundo”, criatura que foi feita por Deus à sua “imagem” – “homem e mulher” criatura espiritual e sensível, consciente e livre. “A relação entre o homem e a mulher é o ponto eminente no qual toda a criação torna-se interlocutora de Deus e testemunha do seu amor”, acrescentou o Papa. Por isso, escreve ainda, no nosso tempo a Igreja é chamada a relançar com força o humanismo da vida que irrompe desta paixão de Deus pela criatura humana.
Bem-estar individual e coletivo
Outro ponto citado pelo Pontífice refere-se à degradação do ser humano e o paradoxo com o progresso. O Papa explica:
Francisco acrescenta depois que se “trata de uma verdadeira cultura – ou melhor anti-cultura – da indiferença pela comunidade: hostil aos homens e às mulheres e aliada à prepotência do dinheiro”.
O Papa se pergunta ainda: como pôde acontecer este paradoxo? No momento que o mundo tem maiores disponibilidades de riquezas econômicas e tecnológicas aparecem nossas divisões mais agressivas e vive-se uma degradação espiritual, – poderíamos dizer niilismo – no qual o mundo é submetido a esse paradoxo.
Uma escuta responsável
“O povo cristão ouvindo o grito de sofrimento dos povos, deve reagir aos espíritos negativos que fomentam divisões, indiferenças e hostilidade” exorta o Papa depois de apresentar o quadro atual da condição humana. Após destacou a necessidade de se inspirar no ato do amor de Deus, Francisco escreve: “A Igreja deve ser a primeira a reencontrar a beleza desta inspiração e fazer a sua parte, com renovado entusiasmo”.
Construir uma fraternidade universal
O Santo Padre sugere que
“Para esta missão há como sinais de encorajamento a ação de Deus nos nossos dias”, continua o Pontífice. Os sinais “devem ser reconhecidos evitando que o horizonte seja obscurado pelos aspectos negativos”.
O futuro da Academia
Falando sobre o futuro da Academia Pontifícia afirmou que, “antes de tudo devemos conhecer a língua e as histórias dos homens e das mulheres do nosso tempo, colocando o anúncio do Evangelho na experiência concreta” – “para colher o sentido da vida humana, a experiência à qual devemos nos referir é a que se pode reconhecer na dinâmica da geração”. O Papa sublinha ainda: “Viver significa necessariamente ser filhos, acolhidos e cuidados, mesmo se algumas vezes de modo inadequado”.
O Pontífice exortou então o trabalho da Pontifícia Academia: “Não tenham medo de elaborar argumentações e linguagens que sejam utilizadas em um diálogo intercultural e interreligioso, assim como interdisciplinar”.
Fraternidade
Francisco conclui reiterando a necessidade de “reconhecer que a fraternidade permanece sendo a promessa não cumprida da modernidade”. “A força da fraternidade, que a adoração de Deus em espírito e verdade gera entre os homens, é a nova fronteira do cristianismo”.
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